Romarias
Embora existam vários eventos festivos durante todo o ano no Faial, a maior parte deles religiosos, é essencialmente durante o verão que eles acontecem. Estes são participados por grande parte da população e não apenas pelas gentes de um certo local, como acontece com as festas ou Impérios do Espírito Santo que decorrem frequentemente em todos os cantos da ilha, desde o Dia de Pentecostes até Agosto. As celebrações ou funções religiosas em devoção à terceira pessoa da Santíssima Trindade, que acontecem durante o dia e que incluem uma Missa, uma procissão e uma almoço de sopas do Espírito Santo, carne assada, massa sovada e arroz doce. À noite, perto do império, juntam-se as senhoras a conversar, os homens a tomar uma cervejinha em conjunto, os jovens aos pares ao som da música rock ou pimba, e os ainda mais jovens na habitual quermesse, tudo isto debaixo de bandeirolas coloridas e do barulho dos estoiros de foguetes.
São João da Caldeira é o padroeiro do Concelho da Horta e por isso festeja-se este evento com um feriado no dia 24 de Junho e com uma grande festa na noite anterior no Largo Jaime Melo. É aqui, em frente da pequena Capela de São João, outrora envolta em denso arvoredo, que se costuma levantar um palco onde um grupo de música popular da região anima o bailarico. São montadas barracas de tascas, quermesses por entre a fileira de árvores que cerca a estrada e, aquela zona coberta por fios de luzinhas coloridas, enche-se de gente de toda a ilha ansiosa por se divertir. Uma grande fogueira é acesa e, por vezes, os mais audazes tentam saltá-la, enquanto ao mesmo tempo várias outras fogueiras podem ser vistas espalhadas pelas encostas do Vale dos Flamengos. No dia seguinte, o mais comprido da ano, quando já cheira a Verão, as famílias e amigos juntam-se em almoçaradas e piqueniques pelos matos perto da Caldeira.
Durante o resto do ano acontecem as festas em homenagem aos padroeiros de cada freguesia, como por exemplo as de N. Srª de Lourdes em Castelo Branco e na Feteira a 15 e 31 de Agosto respectivamente, a de N. Srª das Angústias a 11 de Maio, ou a de N. Srª da Esperança em Norte Pequeno no dia 16 de Agosto, entre outras. Há ainda o arraial de Stº António no Colégio, a celebração do Corpo de Deus a 29 de Maio, as festas dos escuteiros e dos estudantes, e os concertos semanais das sextas-feiras no Largo do Infante organizados pela Câmara Municipal durante os meses de Verão.
Gastronomia
Esta é a terra onde a carne e os lacticínios constituem produtos de excelente qualidade, visto que todo o gado local é criado nas condições mais naturais possíveis. Do imenso mar à volta vem o peixe e marisco fresco, e embora em números cada vez mais reduzidos, também abunda a fruta e as hortaliças plantadas localmente.
As especialidades do Faial incluem pratos de linguiça com inhames, molha de carne, morcelas de porco, torresmos de vinha-de-alhos, sopas do Espírito Santo para aqueles que gostam, caldo de peixe, caldeirada, polvo guisado com vinho, acompanhados por pão e bolo de milho, massa sovada e bolo torrado. Existe uma grande variedade de marisco, como lagosta, cavaco, caranguejo de águas profundas e arroz de lapas que também são habitualmente servidos. Há ainda licores caseiros de café e leite, mas o vinho, esse vem do Pico.
Artesanato
O Scrimshaw – trabalho em dente de baleia, nasceu com a solidão vivida a bordo das baleeiras no século XIX, e é desde os anos 70 uma arte típicamente Açoreana. Para se manufacturar um trabalho em dente de baleia, é primeiro preciso criar uma superfície onde se possa trabalhar o dente. Lixa-se para torná-lo macio e depois encera-se, cobrindo com uma camada de tinta da Índia, colorindo de preto a face onde se pretende gravar o desenho. A gravação é feita com arranhões delicados usando uma agulha que penetra a tinta, a cera, e o dente. O desenho fica portanto a branco num fundo negro. A tinta é aplicada uma segunda vez, entrando pelas ranhuras e produzindo o desenho. A primeira camada é retirada e o que resta é a minuciosa gravação a negro no dente de esmalte amarelado.
A arte do scrimshaw tende a desaparecer devido à existência cada vez menor de dentes de baleia, que na sua generalidade datam de antes do fim da caça à baleia. Devido à sua raridade, as peças podem custar entre 50 e 1250 euros, mas se quiser levar uma recordação parecida e mais barata, pode comprar as peças com gravações em osso, que são também típicas das ilhas. O Museu do Scrimshaw, situado no Peter Café Sport, tem uma exposição permanente dos melhores trabalhos alguma vez feitos, esta sendo portanto uma visita que não pode deixar de fazer.
O trabalho em miolo de figueira consiste em esculturas em miniatura, produzidas com a matéria prima extraída , nos meses de Novembro a Fevereiro, do interior dos ramos adultos da figueira (altura em que a seiva deixa de subir e conserva o miolo branco), secando depois uma hora ao sol. Para a execução, deste tipo de trabalho, utilizam-se diversos intrumentos como lentes, pinças, navalhas, alfinetes, compassos, réguas e alisadores.
Cortado o miolo extraído da figueira em pequenas lâminas muito finas, seleccionam-se os fragmentos que são unidos uns aos outros com cola, que é aplicada com a ponta de um alfinete, até se definir a forma desejada do obsecto concebido para representação. A cola utilizada é a goma arábica – muito pura, preparada em água com dois dias de repouso, e depois coada – que tem de ficar escondida, porque se alastra, tornando-se amarela passado algum tempo, com a acção da luz.
Este tipo de trabalho em miolo de figueira é ainda hoje, uma das poucas produções tradicionais da ilha do Faial. Os artefactos em miolo de figueira devem ter nascido no seio dos conventos de religiosas que a cidade da Horta conhecera activos entre o século XVI e XIX, num ambiente sugestivamente tranquilo, que se coadunava com a necessária persistência e delicadeza que a fragilidade da matéria exigia.
As peças que se encontram em exposição no Museu da Horta fazem parte da colecção que é única no mundo, e que na sua origem se compunha de 70 miniaturas, contando 35.000 fragmentos de miolo de figueira e pesando tão só 1.200 gramas, da autoria de Euclides Silveira da Rosa, que nasceu na ilha do Faial em 1910, e faleceu em São Paulo no Brasil em 1979.
Outros exemplos de artesanato típico do Faial, são os trabalhos em escama de peixe, os bordados em linho, e os chapéus de palha, que podem ser encontrados por toda a ilha. No rés-do-chão do Museu dos capelinhos, pode não só ver a exposição destes trabalhos e aprender a sua história, como também ver como são feitos, sendo também possível a compra dos mesmos.