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TURISMO
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Sua formação
O início do povoamento que mais tarde daria origem ao bairro rural Campinas do Mato Grosso na primeira metade do século XVIII teve como elementos principais um complexo número de fatores naturais como o relevo suave da região, a mata densa da época que oferecia possibilidade da caça e alimentação, uma rede hídrica significativa, um clima saudável e a fertilidade do solo que contribuiu para o adensamento local. Além de Campinas, muitas outras cidades surgiram às margens dos Caminhos em direção às minas de Mato Grosso e Goiás. O movimento das bandeiras e as expedições em busca de ouro, saindo de São Paulo, deram origens à cidade de Campinas, de acordo com alguns historiadores. No início a população era formada por gente vinda do Vale do Paraíba, da região de Itu e de São Paulo. Foi através da abertura do Caminho de Goiases, que a região campineira se revelou àqueles que desejavam fixar em algum lugar para se dedicarem ao cultivo do solo. Oficialmente, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso foi criada em 14 de julho de 1774, a partir de três campinhos ou clareiras abertas na densa vegetação que cobria toda a região na época, e serviam de descanso para os tropeiros que se dirigiam para o interior de São Paulo na busca de Minas de Ouro. O primeiro campinho se localizava no final da atual Avenida Moraes Sales, quando cruza com as avenidas José de Sousa Campos (Norte-Sul) e Princesa DOeste. O local corresponde ao espaço sob o viaduto SP (Laurão). De acordo com as novas pesquisas sobre a fundação de
Campinas, o local exato do primeiro campinho usado como pouso de tropeiros corresponderia
à área onde está o estádio do Guarani. Esta é outra conclusão dos estudos realizados
pelo arquiteto e atual prefeito da cidade Antônio da Costa Santos, para sua tese de
doutorado. Um desses viajantes é Alfredo José Peixoto da Silva Braga, que participou da bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, responsável pela abertura do Caminho de Goiás entre 1720 e 1725. Sem contar os relatos do francês Auguste de Saint-Hilaire e do engenheiro militar Luís DAlencourt, que estiveram em períodos diferentes na região, em 1818. As viagens de Dom Pedro II à Campinas, as descrições de Augusto Emílio Zaluar das fazendas de café em 1860 e do suíço João Ago Von Tschudi sobre as condições dos migrantes suíços na região, são alguns viajantes que deixaram suas impressões da cidade. Segundo os registros dos documentos utilizados na reconstituição do Caminho de Goiás a povoação da cidade começou no local onde hoje está o estádio do Guarani. Tropeiros Tropeiro, segundo a definição do dicionário Aurélio, significa condutor de tropa; arrieiro; condutor de bestas de carga. Os tropeiros vindos de São Paulo e Jundiaí chegavam pelo Proença e seguiam pela Coronel Quirino para se encontrar com os que vinham de Sorocaba no Largo Santa Cruz. Daí chegavam à atual Orosimbo Maia, ao bairro Taquaral e de lá seguiam para Mogi Mirim. O caminho de Goiás passava dentro do núcleo urbano e não pelas margens da cidade, como imaginavam os historiadores. Uma nova pesquisa sobre os bairros Cambuí e Vila Industrial feita pelos pesquisadores do Centro de Memória da Unicamp revelou outra visão da Campinas do final do séc. XVIII.
