O sobrenome Halfeld não foi o responsável pela fundação de Juiz de Fora, e sim os seus feitos bem sucedidos pelo alemão naturalizado brasileiro Henrique Guilherme Fernando Halfeld e que tudo fez para perpetuar, fixar o seu nome como sendo o fundador, devido aos trabalhos comprovados, portanto, considerado o primeiro fundador de Juiz de Fora.
Com vivência, muita prática e conhecimentos, apesar de sua tenra idade, diplomou-se em engenharia pela "Bergakademie Clausthal", Hanover, ao mesmo tempo em que se dava a Batalha de Waterloo, alistando-se então no exército, lutou contra Napoleão I, chegando a se ferir na cabeça.
Sua qualidade já era sobejamente conhecida no exterior, a ponto do Governo Alemão destacá-lo para ser contratado para trabalhar no Brasil. Aqui chegando, dentre outras coisas, devido aos seus elevados conhecimentos de mineralogia, foi trabalhar em Ouro Preto, sede da Capitania, onde os portugueses tinham o seu ponto nevrálgico do controle dos contrabandos dos minerais enviados a Corte do Rio de Janeiro.
Posteriormente, recebeu um contrato para fazer uma estrada que ligasse Ouro Preto à Capital do Império, o que prontamente aceitou. Ao chegar em Benfica alterou o seu traçado do lado esquerdo para o lado direito do rio Paraibuna devido ao pântano existente, próprio para o plantio de arroz, absorvendo quatorze anos de persistente atividade.
Com a sua experiência, com seus conhecimentos, demonstrou logo um grande interesse nesse lugar, iniciando o seu projeto ao traçar a já consagrada Av. Barão do Rio Branco, assim como outras vias importantes e necessárias a uma futura cidade.
Ao chegar viúvo a futura Juiz de Fora, que seria implantada por ele, enamorou-se e casou-se com Cândida Maria Carlota, filha do fazendeiro Tenente Antônio Dias Tostes e de D. Maria do Sacramento, proprietários da Fazenda do "Juiz de Fora", onde estava situada a grande várzea pantanosa. Posteriormente, comprando o direito às terras dos irmãos de Cândida Maria Carlota, tornou-se proprietário de uma vasta extensão de terras, ali fixando para sempre sua residência, levando a efeito a aspiração de criar uma cidade, conforme comprovam as cartas enviadas a Alemanha e que hoje se encontram no Arquivo Histórico do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Ao descobrir o Brasil, já existiam os índios e posteriormente, os donos de sesmarias doados pelo Governo Imperial, as fazendas com suas plantações, etc, mas que não tinham interesse, desejo, noção de urbanização e outros conhecimentos necessários para a obra de uma futura e grandiosa cidade.
Halfeld, além da planta da cidade, prestou relevantes serviços a cultura humanística na formação de um grande centro para o futuro.
O grande brasileiro, na época Presidente da República, atualmente Governador do nosso Estado de Minas Gerais, Dr. Itamar Augusto Cautiero Franco, mandou buscar no Arquivo Nacional o relatório e o Atlas de 1,00m x 0,70cm x 10cm, que ainda vigora na Cia. Elétrica de São Francisco, com os estudos do rio São Francisco e seus afluentes, desde a Cachoeira do Pirapora até o Oceano Atlântico, feito a mão em nanquim por Halfeld. Dr. Itamar desejava aproveitar os estudos do alemão, fundador de Juiz de Fora, levando as águas do rio São Francisco para o Norte e Nordeste. Esse grande brasileiro Itamar Franco, além dos estudos, abriu crédito para que o atual Presidente levasse a frente tal projeto, o que não o fez.
É natural que Halfeld foi o idealizador, aquele que com a sua cultura, seu conhecimento, tenha dado o primeiro passo.
Quanto aos outros, continuaram a obra de Halfeld, tornando com seus atos a Manchester Mineira como sendo a cidade do futuro.
Analisemos o trabalho de Mariano Procópio Ferreira Lage, inaugurando a estrada União Indústria, em 1861, dia 23 de junho, pela Família Imperial.
Uma centena de homens ilustres de Juiz de Fora, muito concorreu para o progresso da cidade. Esse desenvolvimento se deu na arte, na cultura, na indústria, no comércio e em muitos outros setores, tornando Juiz de Fora grande no cenário nacional.
Quanto aos dizeres de alguns de que uma geração de descendentes de Halfeld programou e difundiu que Halfeld é o fundador, não lograram êxito. A verdade é que a história está aí para ser comprovada e defendida com os seus próprios documentos, não precisando de ninguém para inventar tal história. Haja vista um dos seus descendentes direto, Geraldo Halfeld, bisneto de Henrique Guilherme Fernando Halfeld. Seu pai Joaquim Luiz Halfeld era filho de Luiz Joaquim Halfeld, quarto filho do segundo matrimônio de Henrique Guilherme Fernando Halfeld, todos diretamente ligados ao tronco, porém Luiz Joaquim Halfeld, era abastado, independente, milionário, já Joaquim Luiz Halfeld, pai de Geraldo Halfeld, faleceu deixando sua esposa e seis filhos na miséria, todos vivendo de caridade, podendo citar a Fundação São Vicente de Paula que muito os ajudou, residiram no Beco das Viúvas. Com muito sacrifício, conseguiram tirar o primário, o secundário e o curso superior.
