São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009
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A missão Obama e o Islã
O discurso do presidente Barack Hussein
Obama no Cairo, na quinta-feira, parece o lançamento de uma missão, a de trocar
o choque de civilizações pela confluência delas (no caso, o Ocidente e o islã).
Para quem não lembra, a tese do choque de civilizações foi lançada pelo
cientista político Samuel Huntington (1927-2008), mas tornou-se muito mais do
que uma tese a partir dos atentados de 11 de Setembro de 2001.
Daí em diante, complicou-se o relacionamento entre o islã e o Ocidente, que
Obama descreveu como "séculos de coexistência e cooperação, mas também de
conflito e guerras religiosas".
A islamofobia tornou-se a regra -e não apenas nos Estados Unidos. Era palpável
nas ruas de Londres, por exemplo, após os atentados ao metrô em 2005.
A regeneração desse relacionamento foi explicitada por Obama: "A América e o
islã não são excludentes, e não precisam competir. Ao contrário, eles se
sobrepõem e compartilham princípios comuns -princípios de justiça e progresso,
de tolerância e a dignidade de todos os seres humanos".
Obama lembrou ainda que o islã "pavimentou o caminho para o Renascimento e o
Iluminismo" -façanhas civilizatórias que contrastam com o caráter bárbaro que o
"choque de civilizações" tratou de colar no islamismo.
É claro, como o presidente reconheceu, que um discurso, por brilhante que tenha
sido -e foi-, não muda tudo da noite para o dia.
Resta, só para começar, traduzir em ação prática o inédito reconhecimento, por
um presidente norte-americano, de que os palestinos sofrem "humilhações diárias"
[com a ocupação israelense]. Ou de que há uma "contínua crise humanitária em
Gaza".
O mundo todo terá muito a ganhar se a confluência de civilizações for bem
sucedida.
crossi@uol.com.br
Texto originalmente
publicado, domingo, dia 07 de junho, na Folha de S.Paulo
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Clóvis Rossi atualiza a coluna São Paulo (originalmente publicada na Folha
de S. Paulo) de terça a domingo.
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