A GRANDE SÍNTESE - TÓPICOS PRINCIPAIS

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  A  LEI

 

                A Lei. Eis a idéia central do Universo, o sopro divino que o anima, governa e movimenta, tal como vossa alma, pequena centelha dessa grande luz, governa vosso corpo. O universo de matéria estelar que vedes, é como a casca, a manifestação externa, o corpo daquele princípio que reside no âmago, no centro.

                Vossa ciência, que observa e experimenta, permanece na superfície e procura encontrar esse princípio através de suas manifestações. As poucas verdades particulares que aprendeu, são apenas farrapos mal remendados da grande Lei. A ciência observa, supõe um princípio secundário, deduz uma hipótese, trabalha sobre ela, esperando uma confirmação da experiência, e daí conclui uma teoria. Mas vislumbrou somente pequena ramificação derradeira do conceito central, porque este defenderá com o mistério até que o homem seja menos malvado, menos propenso a fazer mau uso do saber e mais digno de olhar na face as coisas santas. Falo-vos de coisas eternas e não vos choque esta linguagem, para vós anti­científica; ela se mantém fora da psicologia que vosso atual mo­mento histórico vos proporciona. Minha ciência não é como a vossa, ciência agnóstica, impotente para concluir; nem é ciência de um dia. Lembrai-vos de que a verdadeira ciência toca e mergulha nos braços do mistério: sagrado, santo e divino. A verdadeira ciência é religião e prece, só pode ser verdadeira se também for fé de apóstolo e heroísmo de mártir.

                A Lei é Deus. Ele é a grande alma que está no centro do universo. Não centro espacial, mas centro de irradiação e de atração. Desse centro, Ele irradia e atrai, pois Ele é tudo: o princípio e suas manifestações. Eis como Ele pode — coisa inconcebível para vós — ser realmente onipresente.

                É necessário esclarecer este conceito. Chegou o momento de retomar a idéia de que partimos, dos três aspectos do universo, para aprofundá-la.

                A esses três aspectos correspondem três modos de ser do universo.

                A estrutura ou forma, o movimento ou vir-a-ser, o princípio ou lei, podem também denominar-se:

                Matéria        >>       Energia       >>        Espírito

                ou também, movendo-se no sentido inverso:

                Pensamento   >>      Vontade     >>   Ação.

              Do primeiro modo de ser, que é:

                Espírito     >>        Pensamento    >>      Princípio ou Lei 

             deriva o segundo, que é:

                Energia     >>         Vontade Movimento ou vir-a-ser

            e do segundo, o terceiro que é:

                Matéria     >>          Ação       >>           Estrutura ou forma.

 

                Esses três modos de ser estão coligados por relações de derivação recíproca. Para tornar mais simples a exposição, reduziremos esses conceitos a símbolos. A idéia pura, o primeiro modo de ser do uni­verso, a que chamaremos espírito, pensamento, Lei, que representaremos com a letra a (alfa); condensa-se e se materializa, revestindo-se com a forma de vontade, concentrando-se em energia, exteriorizando-se no movimento, segundo modo de ser que representaremos com a letra b (beta); num terceiro tempo, passamos (em virtude de mais profunda materialização ou condensação, ou exteriorização), ao modo de ser que denominamos matéria, ação, forma, isto é, o mundo de vossa realidade exterior, representaremos com a letra g (gama).

                O universo resulta constituído por uma grande onda que, de a, o espírito, (puro pensamento, a Lei que é Deus) caminha para um devenir  contínuo, movimento feito de energia e vontade (b) para atingir seu último termo, g, a matéria, a forma. Dando ao sinal ® o sentido de “vai para”, poderemos dizer: a®b®g.

