1. Identificação do projeto:                

        

1.1.Palestra: O KOAN NAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS AUTORAIS ADULTAS (ou: EXISTE O QUADRINHO NO VAZIO ENTRE DOIS QUADRINHOS?)

     ( Uma abordagem das Histórias em Quadrinhos Autorais como meio de propagação dos ideários e conceitos filosóficos orientais e seu paralelismo com a física).

 

1.1.2 Ementa:

 

            As Histórias em Quadrinhos (HQs), veículos artísticos de comunicação, podem ser comerciais ou autorais e de conteúdo adulto, embora até hoje tenham sido mal interpretadas. Elas podem também, descrever claramente os percalços evolutivos da sociedade humana em todos os setores, principalmente na ciência, refletindo paradigmas ou vaticinando novos conceitos, além de servirem como divulgadoras dos ideários autorais.

            O Koan é uma técnica oriental, um “problema” a ser resolvido: do têrmo japonês ko-an, onde ko é público e an significa documento. Esta técnica é utilizada pelos zen-budistas, e tem paralelo com a física Quântica, a qual a emprega como metáfora para exemplificar suas teorias e novas descobertas, aproximando os questionamentos da ciência ocidental aos conceitos paradoxais da filosofia oriental, como se pode ver no livro O Tao da Física do cientista Fritjof Capra.

            Esta palestra se propõe a apontar as HQs autorais destinadas ao público adulto que contenham o Koan em suas estruturas narrativas, indicando uma possível importância implicada, tanto nestes conceitos, como na propagação dos mesmos pelas HQs, para a evolução científico-social dos seres humanos.

 

 

1.2.carga horária: 02:30.

 

1.3.período de realização: um dia

 

1.4.horário: matutino, vespertino ou noturno

 

1.5.identificação do ministrante

 

1.5.1 nome:

 

Gazy Andraus- doutor pela ECA-USP; mestre em Artes Visuais pela UNESP/SP e arte educador pela FAAP/SP.

 

1.5.2. Endereço (temporário):

 

R. Jacob Emmerick, n. 458/ap. 805, centro, tel. (013) 3468-5944 CEP. 11310-070, São Vicente/SP. e-mail: gazyandraus@yahoo.com

  

1.5.3.documentação

 RG:15958724 SSP/SP.                                                                                         

2.Objetivo(s):

 

1.Principal:

Permitir ao público brasileiro a chance de se deparar com as histórias em quadrinhos filosóficas, e suas incursões pelo pensamento oriental, apreendendo conceitos também da física quântica, apreciando as HQs como objeto ideário de determinado autor, aprendendo a distinguí-las das HQs estritamente comerciais e desprovidas de idéias ou mensagens de caráter fundamentadas na busca intimista do verdadeiro saber.

 

3.Público-alvo:

 

artistas, estudantes em geral, arte-educadores, autores, desenhistas, universitários, pesquisadores, profissionais, ou qualquer pessoa interessada. Idade mínima:14 anos.

 

4.Justificativa:

 

Tanto o grande público como os profissionais da área (desenhistas,roteiristas,editores), bem como os críticos especializados ou não, desconhecem as HQs (Histórias em Quadrinhos), ou Arte-Sequencial (como foram rebatizadas pelo autor norte-americano de HQs adultas, Will Eisner), como veículos de cunho artístico, e também direcionadas ao público adulto, servindo ao propósito de propagar idéias, e acabam por consequência de tal desinformação, subestimando o real valor desta já chamada 9a Arte. Se na literatura e no cinema temos produções de caráter exclusivamente comercial, é verdade que também as temos como obras artísticas (mais apuradas e que requerem uma bagagem cultural maior do usuário).

As histórias em quadrinhos, também carregam várias nomenclaturas, dependendo dos países onde são publicadas: no Brasil são chamadas de HQs, e as revistas que as publicam são alcunhadas de Gibis (gibi é um menino de cor negra. E, talvez a isto atibua-se o fato de se associar estas publicações geralmente à leitura infantil.).

Já na França, chamam-se Bande Dessiné, o que significa literalmente banda desenhada, tal como em Portugal (que também as reconhece como histórias aos quadradinhos).Na Espanha Tebeo, na Itália Fumetti (fumacinha: uma alusão aos balões de fala das personagens), Manga no Japão, Historieta na Argentina e Comics nos EUA.

