Saudade

Ela não fala, mas se falasse de certo dir-te-ia o que tua 

ausência faz a um sofrido coração há muito em agonia. 

Se meus pensamentos pudessem ser transmitidos por telepatia

certamente compreenderias esta saudade muda, nigérrima 

e sulfurosa que me causa crescente empatia.

O ímpeto de discar teu número vez por outra me assalta, 

mas o receio de não te encontrar e talvez constranger-te 

com minhas súplicas travam-me os movimentos pela obliteração 

de meu cérebro que nublam os pensamentos, deixam-me sofrido, 

cada vez mais só, amaríssimo e muito saudoso.

Não te ligo e não me ligas! Amargo esta sobeja ansiedade

de ouvir-te sem queixumes, pois sei não me podes impedir

na crueldade que te falta perceber, de pensar em teu corpo

como extensão de meu ser e complemento de minha paz.

Tampouco podes evitar o desabafo destas linhas que me

prostram na penumbra e em transe quando passo a escrever

sobre uma dor que felizmente não podes sentir: Saudade!

Wilson M. Pereira

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