Biografia | G.R. e o Vestibular | O Modernismo | Curiosidades | O Político | Fotos | Fotos antigas| Fotos mais antigas | Palmeira Hoje | Brasileiro do Século| Documentos | Centenário | Autor | Links para Graciliano Ramos | ESPAÇO PARA VOCÊ | Pequeno Pedinte - um conto | O Relatório | Casa de Graciliano | Contos | Fotos de Quebrangulo | Resumos | Sínteses | Cartas de Amor| Palmeira dos Índios | O Comunista | Não morra 100 ler | Outos Contos | Cronologia II

O MODERNISMO

ÍNDICE

Momento histórico
Características
Manifestos e revistas do período
Romance da Geração de 30
Palmeira dos Índios
Destaques de Palmeira dos Índios
Lenda da Fundação de Palmeira dos Índios
POESIAS E POEMAS MODERNISTAS

 

VEJA FOTOS DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS
CLICK
AQUI

 


            “E vivemos uns oito anos, até perto de 1930, ma maior orgia intelectual que a história artística do país registra”

(Mário de Andrade, a respeito dos anos que se seguiram à Semana de Arte Moderna.)

  Realizada a Semana de Arte Moderna e ainda sob os ecos das vaias e gritarias, tem início uma primeira fase modernista, que se estende de 1922 a 1930, caracterizada pela tentativa de definir e marcar posições. Constitui, portanto, um período rico em manifestos e revistas de vida efêmera: são grupos em busca de definição.

            A economia do mundo nesse período foi marcada por crises que culminariam na quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, no ano de 1929. No Brasil, as oligarquias ligadas aos grandes proprietários rurais sucumbiram. Politicamente instaurava-se um  novo tempo; a chamada República Velha cederia espaço para a ascensão de Getúlio Vargas ao poder. Tal evento na história da vida brasileira se processou graças à Revolução de 30.

            De 1930 a 1945, o movimento modernista vive uma segunda fase, refletindo as transformações por que passou o país, que inaugura uma outra etapa de sua vida republicana, levando os artistas nacionais a se posicionarem diante dessa nova realidade.

 


 

O MOMENTO HISTÓRICO

 

            Momentos importantes marcariam o cenário político brasileiro logo após a Semana de Arte Moderna, especificamente dois: vitória de Arthur Bernardes sobre Nilo Peçanha para ocupar o cargo de Epitácio Pessoa e a fundação do Partido Comunista Brasileiro.

            O pleito se desenvolveria contrário às normas estabelecidas pela República do café com leite. O representante das oligarquias de São Paulo e Minas Gerais, Arthur Bernardes, concorreria com o representante das oligarquias de Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, Nilo Peçanha. Tal disputa, infelizmente, não tinha como prioridade propostas concretas de governo para o país, e sim representava interesses de ordem pessoal e local. Como fruto das acirradas disputas políticas entre as duas oligarquias e a agitação da campanha eleitoral fez com que surgisse entre a classe média um descontentamento generalizado. Jovens oficiais militares, representantes da classe média tentaria impedir a posse de Arthur Bernardes.

            Tais oficiais revolucionários – dezessete militares e um civil -  iniciariam o movimento contra Arthur Bernardes marchando pelas ruas de Copacabana e contra as forças governistas, que possuíam um potencial humano de cerca de 3 mil homens. Era uma marcha fatal. O movimento durou apenas 24 horas. Tal movimento ficou conhecido na história brasileira  como Os 18 do Forte. Apesar de ser uma luta desigual ficou conhecido como “o sacrifício por um ideal” nas palavras do historiador Edgar Carone.

O descontentamento com o governo de Arthur Bernardes foi patente. Tal fato faria eclodir inúmeras manifestações contra a política austera impetrada por Arthur Bernardes, tais como o estado de sítio, censura à imprensa e intervenções nos estados. Era óbvio que a classe média se manifestaria contra esse sistema de coisas. Surgia uma marcha revolucionária disposta a fazer a revolução. * “Em 5 de julho de 1924, dois anos após os acontecimentos de Copacabana, estoura uma revolução em São Paulo em que os militares exigem o fim da corrupção, maior representatividade política, voto secreto e justiça.”

