Um homem
qualquer, trabalhador e muito econômico adquire fortuna, amiga-se a
uma negra de um cego e sente cada vez mais sede de riqueza. Arranja
confusões com um novo vizinho(Miranda) ao disputar palmos de terra.
Chega a roubar para construir o que tanto almejava: um cortiço com
casinhas e tinas para lavadeiras. Prosperou em seu projeto. João
invejava seu vizinho. Veio morar na casa de Miranda, Henrique, acadêmico
de medicina, a fim de terminar os estudos. Nessa casa, além de
escravos e sua família morava um senhor parasita (Botelho,
ex-empregado). D. Estela (esposa de Miranda) andava se
"escovando" com o Henrique, porém acabaram sendo flagrados
pelo velho Botelho.O cotidiano da vida no cortiço ia de acordo com a
rotina e a realidade de seus moradores, onde lavadeiras eram o tipo
mais comum. Jerônimo (português, alto, 35 a 40 anos), foi conversar
com João oferecendo-lhe serviços para a sua pedreira. Com custo,
depois de prosearem bastante, João aceitou a proposta, com a condição
dele morar no cortiço e comprar em sua venda. A mudança de Jerônimo
e Piedade se sucedeu sob comentários e cochichos das lavadeiras. Após
alguns meses eles foram conquistando a total confiança de todos, por
serem sinceros , sérios e respeitáveis. Tinham vida simples e sua
filhinha estudava num internato. No domingo todos vestem a melhor
roupa e se reúnem para jantar, dançar, festejar, tudo muito a
vontade. Depois de três meses Rita Baiana volta. Nessas reuniões
sobressaia o "Choro", muito bem representado pela Baiana e
seu amante Firmo. Toda aquela agilidade na dança deixara Jerônimo
admirado ao ponto de perder a noite em claro pensando na mulata.
Pombinha tirava esses dias para escrever cartas. Henrique entretia-se
a olhar Leocádia, que em troca de um coelho satisfez sua vontade física(transa),
quando foram pegos por Bruno(seu marido), que bateu na mesma e
despejou-a de sua casa depois de fazer um baita escândalo. Jerônimo
mudou seus costumes, brigava com sua e a cada dia mais se afeiçoava
pela mulata Rita. Firmo sentia-se enciumado. Florinda engravidou de
Domingos (caixeiro da venda de João Romão), o mesmo foi obrigado a
casar-se ou fornecer dotes. Foi aquele rebuliço em todo cortiço,
nada mais falavam além disso, Florinda viu-se obrigada a fugir de
casa. Léonie(prostituta alto nível) aparece emperiquitada com sua
afilhada Juju, todos admiravam quanta riqueza, mas nem por isso
deixaram sua amizade de lado. Léonie era muito amiga de Pombinha. Na
casa de Miranda era uma festa só! Ele havia sido agraciado com o título
de Barão do Freixal pelo governo português. João indagava-se, por não
ter desfrutado os prazeres da vida, ficando só a economizar. Diante
de tal injúria, com muito mau humor implicava com tudo e todos do
cortiço. Fez despejar na rua todos os pertences de Marciana. Acusou-a
de vagabunda, acabando ela na cadeia. A festa do Miranda esquentava e
João recebeu convite para ir lá, o que o deixou ainda mais
injuriado. O forró no cortiço começou, porém briga feia se travou
entre Jerônimo e Firmo. Barricada impedia a polícia entrar, o incêndio
no 12 fez subir grande desespero, era um corre-corre, polícia,
acidentados (Jerônimo levou uma navalhada) e para finalizar caiu uma
baita chuva.João foi chamado a depor, muitos do cortiço o seguiram
até a delegacia, como em mutirão. Rita incansavelmente cuidava do
enfermo Jerônimo dia e noite. No cortiço nada se dizia a respeito
dos culpados e vítimas. Piedade não se agüentava chorando muito
descontente e desesperada por seu marido acidentado. Firmo não mais
entrava por lá, ameaçado por João Romão de ser entregue a polícia.