A origem do povoamento de Campinas começou com a abertura da estrada para o sertão das minas de Goiás e Mato Grosso, o famoso Caminho de Goiases feito pelos paulistanos do Planalto de Piratininga. O povoamento efetivo se iniciou com a concessão de sesmarias e de acordo com os documentos históricos da cidade, a primeira delas, em território campineiro, coube a Antônio da Cunha Abreu, que foi feita em 17 de maio de 1728 e a confirmação em 15 de novembro de 1732, quando se estabelecia aqui João Bueno da Silva, sobrinho do Anhanguera . Lentamente o bairro rural de Campinas de Mato Grosso foi se formando e muitos paulistas, com a decadência da mineração, trataram de garantir seu espaço já que a agricultura estava em ascensão. Mas isso não quer dizer que os paulistas não se preocupavam mais com a extração de minério, muito pelo contrário, tanto preocupavam que no ano seguinte à posse de Rodrigo César de Menezes no governo da Capitania de São Paulo, em 1721, Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como o 2.o Anhanguera partiu para Goiás com a intenção de descobrir jazidas no Planalto Central sob ordens do governador. Bartolomeu Bueno da Silva, quando tinha 12 anos, esteve nessa região com o seu pai, o Anhanguera. Luis Pedroso de Barros que se encarregou da abertura da estrada, conhecido como Caminho de Goiás, cumpriu sua missão porque esse caminho passava pela atual estrada de ferro Mogiana. Mais tarde, Pedroso de Barros seguiu a expedição do coronel Manuel Pedro Drago, durante a Guerra do Paraguai. A outra versão da história relata que o início do povoamento na cidade começou a partir da chegada de Francisco Barreto Leme, vindo de Taubaté entre 1739 e 1744 com sua família e conterrâneos. Um recenseamento feito em 1767, à pedido do então governador da Capitania de São Paulo, Morgado de Mateus, revelou que havia no bairro rural de Campinas do Mato Grosso 265 habitantes, incluindo os moradores da Rocinha (hoje Vinhedo) Os estudiosos consideram que a Rocinha não pertencia ao bairro rural. Sendo assim, havia 185 moradores, sendo 113 maiores de 10 anos e 72 na faixa de 10 ou menos. Todos os habitantes do bairro campineiro eram parentes entre si e vinham de poucas vilas às margens da Capitania e a maioria de cor branca. A concessão de sesmarias em Campinas do Mato Grosso foi autorizada pelo rei de Portugal Dom José I e quem intermediou essa decisão do governador da capitania de São Paulo, Morgado de Mateus.
Embora se considere o adjetivo campineiro uma anomalia gramatical, como brasileiro e mineiro, o nome já está consagrado, pois designa quem nasce em Campinas. O termo campinense está ligado à cidade paraibana de Campina Grande. Alguns alegaram que o termo campineiro é plebeu ou rude por denominar trabalhador do campo. Mas adotar o erudito campinense não havia possibilidade, pois seria tomar tradições que pertence legitimamente à cidade da Paraíba. Benedito Barbosa Pupo
Em 3 de julho de 1722, Bartolomeu Bueno da Silva, o segundo Anhanguera sai da cidade de São Paulo em companhia de uma tropa com 39 cavalos, dois religiosos bentos (Frei Antonio da Conceição e Frei Luís de Santana) e um franciscano (Frei Cosme de Santo André) 152 armas e 20 índios que o governador da Capitania de São Paulo Rodrigo César ordenou que rumassem a mais uma expedição em busca de minérios, principalmente ouro. Dos brancos, quase todos eram filhos de Portugal, um era da Bahia, 5 ou 6 paulistas com seus índios negros e toda a sua tropa, conforme descreveu José Peixoto da Silva Braga, um dos integrantes, ao padre Diogo Soares. De acordo com a carta de Silva Braga, foram gastos quatro dias para atravessar a densa mata, como mostra esse trecho da carta: "Passado o rio Theate ou Tietê fomos pousar neste dia junto ao mato de Jundiaí, quatro léguas distantes da cidade de São Paulo. Na marcha seguinte entramos no Mato e gastamos nele quatro dias".