De acordo com Henrique Magalhães em seu livro O que é fanzine?, publicado pela ed. Brasiliense, o termo que mais se aproxima da verdade é o nosso. Mas ainda cremos que a palavra quadrinhos tem um tom pejorativo, o que enfraquece o conceito real desta 9a Arte.

A questão é que as HQs podem ser comparadas ao cinema  exemplificadamente, tendo duas divisões qualitativas:

- A 1. diz respeito à alusão ao conceito quadrinhos : são histórias feitas para o lazer  infantil

ou juvenil, e até adulto, ou feitas também com intuito educativo ( o qual já tem suscitado muitas críticas, infundadas até, no meio educacional). Comparativamente, lembremo-nos dos desenhos animados, ou filmes comerciais que servem a este intento.

- A 2. divisão tem um aspecto que não tem sido reconhecido devidamente em alguns países (principalmente no maior país da américa do sul, o Brasil), o qual denota um cunho adulto (artístico e/ou filosófico) nas hqs. Pode-se entender melhor isto, comparando-as às produções cinematográficas, das quais reconhecem-se autores (diretores) de posições ideológicas indubitáveis, o qual categoriza as obras filmadas como de arte (de autor).

Expõem-se aqui, então, que as HQs podem ser consideradas em duas distintas categorias: como veículo de expressão objetivamente comercial, como os são, por exemplo, os super-heróis e personagens Disney (mas que portam o perigo da difusão do poder da hegemonia de uma cultura sobre a outra em forma de Hqs aparentemente ingênuas, como poderá ser mostrado no curso), ou como veículo autoral, onde se propaga o ideário e o senso estético e artístico pessoal do autor, independente de laços subordinativos externos a ele, como é o caso de artistas como Will Eisner (EUA), Caza e Moebius (França), Alan Moore (Inglaterra), ou Lourenço Mutarelli e Edgar Franco (Brasil). Estas duas distinções existem e, raramente são percebidas no Brasil.

O mesmo se detecta na literatura (poesias, por exemplo) onde os livros são autorais (o autor é reconhecido e sua obra consumida graças à sua fama), ou na música também com seu segmento comercial (fm) ou autoral (clássicas, instrumentais e até grupos de rock boicotados pelas fms [rádios de frequência modulada] por serem mais "difíceis" de serem escutadas pela grande massa robotizada).

Enfim, as histórias em quadrinhos, ou arte-sequencial, ou ainda literatura da imagem, foram já elevadas ao status de Arte, principalmente na França e Bélgica, países que dispõe de museus destinados a manter o padrão elevado, sempre mantendo exposições permanentes ou temporárias das Artes- Sequenciais, em seus museus e/ou galerias. Deve-se ressaltar que em Angoulême, na França existe o CNBDI: museu inteiramente dedicado aos quadrinhos que realiza anualmente um evento internacional de hqs, além de manter as já mencionadas exposições. Mesmo o MASP no Brasil, na década de 50 realizou a 1. exposição mundial de hqs. Famosos artistas já se enveredarem pelos caminhos desta também chamada 9. arte. Dentre os quais, o pintor espanhol  Goya que chegou a pintar uma sequência de seis quadros a óleo narrando uma luta entre um padre e um bandido: uma autêntica arte sequenciada!  Ainda pode-se mencionar Picasso que quadrinhizou uma viagem sua a Paris, o cineasta Fellini que roteirizou uma hq com Milo Manara, autor italiano de "fumetti", entre outros. Isto sem mencionar a arte religiosa da Idade Média que se utilizava das filacteras (falas escritas que saiam das bocas das figuras pintadas nas paredes das catedrais, caracterizando assim a gênese dos balões de fala atualmente utilizados pelos quadrinhos).