Pombinha amanheceu indisposta decorrente da visita feita no dia
anterior à Léonie. Esta, como era de seu costume, atrancou Pombinha
em beijos e afagos, pois era além de prostituta, lésbica. Isso
deixara a menina traumatizada, que por força e insistência de sua mãe,
saiu a dar voltas atrás do cortiço, onde cochilou, sonhou e ao
acordar virou mulher. A festa se fez por D. Isabel, ao saber de tão
esperada notícia. Estava Pombinha a preparar seu enxoval quando Bruno
chegou e lhe pediu que escrevesse uma carta a Leocádia. Ele
chorava... Ela, ao ver a reação de submissão dele, desfrutava sua
nova sensação de posse do domínio feminino. Imaginava furtivamente
a vida de todos, pois sua escrivania servia de confessionário. Via em
seu viver que tudo aquilo continuaria, pois não haviam homens dignos
que merecessem seu amor e respeito. Pombinha, mesmo incerta, casa-se
com o Costa, foi grande a comoção no cortiço. Surgiu um novo cortiço
ali perto, o "Cabeça de Gato". A rivalidade com o cortiço
de João Romão foi criada. Firmo hospedou-se lá, tendo ainda mais
motivos contra Jerônimo. João, satisfeito com sua segurança sobre
os hóspedes, investia agora em seu visual e cultura, com roupas, danças,
leituras e uma amizade com Miranda e o velho Botelho. Ele e o velho
estavam tramando coisa com a filha do Barão. Fez-se um jantar no qual
João foi todo emperiquitado. João naquele momento de auge em sua
vida, via-se numa situação em que necessitava livrar-se da negra,
chegou a pensar em sua morte. Sem nem mesmo repousar após sua alta do
hospital, Jerônimo foi conversar com Zé Carlos e Pataca a respeito
do extermínio do Firmo. O dia corria, João proseava com Zulmira na
janela da casa de Miranda, sentindo-se familiarizado. Jerônimo foi
realizar seu plano encontrando-se com os outros dois no Garnisé (bar
em frente ao cemitério). Pataca entrou no bar, encontrou por acaso
com Florinda, que se ajeitara na vida e dera-lhe notícia que sua mãe
parara num hospício. Firmo aparece e Pataca o faz sair até a praia
com pretexto de Rita estar lá. Muito chapado seguiu-o. Lá os três
treteiros espancaram-lhe e lançaram-lhe ao mar. Chovia muito e ao ir
para casa, Jerônimo desiste e se dirige à casa da Rita. O encontro
foi efervescente por ambas as partes. Tudo estava resolvido, fugiriam
no dia seguinte. Piedade, ao passar das horas, mais desesperada
ficava. Ao amanhecer do dia chorava aos prantos e no cortiço nada
mais se ouvia senão comentários sobre o sumiço do Jerônimo. A
morte de Firmo já rolava solta no cortiço. Rita encontrava-se com
Jerônimo. Ele, sonhando começar vida nova, escreve logo ao vendeiro
despedindo-se do emprego, e à mulher constando-lhe do acontecido e
prometendo-lhe somente pagar o colégio da garota. Piedade e Rita se
atracaram no momento em que a mulata saía de mudança, o cortiço
todo e mais pessoas que surgiram, entraram na briga. Foi um tremendo
alvoroço, acabara sendo uma disputa nacional (Portugueses x
Brasileiros). Nem a polícia teve coragem de entrar sem reforço. Os
Cabeças de Gato também entraram na briga. Travou-se a guerra, a luta
dos capoeiristas rivais aumentava progressivamente quando o incêndio
no 88 desatou, ensangüentando o ar. A causa foi a mesma anterior, por
um desejo maquiavélico, a velha considerada bruxa incendiou sua casa,
onde morreu queimada e soterrada, rindo ébria de satisfação. Com
todo alvoroço, surgia água de todos os lados e só se pôs fim na
situação quando os bombeiros, vistos como heróis, chegaram. O velho
Libório (mendigo hospedado num canto do cortiço) ia fugindo em meio
a confusão, mas João o seguiu. Estava o velho com oito garrafas
cheias de notas de vários valores, essas que João roubou e fugiu,
deixando-o arder em brasas. Morrera naquele incêndio a Bruxa, o Libório
e a filhinha da Augusta além de muitos feridos. Para João o incêndio
era visto como lucro, pois o cortiço estava no seguro, fazendo ele
planos de expansão baseado no dinheiro do velho mendigo. Por conseqüências
do incêndio Bruno foi parar no hospital, onde Leocádia foi visitá-lo
ocorrendo assim a reconciliação de ambos. As reformas expandiram-se
até o armazém e as mudanças no estilo de João também alcançavam
um nível social cada vez mais alto. Com amizade fortificada junto ao
Miranda e sua família, pediu a mão de Zulmira em casamento.