Início do século XVIII. Os Bandeirantes paulistas perdem a Gerra dos Emboabas, uma luta pela exclusividade de exploração das jazidas de Minas Gerais e praticamente foram expulsos das terras mineiras. Conclusão: os Bandeirantes não encheram mais as suas bolsas com o ouro mineiros, mas sempre pioneiros, tem todo Brasil para explorar, em especial os promissores sertões dos guaiases ou Goiases. Sob ordens do governador da Capitania de São Paulo, Rodrigo Cézar de Menezes, o Bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera II, que na infância, junto com o pai, perambulou por aquele novo Eldorado, organizou a bandeira com o objetivo de explorar Goiás. Para facilitar a longa caminhada do Anhanguera até as margens do Rio Grande, onde hoje se encontra a fronteira com o Triângulo Mineiro, era necessário abrir caminho pelo interior da densa mata que cobria São Paulo. Essa tarefa ficou com o sertanista Luis Pedroso de Barros, um foragido que entrou em conflito com o governo colonial e por isso, vivia escondido na floresta. Na realiade, Pedroso de Barros apenas se ofereceu para abrir caminho porque era oportunista e em troca pediu perdão, uma condecoração da Ordem de Cristo e uma pensão vitalícia. O chamado Caminho de Goiases começava em Jundiaí e seguia em direção à outra antiga povoação, Mogi-Guaçu, atravessando uma paragem conhecida pelos jundiaienses como bairro de Mato Grosso (Campinas), local onde se abriria três clareiras ou campinhos na mata. Esses campinhos serviam de pouso, tanto para o Anhanguera como para outros aventureiros e tropeiros, que passaram a comercializar gêneros com os poucos habitantes dos "Goiases" e da Capitania de São Paulo. Muitos deixavam à Capitania para fugir das freqüentes epidemias de varíola e se estabeleciam ao longo dos caminhos abertos na vegetação. O movimento das Bandeiras e as expedições em busca de ouro, saindo de São Paulo, segundo a tradição, deu origem à cidade de Campinas. No início, a população era formada por gente vinda do Vale do Paraíba, da região de Itu e de São Paulo.
"A cidade é um museu de coisas que sempre soube, mas nunca vi" Biquini Cavadão O monumento que lembra a fundação da cidade de Campinas está esquecido, perdido num ponto específico da área central. Poucos sabem da existência do símbolo que foi e é palco de tantas histórias, cada uma a seu tempo. Como se não bastasse estar localizado em local errado, na Praça Guilherme de Almeida, diante do Palácio da Justiça, hoje, é alvo de pichações, cartazes com ofertas de emprego e ponto de encontro dos desempregados da cidade e da região. Na realidade, monumento deveria estar na Praça Antônio Pompeu, em frente ao Largo do Carmo onde foi instalado o monumento-túmulo de Carlos Gomes. Ali foi construída a primeira capela da cidade, então bairro e também rezada a primeira missa em homenagem à fundação da cidade que após a celebração se tornou a Freguesia de N. S. das Campinas de Mato Grosso. O erro de localização fica mais evidente, considerando que o monumento dos fundadores é o símbolo concreto da história oficial, juntamente com os de seus colaboradores, mas não há qualquer menção a Luís de Souza Botelho Mourão, Morgado de Mateus, que teve papel fundamental no processo de fundação de Campinas. A única referência ao Morgado de Mateus na cidade é a Rua Dom Luís Antônio de Souza, no jardim Proença, bairro onde esteve localizado o primeiro pouso de tropeiros da Campinas do Mato Grosso, no campinho onde hoje está o estádio do Guarani Futebol Clube. O próprio bairro Proença, urbanizado à partir do loteamento da Chácara Paraíso onde passava o Caminho de Goiases, resta pouco do passado original. A única construção que lembra o momento da fundação de Campinas é a casa onde morava o proprietário da chácara, Joaquim José de Carvalho, e onde reside o atual prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos. Já a Avenida José de Sousa Campos (Norte Sul), o asfalto esconde o córrego Proença que servia de percurso para o caminho de Goiases, estrada que determinou a criação da cidade. Mas a estrada que dava acesso ao caminho está desfigurada. Depois de passar pelo bairro Jardim Tamoio, o roteiro do antigo trajeto é engolido por uma mar de edifícios no Jardim Proença. Os marcos de tão aclamado progresso de Campinas representam o gradativo aniquilamento da memória da cidade. |