Mesmo saindo da miséria, Geraldo Halfeld tirou quatro cursos superiores, fez concurso de provas e títulos para Habilitação e Docência Livres; prestou concurso público de títulos e passou para Catedrático, aposentando na função; iniciou sua carreira como "Office Boy" na multinacional "Bayer", chegando a ser o único Presidente brasileiro até os dias de hoje, viajando o mundo todo, inclusive mais de cem vezes para a Alemanha; membro por concurso da Academia Nacional de Medicina, sendo que em Minas Gerais somente dois concorreram até hoje; membro de todas as Academias médicas, farmacêuticas, odontológicas e culturais; durante doze anos foi professor do Corpo Permanente da Escola Superior de Guerra (ESG); foi Presidente Nacional da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (ADESG); sócio da Boehringer, recebendo um prédio na Ilha do Governador após deixar a sociedade; na indústria por ser diplomado em farmácia, fundou o Laboratório Alberia Ltda.; representou o Brasil oficialmente por dez vezes pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação e Cultura em países da Europa, Ásia e América Latina; membro por cinco anos do Conselho Nacional da Saúde; publicou noventa trabalhos sobre medicina, farmácia e odontologia; possui mais de 296 diplomas e certificados de cursos ministrados e recebidos; 1297 diplomas e certificados por conferências proferidas e participações em congressos; recebeu as mais altas condecorações militares e civis, nacionais e internacionais, inclusive a mais alta condecoração do Governo da República Federal da Alemanha, a "Medalha Gran Cruz" (Dass Grosse Verdienkreuz). Até hoje permanece na disputa do mercado de trabalho, sendo recentemente convidado para ser o Presidente da Cruz Vermelha.
Sendo órfão de pai que era Halfeld, desde os seis anos de idade, em nenhum momento até mesmo em plenário, foi-lhe perguntado o que significava o sobrenome alemão. Todas as suas vitórias sempre foram longe de sua cidade.
Essas considerações foram feitas para mostrar que não é o nome que faz a pessoa é a pessoa que faz o nome.
Em uma revista da cidade, Geraldo Halfeld publicou que era convicto que Henrique Guilherme Fernando Halfeld era o fundador, fatos que tomou conhecimento de sua vida e obra, não por ouvir falar, mas sim por sua confirmação em documentos.
O articulista de tal revista deixou transparecer que os descendentes querem que Halfeld seja o fundador para poderem usufruir seu nome. Aqui procurou demonstrar que quem faz o nome são seus feitos e que muito honra.
Assim é o caso do jovem Mauro Halfeld, talentoso filho de Juiz de Fora, que saiu da cidade para estudar economia e trabalhar. Foi muito feliz, realizou-se e após o término do curso com pós-doutorado no Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos, lançou o livro de economia, já estando na segunda edição. Hoje é professor catedrático de economia na Universidade Federal do Paraná. Passou a fazer conferências na Rede Globo e outras, e hoje, apesar de jovem, 37 anos, o seu nome já é internacionalmente conhecido.
O Dr. Augusto Paulino, Presidente da Academia Nacional de Medicina, com 50 anos de formado, ex-diretor da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, professor de cirurgia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, recebeu uma lição na televisão de um jovem, dizendo que obteve muitos subsídios para suas várias administrações, ficando encantado com Mauro Halfeld.
O Engenheiro Luiz Antônio Rodrigues de Oliveira relata que o trabalho de engenharia é muito em números, cálculos e avaliações. Sendo nascido e criado em Juiz de Fora, sempre teve a Av. Barão do Rio Branco uma referência do que poderia ser a direção norte-sul. Um dia, teve a curiosidade de conferir, e descobriu que a Av. Rio Branco não é exatamente norte-sul, mas aproximadamente sudeste-noroeste, com um azimute avaliado em torno de 351 graus.
Por que Halfeld não tratou a Av. Rio Branco exatamente na direção norte-sul? Seria o mais lógico. Talvez algum motivo especial? Pegando uma régua foi ao mapa da região sudeste, posicionando-a sobre Juiz de Fora, na direção aproximada de 351 graus, encontrando aí o Rio de Janeiro em uma extremidade e Ouro Preto em outra. A direção (azimute) da Av. Barão do Rio Branco é aproximadamente a mesma de uma reta traçada entre o Rio de Janeiro e Ouro Preto.
Seria apenas uma coincidência numérica? Ou seria que a marcação desta direção foi fruto do trabalho cuidadoso, refinado, e porque não dizer também esotérico e humorístico de Henrique Guilherme Fernando Halfeld?
Halfeld conseguira um contrato para construir uma estrada entre o Rio de Janeiro e Ouro Preto (Vila Rica), em 1837. Deve ter percorrido a região cuidadosamente e percebido certos detalhes. Aqui onde está Juiz de Fora era um bom ponto intermediário para dar suporte a sua obra durante a construção e no futuro. Ainda por cima, havia uma direção aparente na várzea que apontava para o seu objetivo. Por que não marca-la, como um testemunho do seu trabalho, uma seta apontando para o coração das Minas Gerais? O Engenheiro Luiz Antônio Rodrigues de Oliveira acha essa atitude bastante coerente com o espírito de um profissional dos números.
