CLUBE DOS ANARQUISTAS - Padre Justiniano da Cunha Pereira - Barbacena - 1838

 

 

 

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semos aumento de ordenado.

Rebolo. Essa bancarrota é suposta e fingida como todos sabemos; logo, porque se não há de adotar o meu projeto?

Tiple. Respeito muito as luzes do ilustre sócio; mas, presentemente, essa medida é impolítica, é indecorosa, e seria um belo pratinho para os nossos inimigos. Diriam que assim que nos pilhamos em maioria, logo tratamos de aumentar o salário.

Rebolo. E que nos importa isso? Srs., aproveitemos a ocasião; venha dinheiro e mais dinheiro; e também declaro que se não aumentardes o salário, eu aqui mais não ponho os pés. Não estou para me amofinar por 4$000 réis.

Tiple. Srs., eu vou tocar em um assunto que deve merecer toda a vossa atenção. Vou falar sobre o atentado de 10 de Dezembro. O sagrado recinto das nossas sessões foi poluído neste infausto dia por uma horda de canibais. Aqui se reuniu tumultuariamente um tumulto de gente armada sobre o frívolo pretexto de salvar a vida do Presidente da Província; mas o fim principal era demitir vários Oficiais Permanentes que, por serem patriotas honrados, não serviam ao Governo atual. Assim consumou-se a iniquidade. Tal procedimento não deve ficar impune. Requeiro portanto que ser peçam ao Governo informações seguintes: primeira, se foi em conseqüência desse tumultuário ajuntamento que se de-

mitiram aqueles Oficiais; segunda, que número de homens se reuniu neste Palácio; terceira, se haviam entre eles algumas mulheres; quarta se os homens eram brancos, pardos ou pretos; quinta, se vieram vestidos de casaca, farda, ou capote.

Imparcial. Fiz tenção de falar sempre com franqueza embora desagrade a alguns Srs. Mas o que quer dizer este requerimento do Sr. Tiple? Acaso se pode negar ao Presidente o direito de demitir livremente os Oficiais que não forem da sua confiança? Que artigo de lei infringiu o Presidente nessas demissões? Srs.! Sejamos mais circunspecto. Mesmo quando esses Oficiais tivessem algum merecimento (o que duvido), todavia tornaram-se hostis ao Governo, afixaram proclamações incendiárias, quebraram as vidraças do Palácio, e finalmente, mostraram-se indignos de confiança. Como pois deveria ainda o Presidente conservá-los? Como deixá-los continuar nos insultos e maroteiras?

Macaco. Mas eles tinham a confiança pública; não precisavam da confiança individual do Presidente.

Imparcial. Isso é um miserável sofisma.

Muitas vozes. À ordem, à ordem.

Rebolo. O Sr. Imparcial não deve assistir às nossas discussões.

Jóia. Deve ser expelido para sempre.

Rebolo. Quem pode tolerar este