O Melhor São Paulo de Todos os Tempos
UMA RELAÇÃO FRATERNA , QUASE PATERNAL ,
LIGA O SÃO PAULO A SEUS ÍDOLOS , MOSTRANDO
A PAIXÃO RECÍPROCA QUE FAZ DE CADA ELEITO
UM CRAQUE ETERNO.
O atacante Müller acabava de embolsar 1,7 milhão de
dólares , relativos aos 30% de sua venda para o Everton da
Inglaterra em setembro de 1994 , e já fazia planos para o
futuro . "Na volta da Europa , retornarei ao São Paulo" ,
prometia sem esconder a empolgação . A negociação acabou
não vingando pôr desentendimentos entre o jogador e o
clube Inglês. Apesar dos transtornos causados pelo episódio,
Müller foi recebido de volta de braços abertos pelo tricolor.
Mantinha-se assim uma tradição de parceria fraterna, quase
paterna, que sempre caracterizou a relação do clube com
seus atletas e que pode ser comprovada nos depoimentos de
Poy, Cafu, Mauro, Roberto Dias e Noronha; Bauer, Pedro
Rocha e Gérson; Müller; Leônidas e Canhoteiro, os craques
eleitos para integrar o time dos sonhos são-paulinos. Em
1994 a revista Placar realizou uma pesquisa com são-
paulinos ilustres, dirigentes e jornalistas. O São Paulo
eterno, ou a seleção do São Paulo... o melhor time entre
todos os jogadores que passaram pelo clube, independente
da época em que atuaram. Um time perfeito, como todos os
torcedores são-paulinos sonham, e de uma forma ou de outra
já tiveram.
São Paulo é assim: pai pronto a acolher o filho pródigo. Ë
verdade que Müller mantém uma relação mais vibrante do
que os demais. Verdadeiro pé-de-coelho, em nove anos,
ajudou a trazer treze troféus para o Morumbi e virou o
recordista de títulos do clube. Não foi o único, porém, a
oferecer devoção. "Eu assinava contratos em branco", conta
o quarto-zagueiro Roberto Dias. "Uma medalha para mim
valia mais do que um milhão de dólares". Originalmente
volante, Dias passou a jogar na quarta-zaga numa partida
contra o Santos, em 1963, com a missão de anular Pelé. Dias
demoliu as ações do Rei e ainda anotou os dois gols do
empate em 2 x 2. "Depois, recebi várias propostas, mas
sempre preferi ficar no São Paulo".
O nascimento dessa cumplicidade entre o São Paulo e seus
atletas data dos anos 40. Na época, era Bauer quem assinava
contratos em branco. "Só descobri o que eram luvas em
1952 através de colegas do Palmeiras e do Corinthians",
conta. Ao subir para o time principal , Bauer encontrou-se
com Noronha, formando uma das linhas médias mais
famosas - Rui completava o trio. A contratação de Noronha
em 1942 representava o fim de um namoro que vinha dos
anos 30, quando o lateral jogava no Grêmio. Com Bauer,
viveu decepções, como a perda do tri paulista para o
Palmeiras, em 1950. "Anularam um gol que nos daria o
título", queixa-se Noronha. Bauer avaliza: "Fomos
roubados. Tanto que o juiz Omar Bradley até foi pular
carnaval no Palmeiras".