                O espírito, a, é o princípio, o ponto de partida dessa onda; g, a matéria, é o ponto de chegada. Mas compreendereis, qualquer movimento, se ampliado constante­mente numa só direção, deslocaria todo o universo (em sentido lato, não apenas espacial), com acúmulos de um lado e vazios, de outro, proporcionais e definitivos. Então é necessário, para manter o equilíbrio, que a grande onda de ida seja compensada por outra onda equivalente de volta. Isso é também lógico e se realiza em virtude de uma lei de complementaridade, pela qual cada unidade é metade de outra unidade mais completa. O movimento que existe no universo não é jamais um deslocamento unilateral, efetivo e definitivo, mas é a metade de um ciclo que retorna ao ponto de partida, após haver cumprido  determinado devenir, uma vibração de ida e volta, completa em sua contraparte inversa e complementar.

                A esse movimento descêntrico que vimos, a expansão e a exteriorização, a®b®g, segue-se então um movimento concêntrico inverso: g®b®a. Há , pois, o movi­mento inverso, pelo qual a matéria se desmaterializa, desagrega-se e expande-se em forma de energia, vontade, movi­mento; é um tornar-se, que por meio das experiências de infinitas vidas, reconstrói a consciência ou espírito. Aqui, o ponto de partida é g, a matéria, e o ponto de chegada é a, o espírito. Assim, a espiral, que antes era aberta, agora se fecha; a pulsação de regresso completa o ciclo iniciado pelo de ida.

                Este é o conceito central do funcionamento orgânico do universo. A primeira onda refere-se à criação, à origem da matéria, à condensação das nebulosas, à formação dos sistemas planetários, do vosso sol, do vosso planeta, até à condensação máxima. A segunda onda, de regresso, é a que vos interessa e viveis agora, re­fere-se à evolução da matéria até às formas orgânicas, à origem da vida; com a vida, tem-se a conquista de uma consciência cada vez mais ampla, até a visão do Absoluto. É a fase de regresso da matéria que, por meio da ação, da luta, da dor, reencontra o espírito e volta à idéia pura, despojando-se, pouco a pouco, de todas as cascas da forma.

                Estas simples indicações já esboçam a solução de muitos problemas científicos, como o da constituição da matéria, ou como o da possibilidade de, por desagregação, extrair dela, como de imenso reservatório, a energia, que não seria  senão a passagem de g®b. A energia atômica que procurais, existe, e a encontrareis6.

                Estes apontamentos projetam a solução de muitos complexos problemas morais. Diante da grande caminhada que seguis está escrita a palavra evolução e a ciência não pôde deixar de vê-la, mas apenas a vislumbrou nas formas orgânicas e não em toda sua imensa vastidão. Vosso ciclo poderia definir-se como um físio-dínamo-psiquismo. A fórmula é g®b®a.

   

A GRANDE EQUAÇÃO DA SUBSTÂNCIA

  

                Os dois movimentos a®b®g e g®b®a coexistem, portanto, continuamente, no universo, em um contínuo equilíbrio de compensação. Evolução e involução. A condensação das nebulosas e a desagregação atômica são nascimento e morte numa direção, morte e nascimento em outra. Nada se cria, nada se destrói, mas tudo se trans­forma. O princípio é igual ao fim.

                Querendo exprimir essa coexistência, poderemos reunir as fórmulas dos dois movimentos, semiciclos complementares, numa fórmula única que representa o ciclo completo: 

                 Mas definamos, ainda melhor, o conceito orgânico do uni­verso, não mais considerando-o em seu aspecto dinâmico de movimento, mas em seu aspecto estático, no qual, mais que o transformismo dos três termos, ressalta sua equivalência. Em seu aspecto estático, as fórmulas tornam-se uma só fórmula, que denominaremos a “Grande Equação da Substância”, ou seja: 

(a == b == g) == w

                 A letra w (ômega) representa o universo, o todo.

                Este é o conceito mais completo de Deus, ao qual só agora chegamos: a grande Alma do universo, centro de irradiação e de atração; Aquele que é tudo, o Princípio e suas manifestações. Eis o novo monismo que sucede ao politeísmo e ao monoteísmo das eras passadas.