            Apenas um mês durou o movimento dos tenentes em São Paulo. Foram obrigados a partir para o interior onde se encontrariam com tropas oriundas do Rio Grande do Sul, tendo como comandante Luís Carlos Prestes.Um exército de mil homens foi criado e correria o Brasil buscando apoio para a revolução. O comandante desse exército de revoltosos tinha sob o comando Luís Carlos Prestes.

            Não foi fácil. Percorreram em torno de 24 mil quilômetros. Enfrentaram tropas do exército, forças regionais, jagunços e os cangaceiros de Lampião. Após essas batalhas, a Coluna Prestes viu-se obrigada a adentrar por território boliviano.

            Com a eleição de Washington Luís para sucessor de Arthur Bernardes o quadro político brasileiro vive um período de calma aparente. O país caminhava para a Revolução de 30 que culminaria com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder – iniciava-se um novo período na história da política brasileira.

Voltar ao Índice

 


 

CARACTERÍSTICAS

 

            O período de 1922 a 1930 é o mais radical do movimento modernista, justamente em conseqüência da necessidade de definições e a repugnação a todas as estruturas do passado. O caráter anárquico dessa primeira fase e seu forte sentido destruidor, foi assim definido por Mário de Andrade

(...) se alastrou pelo Brasil o espírito destruidor do movimento modernista. Isto é, o seu sentido verdadeiramente específico. Porque, embora lançando inúmeros processos e idéias novas, o movimento modernista foi essencialmente destruidor. (...) Mas esta destruição não apenas continha todos os germes da atualidade, como era uma convulsão profundíssima da realidade brasileira. O que caracteriza esta realidade que o movimento modernista impôs é, a meu ver, a fusão de três princípios fundamentais: o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira e a estabilização de uma consciência criadora nacional.

  Ao mesmo tempo em que se procura o moderno, o original e o polêmico, o nacionalismo se manifesta em suas múltiplas facetas: uma volta às origens, a pesquisa de fontes quinhentistas, a procura de uma “língua brasileira” (a língua falada pelo povo nas ruas), as paródias – numa tentativa de repensar a história e a literatura brasileiras – e a valorização do índio verdadeiramente brasileiro. È o tempo do Manifesto da Poesia Pau-Brasil e do Manifesto do Verde-Amarelismo ou da Escola da Anta, que já traz as sementes do nacionalismo fascista comandado por Plínio Salgado.

            Assim, no final da década de 20, a filosofia nacionalista apresenta dois segmentos: de um lado, um nacionalismo crítico, consciente, de denúncia da realidade brasileira, identificado politicamente com as esquerdas; de outro lado, um nacionalismo ufanista, utópico,  exagerado, identificado com as correntes políticas de extrema direita.

Dentre os principais nomes dessa primeira fase do Modernismo e que continuariam a produzir nas décadas seguintes, destacam-se Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, além de Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

Voltar ao Índice

 


 

 

O ROMANCE DA GERAÇÃO DE 30 – GRACILIANO RAMOS

 

Mudança

 

            Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.

            Arrastaram-se para lá, devagar, Sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça. Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás.

            Os juazeiros aproximaram-se, recuaram, sumiram-se. O menino mais velho pôs-se a chorar, sentou-se no chão.

            Anda, condenado do diabo, gritou-lhe o pai.

            Não obtendo resultado, fustigou-o com a bainha da faca de ponta. Mas o pequeno esperneou acuado, depois sossegou, deitou-se, fechou os olhos. Fabiano ainda lhe deu algumas pancadas e esperou que ele se levantasse. Como isto não acontecesse, espiou os quatro cantos, zangado, praguejando baixo.

 

(Graciliano Ramos. Vidas Secas)

 

                De 1930 a 1945 surgiram no Brasil alguns nomes significativos do romance brasileiro. Tal período, caracterizado pela denúncia do social, teve a forte presença dos romancistas preocupados em denunciar a realidade brasileira, assim, aparece no cenário das letras: José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rachel de Queirós,Érico Veríssimo e Jorge Amado.