Bertoleza, arrasada e acabada daquela vida, esperava dele somente
abrigo em sua velhice, nada mais.Jerônimo abrasileirou-se de vez. Com
todos costumes baianos deleitava-se a viver feliz com a mulata Rita.
Piedade desolada de tristeza habituara-se a beber e começou a receber
visitas aos domingos de sua filhinha (9 anos), que logo cativou todo o
cortiço, crismada por todos como "Senhorinha". Acabados por
desgraças da vida, Jerônimo e Piedade não mais guardavam rancor um
do outro, ambos se estimavam e em comum possuíam somente a filha a
cuidar. Jerônimo arrependia-se , mas não voltaria atrás. Deu-se a
beber também. O cortiço não parecia mais o mesmo, agora calçado,
iluminado e arrumado todo por igual. O sobrado do vendeiro também não
ficara para trás nas reformas. Quem se destacou foi Albino (lavadeiro
homossexual) com a arrumação de sua casa. A vida transcorria, novos
moradores chegavam. Já não se lia sob a luz vermelha na porta do
cortiço "Estalagem de São Romão", mas sim "Avenida São
Romão". Já não se fazia o "Choradinho" e a
"Cana-verde", a moda agora era o forrobodó em casa, e justo
num desses em casa de das Dores, Piedade enchera a cara e Pataca é
que lhe fizera companhia querendo agarrá-la depois de ouvir seus
lamentos, mas a caninha surtiu efeito (vômito) e nada se sucedeu. João
Romão não pregara os olhos a pensar no que fazer para dar um fim na
crioula Bertoleza. Agostinho (filho da Augusta) sofrera acidente na
pedreira, ficara totalmente estraçalhado. Foi aquele desespero no
cortiço. Botelho foi falar a João logo cedo. Bertoleza ao ouvir, pôs-se
respeito diante da situação e exigiu seus direitos, discutiram o
assunto e nada resolveram. João se irritara e tivera a idéia de mandá-la
de volta ao dono propondo esse serviço ao velho Botelho, que aliás
recebia dele remuneração por tudo que lhe prestava. Em volta do
desassossego e mau estar de João e Bertoleza o armazém prosperava de
vento em poupa aumentando o nível dos clientes e das mercadorias. Sua
Avenida agora era freqüentada por gente de porte mais fino como
alfaiates, operários, artistas, etc. Florinda ainda de luto por sua mãe
Marciana, estava envolvida agora com um despachante. A Machona
(Augusta) quebrara o gênio depois da morte de Agostinho. Neném
arrumara pretendente. Alexandre fora promovido à sargento. Pombinha
juntara-se à Léonie e atirara-se ao mundo. De tanto desgosto, D.
Isabel (mãe de Pombinha) morrera em uma casa de saúde. Piedade
recebia ajuda da Pombinha para sobreviver, pois estimava Senhorinha,
apesar de saber que o fim da pobre garotinha seria como o seu. Mesmo
assim Piedade foi despejada indo refugiar-se no Cabeça de Gato, que
tornara-se claramente um verdadeiro cortiço fluminense. Ocorreu um
encontro em uma confeitaria na Rua do Ouvidor, entre a família do
Miranda, o Botelho e o João Romão que puseram-se a prosear. Na
volta, seguindo em direção ao Largo São Francisco, João e Botelho
optaram em ficar na cidade a conversar sobre o fim que se daria a
crioula. Estava tudo certo, seu dono iria buscá-la junto á polícia.
Quando isso sucedeu-se, ao ver-se sem saída, impetuosa a fugir, com a
mesma faca que descamava e limpava peixes para o João, Bertoleza
rasgou seu ventre fora a fora. Naquele mesmo instante João Romão
recebera um diploma de sócio benemérito da comissão abolicionista.