semos aumento de ordenado.
Rebolo. Essa bancarrota é
suposta e fingida como todos sabemos; logo, porque se não
há de adotar o meu projeto?
Tiple. Respeito muito as luzes do
ilustre sócio; mas, presentemente, essa medida é
impolítica, é indecorosa, e seria um belo pratinho
para os nossos inimigos. Diriam que assim que nos pilhamos em
maioria, logo tratamos de aumentar o salário.
Rebolo. E que nos importa isso?
Srs., aproveitemos a ocasião; venha dinheiro e mais dinheiro;
e também declaro que se não aumentardes o salário,
eu aqui mais não ponho os pés. Não estou
para me amofinar por 4$000 réis.
Tiple. Srs., eu vou
tocar em um assunto que deve merecer toda a vossa atenção.
Vou falar sobre o atentado de 10 de Dezembro. O sagrado recinto
das nossas sessões foi poluído neste infausto dia
por uma horda de canibais. Aqui se reuniu tumultuariamente um tumulto
de gente armada sobre o frívolo pretexto de salvar a vida
do Presidente da Província; mas o fim principal era demitir
vários Oficiais Permanentes que, por serem patriotas honrados,
não serviam ao Governo atual. Assim consumou-se a iniquidade.
Tal procedimento não deve ficar impune. Requeiro portanto
que ser peçam ao Governo informações seguintes:
primeira, se foi em conseqüência desse tumultuário
ajuntamento que se de-
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mitiram aqueles Oficiais; segunda, que
número de homens se reuniu neste Palácio; terceira,
se haviam entre eles algumas mulheres; quarta se os homens eram
brancos, pardos ou pretos; quinta, se vieram vestidos de casaca,
farda, ou capote.
Imparcial. Fiz tenção
de falar sempre com franqueza embora desagrade a alguns Srs. Mas
o que quer dizer este requerimento do Sr. Tiple? Acaso se pode
negar ao Presidente o direito de demitir livremente os Oficiais
que não forem da sua confiança? Que artigo de lei
infringiu o Presidente nessas demissões? Srs.! Sejamos
mais circunspecto. Mesmo quando esses Oficiais tivessem algum
merecimento (o que duvido), todavia tornaram-se hostis ao Governo,
afixaram proclamações incendiárias, quebraram
as vidraças do Palácio, e finalmente, mostraram-se
indignos de confiança. Como pois deveria ainda o Presidente
conservá-los? Como deixá-los continuar nos insultos
e maroteiras?
Macaco. Mas eles tinham a confiança
pública; não precisavam da confiança individual
do Presidente.
Imparcial. Isso é um miserável
sofisma.
Muitas vozes. À ordem,
à ordem.
Rebolo. O Sr. Imparcial não
deve assistir às nossas discussões.
Jóia. Deve ser expelido para
sempre.
Rebolo. Quem pode tolerar este
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