            A razão que explica a necessidade de se denunciar à realidade brasileira é fruto do pensamento  do homem da geração de 30. Tal razão se explica em virtude das transformações vividas pelo país com a Revolução de 30, o conseqüente questionamento das tradicionais oligarquias, os efeitos da crise econômica mundial e os choques ideológicos que levaram a posições mais definidas e engajadas.

            Na busca do homem brasileiro “espalhado no mais distantes recantos de nossa terra”, o regionalismo ganha importância até então não alcançada na literatura brasileira, levando ao extremo as relações do personagem com o meio natural e social: “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste que me deu uma alma agreste”, afirma Paulo Honório, personagem-narrador do romance São Bernardo, de Graciliano Ramos.

            Nesse clima de denúncia da realidade brasileira, os escritores nordestinos se destacaram porque presenciaram a passagem de um Nordeste medieval para um nordeste inserido na nova realidade capitalista e imperialista.

            Graciliano Ramos não seria exceção. Engajado nesse clima de denúncia e vivenciando essa nova realidade, procurou exprimir em seus romances toda essa gama de mudanças sociais e psicológicas pelas quais passava o nordeste. Apesar de ser bem viajado e de conhecer costumes de outras terras, foi no Nordeste que encontrou solo propício ao desenvolvimento dos seus romances. Ele respirava nordeste. Comia nordeste. Vivia o nordeste. Tal constatação se explica em suas linhas romanescas, nas quais procurou imprimir sua marca registrada – o cotidiano da psicologia nordestina.

            Nascido em Quebrangulo, Alagoas, tal região imprimiu-lhe matizes nordestinas que o seguiria ao longo de toda a sua vida. Essa cidade, ainda mais antiga do que a cidade que viria a ser prefeito – Palmeira dos Índios – produziu no espírito do mestre graça “sensações de nordeste”. Situada entre montanhas e morros, Quebrangulo, berço de nascimento deste escritor, ainda nos dias atuais mostra-se nordestina, tem vida nordestina, mais mostra-se nordestina pobre, nordestina carente, nordestina que respirava atraso – não circula na cidade nem ao menos um jornal nessa cidade nos dias de hoje.

            Já Palmeira dos Índios, cidade na qual nasci e vivo até hoje, já respirava ventos de modernidade. Foi aqui que Graciliano Ramos realmente se encontrou como escritor.   

Quando exercia o cargo de prefeito municipal, e tinha necessidade de enviar relatórios ao então governador do estado de Alagoas acerca do funcionamento deste município, percebeu-se, na perfeição desses relatórios, um literato. Graciliano Ramos entrava para o universo das letras. Palmeira dos Índios revelaria seu prefeito para o Brasil.

Voltar ao índice

 


 

PALMEIRA DOS ÍNDIOS

 

            Localizada no Sertão Alagoano, Palmeira dos Índios é também conhecida por Cidade do Amor, ou terra dos Xucurus. Possui aproximadamente 70 mil habitantes e é considerada a 3ª maior cidade do estado. Aqui temos muitos colégios que oferecem uma boa educação. A população é pacata. As pessoas, solidárias. A natureza é marcante. A vida por aqui transcorre de forma tranqüila.

Temos museus (Museu Xucurus e Casa Museu Graciliano Ramos).

Temos um potencial ecológico considerável, com a Mata da Cafurna, região hoje pertencente aos remanescentes indígenas da região.

            O artesanato local também é forte. E como representante máximo desse artesanato, temos a FUNDANOR – fundação na qual os menores carentes produzem esses trabalhos que inclusive podem ser encontrados no Shopping Center Recife e Iguatemi de Maceió.

            Na economia a pinha é nosso maior destaque, sendo inclusive exportada para o Japão, Estados Unidos e países europeus.

