GRANDES MESTRES DA POESIA

 

CRUZ E SOUSA

Ilustre desconhecido


Maioria dos moradores de Florianópolis desconhece quem foi Cruz e Sousa e placa de rua com o nome do poeta no Centro de Florianópolis comete equívoco
Um grupo de estudantes do Instituto Estadual de Educação (IEE), Centro de Florianópolis, conversa animadamente num intervalo entre as aulas. Eles estão na 8ª série e, questionados sobre Cruz e Sousa, têm reações diferentes. Um responde brincando, a outra sorri envergonhada e quem leva a questão a sério se limita a dizer que "foi um poeta", sem maiores informações sobre as obras ou outros dados biográficos.
Trata-se de uma realidade: Cruz e Sousa é um ilustre desconhecido para a maioria dos habitantes da cidade em que ele nasceu. Boa parte da culpa cabe às escolas. Na avaliação da escritora Eglê Malheiros, o problema é mais amplo - "a poesia está inteiramente ausente da escola", constata. Para ela, "o centenário da morte de Cruz e Sousa é uma grande oportunidade para começar a transformar essa realidade, com um autor local que abordou temas universais".
Eglê organizou uma seleção paradidática sobre Cruz e Sousa, que deve ser impressa ainda no primeiro semestre com tiragem de 5 mil exemplares. Além de abordar a biografia e a obra do poeta, o livro traz um roteiro de leitura dirigido aos professores. "É uma contribuição à tarefa de chamar a atenção dos jovens para a poesia", avalia a escritora.
No ano do centenário da morte de Cruz e Sousa, esperava-se que o vestibular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) abordasse o assunto com destaque. Mas, ao contrário, o concurso mal tocou no nome de um dos mais importantes poetas brasileiros. Ele foi citado em duas questões da prova de língua portuguesa e literatura brasileira, mas em ambas não passou de um mero "figurante".
Apesar do pouco destaque para Cruz e Sousa, as duas citações na mesma prova já representaram um avanço. Nos dez anos anteriores, o poeta catarinense havia sido lembrado em apenas quatro ocasiões - 1997, 93, 91 e 89.


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