Olhando do alto da Serra da Graminha na direção da Av. Barão do Rio Branco, qualquer um poderá perceber aquilo que Halfeld deve ter percebido no seu tempo: "Bem que dava para construir uma cidade naquela baixada do Rio Paraibuna ali em frente, entre o Morro e o Rio".
Comparando com as cidades mineiras mais antigas, construídas ao redor das lavras de ouro com um traçado sinuoso, Juiz de Fora apresentou desde o início um traçado diferente, mais geométrico e espraiado sobre a baixada do Paraibuna. Muitas cidades daquela época na Europa estavam passando por um processo de transformação urbana, com a introdução do endereço numérico para identificação das residências. A partir daí, as cidades passaram a ter um traçado mais racional, com novas ruas e avenidas dispostas ortogonal ou radialmente, dividindo o espaço em quadras retangulares ou trapezoidais, com facilidades e serviços públicos, tais como calçamento, arborização, praças, abastecimento de água, lançamento de esgoto para o rio, limpeza urbana, correio, hospital, fórum e prisão.
A estrada que Halfeld estava construindo seguia em grande parte o traçado do Caminho Novo, aberto por Garcia Paes, a partir de 1701, mas aqui onde hoje, Juiz de Fora, Halfeld decidiu abandonar o antigo traçado e criar um novo, cruzando o rio Paraibuna depois de Matias Barbosa, onde está a ponte do Zamba, depois subindo pela margem direita até o alto da Serra da Graminha, e daí, em linha reta até atingir novamente a margem do rio. Este trecho em reta a partir do alto da Graminha foi chamado de Rua Principal e Rua Direita, hoje Av. Barão do Rio Branco, ao longo da qual se desenvolveu a cidade de Juiz de Fora.
Por que Halfeld preferiu construir a estrada passando pela margem direita do Paraibuna nesse trecho? Porque a várzea é bem mais larga desse lado, com certeza, qualquer um pode ver. Do alto da Graminha até a ponte Manoel Honório, são perto de quatro quilômetros em linha reta, centralizando uma faixa que se alarga entre a margem do rio e o pé do Morro. Esta área se adaptava bem aquele formato dado às cidades européias da época: __ uma baixada bem larga com drenagem para o rio, protegida dos ventos pelas imponentes serras onde havia abundantes fontes elevadas de boa água, dotada de clima ameno, com vegetação luxuriante, fauna diversificada, terras férteis para cultivo e criação de gado.
A partir da vinda de Dom João VI em 1808, o Brasil foi percorrido por sábios vindos da Europa, que contaram as maravilhas vistas em seus livros, motivando milhares de pessoas a emigrarem para aqui. No tempo em que Halfeld chegou a Juiz de Fora, havia um núcleo populacional na outra margem do rio, onde houvera a Fazenda do Juiz de Fora e por onde passava o (antigo) Caminho Novo.
A cidade se desenvolveu depois em torno do traçado da estrada de Halfeld, longe da antiga povoação, inicialmente no local onde hoje, Alto dos Passos e depois rumo ao norte. Halfeld estava convencido de que estava fundando uma cidade, conforme escreveu a família. Realmente, em 1870 já havia na cidade de Juiz de Fora 1258 habitantes, sendo 1147 alemães e 111 brasileiros.
O Engenheiro Luiz Antônio Rodrigues de Oliveira, descobriu essa casualidade sobre o alinhamento da Av. Barão do Rio Branco e se coloca a disposição de qualquer pessoa que deseja discutir ou acrescentar qualquer dado com relação ao assunto.
Será que esses exemplos não servem para um aglomerado reduzido de plantadores de cereais, que desejam que os feitos de um culto e estudioso de universidades européias, encontrasse possibilidade de fundar uma cidade e possa ir buscar conhecimentos com seus habitantes, só porque foram encontrados no povoado?
Foi dito, não se funda uma cidade quando ela já existe. Nenhum Halfeld necessita desse sobrenome para vencer, veja o caso de Geraldo Halfeld e Mauro Halfeld, assim como vários Halfeld.
O que a história registra e consta de documentos, é que foi Henrique Guilherme Fernando Halfeld, o bandeirante, o desbravador, aquele que com a compra das áreas para abrir as ruas, com a parte das terras que herdou de sua esposa, com a compra das áreas de sues cunhados, com as doações feitas por ele para traçar a cidade e pela sua experiência, deu os primeiros passos para a futura e grande cidade de Juiz de Fora.
O restante é demagogia. Tragam os documentos, os arquivos, pois se isso acontecer, vamos encontrar muitos brasileiros ilustres que se foram esquecidos e que fazem parte da fundação de Juiz de fora é porque seguiram os passos de Halfeld, tornando juiz de Fora o que é hoje. Halfeld será eternamente lembrado como fundador.
Adaptação Fátima Gervason Halfeld