            Festas populares – Cantadores de viola, entre outras manifestações culturais como Festival do Amendoim , do Caju, da Pinha entre outras, são marcas registradas em nosso município.

Voltar ao índice

 


DESTAQUES DA TERRA

 

            Na área da dramaturgia, o ator da rede Globo de televisão – de saudosa memória -  Jofre Soares é filho da terra. O jogador do Corinthians Futebol Clube – Índio -  também nasceu na Cafurna.

            A FUNDANOR – órgão não-governamental que se dedica à assistência de menores abandonados na figura da matriarca Lordes Monteiro, já foi motivo de reportagem da rede Globo de Televisão no programa Gente que Faz.

Recentemente – julho de 2000 -   a revista Época publicou uma reportagem sobre um jovem criado nesta instituição e que recebeu de autoridades canadenses convite para estagiar no referido país. A mesma revista, nesse mesmo ano, exibiu reportagem especial de capa sobre os quinhentos anos do Brasil, dando ênfase ao filho da terra e jogador do Corinthians Futebol Clube, Índio.

Voltar ao índice

 


LENDA DA FUNDAÇÃO DA CIDADE

 

 

            Diz a lenda que no maciço da Serra da Boa Vista havia muitas palmeiras, sendo que uma delas se destacava das demais. E a história que se conta boca a boca é a seguinte:

            À época a região era habitada por índios. Na tribo que habitava o local havia uma índia muito bonita, chamada Tixiliá “Beija-flor”. Ela havia sido pedida em casamento pelo cacique Etafé, “musculoso” mas ela amava mesmo o seu primo Tilixi “bonito”, jovem formoso, com quem gostava de passear, para ouvi-lo contar histórias bonitas do seu povo.

            Durante uma festa na aldeia, quando segurava uma caneca com alua um tipo de bebida fermentada, pretendendo oferecê-la a Tilixi, foi por ele beijada, o que, pela tradição da tribo, se constituía uma profanação, pois a índia, virgem, era a eleita do cacique.

            Tilixi, por seu ato impensado, sofreu um castigo cruel, foi condenado a morte por inanição.

            Durante três dias padeceu horrivelmente, exposto ao sol, sem comer nem beber. Mesmo morrendo, Tilixi pronunciava o nome da amada. Ela, por sua vez, burilou a guarda da tribo e chegou até o local onde seu amor estava, munida de uma pequenina cruz, presenteada por Frei Domingos de São José.

            Na oportunidade, ela plantou ao lado do bem amado a cruzinha, e, numa dramática prece, rogou ao Deus branco que dela brotasse depressa uma palmeira frondosa, à sombra da qual Tilixi pudesse amenizar seu sofrimento. No momento que fazia sua prece, a índia foi atingida no peito moreno por uma certeira flecha, disparada pelo cacique Etafé, que a espreitava por trás de uma folhagem, possesso de ciúmes. Mortalmente ferida, ela tombou sobre o corpo do amado e os dois, abraçados, exalaram, unidos, o último suspiro.

            Dias depois, o Frei Domingos de São José foi ao local onde os dois morreram e verificou que no local da cruz nasceu uma frondosa Palmeira que se sobressaía das demais, simbolizando a união dos dois índios, através de um intenso amor.

            A palmeira do milagre emprestou o nome topônimo da cidade que, no futuro, se desenvolveu em torno dela – Palmeira dos Índios.

            Por causa da lenda, a cidade também é chamada de “Cidade do Amor”, visto estar edificada em lugar sagrado, onde um heróico amor foi vivido por dois jovens.

            Palmeira dos Índios, alimentada então pela seiva do milagre, recebeu merecidamente o cognome de Princesa do Sertão.

Biografia |Obras | Obras Comentadas | G.R. e o Vestibular | O Modernismo | Curiosidades | O Político | Fotos | Fotos antigas| Fotos mais antigas | Brasileiro do Século| Documentos | Centenário | Autor | Links para Graciliano Ramos | ESPAÇO PARA VOCÊ | Pequeno Pedinte - um conto | O Relatório

 

VOLTAR AO ÍNDICE