                Chamei àquela fórmula, a grande equação da substância, porque exprime as várias formas que a substância assume, embora sempre permanecendo idêntica a si mesma. Poderemos exprimir melhor o conceito com uma irradiação tríplice: 

                 Dessas expressões ressalta um fato capital. Sendo a,b,g, três modos de ser de w, este se encontra em todos os termos, inteiro, completo, perfeito, total, em todos os momentos. Tal é w em qual­quer de seus modos de existência, assim o reencontraremos sempre em todo o seu infinito devenir.

                Assim, a equação da substância sintetiza o conceito da Trindade, isto é, da Divindade una e trina, que já vos foi revelado sob o véu do mistério, e encontrais nas religiões.

                A Lei, de que falamos, é o pensamento da Divindade, seu modo de ser como Espírito. O pensamento, concomitantemente vontade de ação, energia que realiza, tornar-se que cria, constitui seu segundo modo de ser, onde a criação se manifesta, nascendo daquilo a que chamais nada. Uma forma de matéria em ação é seu terceiro modo de ser; é a criação que existe, o universo físico que vedes. Três mo­dos de ser distintos e, no entanto, identicamente os mesmos.

                Assim w é o Todo, no particular e no conjunto, no átimo e na eternidade: em seu aspecto dinâmico é tornar-se, eterno no tempo, de  a ®g e de g ®a,  sem princípio nem fim; mas o tornar-se volta sobre si mesmo, é imobilidade, em que  (a == b == g) == w. Ele é o relativo e o absoluto, é o finito em que se pulveriza o infinito, o infinito  em que o finito se recompõe; é abstrato e concreto, é dinâmico e está­tico, é análise e síntese, é tudo.

                A imensa respiração de  w: a ®b ®g ®b ®a... etc., também poderia representar-se com um triângulo, ou seja, como uma realidade fechada em três aspectos: 

                 Quando vossa ciência observa os fenômenos da criação, apenas tenta descobrir novo artigo da Lei; mas em qualquer lugar encontrou e encontrará, coexistindo, os três modos de ser de w. A cada novo pensamento revelado, a ciência realizará uma nova aproximação de vossa mente humana em direção à idéia da Divindade. Também a ciência pode ser sagrada como uma oração, como uma religião, se for conduzida e compreendida com pureza de espírito.

                Tudo o que vos disse é a máxima aproximação da Divindade que vossa mente pode suportar hoje. É muito maior que as precedentes, mas não é a última no tempo. Contentai-vos por enquanto. Ela vos diz que sois consciências que despertam, almas que regressam a Deus. É a concepção bíblica do Anjo decaído que reaparece; é a concepção evangélica do Pai, do Filho e do Espírito; é a concepção que coincide com todas as revelações do passado, também com vossa ciência e com vossa lógica; é a concepção de Cristo que, pela dor, vos redimiu. Muitas coisas ainda existem, mas para vós, hoje, por enquanto, permanecem no inconcebível. O universo é um infinito e vossa razão não constitui a medida das coisas.

                Não ouseis olhar a Divindade mais de perto, nem definir mais além, considerai-a antes como um resplendor ofuscante que não podeis olhar. Considerai cada coisa que existe e vos cerca como um raio de seu esplendor que vos toca. Não reduzais a Divindade a formas antropomórficas, não a restringis em conceitos feitos à vossa imagem e semelhança. Não pronuncieis Seu Santo Nome em vão. Seja Deus vossa mais alta aspiração, tal como o é de toda a criação. Não vos dividais entre ciência e fé, entre as diversas religiões, com o único intuito de encontrá-Lo. Ele está, acima de tudo, dentro de Vós. No profundo dos caminhos do coração como nos do intelecto, sempre Deus vos espera para retribuir-vos o amplexo que vós, mesmo sendo incrédulos, em vossa agitação confusa e convulsiva, irresistivelmente Lhe lançais, pelo maior instinto da vida. 

 

Os Exilados da Capela