Riobaldo,
fazendeiro do estado de Minas Gerais, conta sua vida de jagunço a um
ouvinte não identificado. Trata-se de um monólogo onde a fala do
outro interlocutor é apenas sugerida. São histórias de disputas,
vinganças, longas viagens, amores e mortes vistas e vividas pelo
ex-jagunço nos vários anos que este andou por Minas, Goiás e sul da
Bahia. Toda a narração é intercalada por vários momentos de reflexão
sobre as coisas e os acontecimentos do sertão. O assunto parece
sempre girar na existência ou inexistência do diabo, já que
Riobaldo parece Ter vendido sua alma numa certa ocasião... Riobaldo
era um dos jagunços que percorriam o sertão abrindo o caminho à
bala. Entre seus companheiros, havia um que muito lhe agradava:
Reinaldo, ou Diadorim. Conhecera-o quando menino e mantinha com ele
uma relação que muitas vezes passava de uma simples amizade. O jagunço,
que admirava e cultivava um terno laço com Diadorim, perturbava-se
com toda aquela relação, mas a alimentava com uma pureza que ia
contra toda a rudeza do sertão, beirando inclusive o amor e os ciúmes.
Nas longas tramas e aventuras dos jagunços, Riobaldo conhece um dos
seus heróis: o chefe Joca Ramiro, verdadeiro mito entre aqueles
homens, que logo começa a mostrar certa confiança por ele. Isso dura
pouco tempo, já que Riobaldo logo perde seu líder: Joca Ramiro
acabou sendo traído e assassinado por um dos seus companheiros
chamado Hermógenes. Riobaldo jura vingança e persegue Hermógenes e
seus homens por toda aquela árida região. Como o medo da morte e uma
curiosidade sobre a existência ou não do diabo toma cada vez mais
conta da alma de Riobaldo, evidencia-se um pacto entre o jagunço e o
príncipe das trevas, apesar de não explícito. Acontecido ou não o
tal pacto, o fato é que Riobaldo começa a mudar à medida que o
combate final contra Hermógenes se aproxima. E a crescente raiva do
jagunço só é contida por uma relação mais estreita com Diadorim,
que já mostra marcas de amor completo. Segue-se, então, o encontro
com Hermógenes e seus homens, e a vingança é enfim saboreada por
Riobaldo. Vingança, aliás, que se tornou amarga: Hermógenes mata,
durante o combate, o grande amigo Diadorim... A obra reserva, nas últimas
páginas, uma surpreendente revelação: na hora de lavar o corpo de
Diadorim, Riobaldo percebe que o velho amigo de aventuras que sempre
lhe cativou de uma forma especial era, na verdade, uma mulher.