Mas a filosofia também sempre esteve junta das HQs, como no caso dos roteiros do inglês Alan Moore abordando as modernas teorias da ciência, como os fractais e a física quântica, ou da defesa da alimentação vegetariana pelo autor Grant Morrison nas histórias da personagem Homem-Animal, ou ainda as mensagens intimistas/ esotéricas do francês Caza ou dos brasileiros Edgar Franco ou Calazans e ainda no honesto dinossauro de Maurício de Souza: o Horácio, sem falar em outros autores que se utilizam inclusive do humor para abordar aspectos inerentes à natureza filosófica humana, como Mort Walker, criador do Recruta Zero. Até mesmo algumas filosofias não ocidentais, como o zen-budismo e seus Koans se tornaram elementos presentes em muitas HQs de variados autores de diversos países, implícita ou explicitamente, como o inglês Grant Morrisson,  o francês Caza, ou os brasileiros Henry Jaepelt, Antônio Amaral, Edgar Franco, Calazans, e mesmo HQs de minha própria autoria. Os Koans são frases -enigmas, criadas racionalmente, mas que não podem ser resolvidas neste nível. Elas foram criadas por mestres zen-budistas, para que as mentes racionais de seus alunos se calassem, deixando a mente não-racional (a mente cósmica) tornar-se presente. A finalidade é fazer com que o homem transcnda sua tridimensionalidade racional, para uma quadridimensionalidade cósmica. Dois koans famosos são:

“Qual o som que faz uma mão, ao bater das duas?”, ou ainda “Como o seu rosto antes de você ter nascido?”. A Física Quântica, através de representantes como Fritjof Capra, tem tecido paralelos entre as filosofias orientais, e seus koans, com suas descobertas recentes, como o paradoxo do elétron se portar, ora como partícula, ora como onda, numa espécie de koan insolúvel aos cientistas.

 

Enfim, com palestras como estas, acredito estar contribuindo para a divulgação verdadeira das muitas faces das HQs, em especial as criadas por mentes individuais,que corroboram com a linha evolutiva da espécie humana, deixando impressas suas marcas para que outros possam se enriquecer com mais um ponto de vista, com mais uma abordagem, seja na área da arte aliada a imaginação, da pura ou não filosofia,  da crítica social, ou da ciência atual.

 

 

5.Metodologia: 

através de projeção de slides, retrotransparências, além de álbuns, livros e revistas(fanzines inclusos), serão feitas análises de alguns casos de alguns dos principais autores das HQs filosóficas mundiais (muitos destes que abordam temática adulta, e por isto desconhecidos pelo leitor brasileiro).

 

6.Material:

 

(da entidade)-retroprojetor, projetor de slides, aparelho de som estéreo, lousa, giz.

(do aluno)- lápis,caneta, papel branco.                            

                                         

 

7.Cronograma             Conteúdo programático

 

Histórico sucinto das HQs, com a evolução paradigmática científica, ilustrada fasicamente por HQs que espelharam (e espelhem) tais mutações, até chegar à atual era da Física Quântica, e ecumenismo religioso, retratados por algumas HQs de autores como Alan Moore, Grant Morrisson, Caza, Henry Jaepelt, etc.

Explicação de o que é um Koan, e seu paralelo com a ciência atual.

Importância da existência deste tipo de HQs, bem como de AUTORES desta arte, no contexto social e histórico da humanidade, prevendo novos paradigmas.

 

8.Bibliografia principal:

 

ARANHA, M. Lúcia de e M. Helena Pires Martins. Filosofando. Ed. Moderna. Cap 1 a 3. São  

    Paulo,1987.

CALAZANS,Flávio . As histórias em quadrinhos no Brasil: Teoria e prática. Apoio  

     Intercom/UNESP. 1997.

CAPRA, Fritjof. O Tao da Física. Cultrix: São Paulo, 1985.

CHUNG, Tsai Chih. Tao em Quadrinhos. Ed. Ouro: Rio de Janeiro,1995.

DORFMAN, Ariel e Mattelart, Armand. Para ler o Pato Donald. Paz e Terra: Rio de Janeiro, 1980.

EISNER, Will. Quadrinhos e Arte Sequencial. Martins Fontes:São Paulo,1989.

FEIJÓ, Mário. Quadrinhos em ação:um século de história. Ed. Moderna, São Paulo. 1997.

MAGALHÃES, Henrique. O que é fanzine. Ed. Brasiliense, SP.

McCLOUD, Scott. Desvendando os quadrinhos. Makron Books, São Paulo. 1995.

TOBEN, Bob e Wolf, Fred Alan. Espaço-Tempo e Além. Cultrix: São Paulo, !982.

HQs de Alan Moore e Grant Morrisson, além de Caza, Edgar Franco, e outros.

 

OBS:

Todas as despesas, como transporte, estadia e alimentação serão custeadas pelo órgão responsavel do evento.