PLANEJAMENTO DE MISSÃO

"In war every problem, and every principle, is a duality. Like a coin, it has two faces. This is the inevitable consequence of the fact that war is a two party affair, so imposing the need that while hitting, one must guard."
                                                                                                                B.H. Liddell Hart

A guerra não é como uma peça de teatro, onde os adversários caminham polidamente numa distância constante um do outro e trocam golpes de acordo com um conjunto de regras pré-estabelecidas. A guerra é um processo dinâmico sem regras rígidas para guiar os combatentes. Os analistas tendem a usar princípios máximos na discussão da guerra, mas suas leis não são constantes, como Liddel Hart mostrou acima, mas antes de ser um recurso maleável de inspiração que um brilhante comandante pode aplicar no momento decisivo do engajamento.

Todo pensamento tático, de Sun Tzu aos dias modernos, contém elementos contraditórios se vistos exclusivamente do ponto de vista acadêmico. Para os praticantes da arte da guerra, essa dicotomia é facilmente entendida, pois  pode-se compreender que cada parte da contradição é igualmente verdade em momentos diferentes. Como tal, é mais importante entender a dinâmica do campo de batalha do que memorizar uma lista de axiomas táticos. Sem o conhecimento do primeiro, é impossível saber quando a aplicação do último é relevante.

Fogo e movimento

Embora muitas comparações entre a guerra terrestre a naval tenda a simplificar as peculiaridades de cada uma para encontrar um lugar comum, os preceitos básicos de fogo & movimento são igualmente importantes em cada área. O objetivo do comandante tático é usar seu poder de fogo em apoio a missão. Manobra é o método que permite ao comandante alcançar posição para descarregar esse poder de fogo. Mobilidade também é significantiva para as forças navais pois aumenta a capacidade de sobrevivência. As forças podem atacar decisivamente em um certo dia, evitar contra-detecção e reagrupar para outro ataque centenas de kilômetros de distância no próximo dia.

Coleta de Informações

A capacidade de concentrar poder de fogo decisivo e mover-se rapidamente através do teatro de operações é irelevante se  não for possível encontrar um alvo para utilizar essa capacidade. Excluindo os meios baseados em terra, os quais são todos considerados conhecidos e localizados de qualquer forma, as forças inimigas tem o mesmo grau de segurança que a mobilidade oferece as suas forças. Assim,  quem encontrar o inimigo primeiro e evita detecção geralmente ganha a batalha. Então, dos primeiros estágios do planejamento ao regresso pós-missão, o foco principal do comantante é o esclarecimento.

Uma vez localizada, a ameaça oferecida por uma força inimiga é severamente diminuída, e não apenas devido a perda do elemento surpresa. Se existem forças suficientes, o comandante pode concentra-la contra a ameaça e eliminá-la. Se os recursos forem limitados e o adversário tiver forças maiores, então evitar contato com a ameaça se torna a melhor opção. Se a localização do inimigo for conhecida e ele não tem conhecimento da sua, então não será difícil conseguir evadir-se. No último exemplo é uma verdade  fundamental que deve ser internalizada. Esclarecimento e coleta de informações é como uma faca de dois gumes. Como o comandante tem a intenção de coletar dados de alvos do inimigo, também é necessário se esforçar para negar o mesmo ao inimigo. As considerações dessa disputa depende da geografia da área de operações, seu acesso a capacidade do inimigo e as especificidades da missão.

Uma Lição em Geografria

O oficial naval avalia o impacto da geografia na área de operações um pouco diferente dos seus equivalente de outras armas. A topografia convencional é importante de duas maneiras: primeiro, quando se envia ataques aéreos contra alvos em terra e se usa essa topografia como vantagem nas rotas de ingresso e regresso dos elementos de ataque e, em segundo lugar, quando se é forçado a operar perto da costa e a topografia dificulta a detecção as forças inimigas. A topografia do fundo do oceano é essencial se o adversário possui minas ou forças submarinas ou se tem a intenção de  empregar as mesmas. E por fim, outras características continentais são importante se comprimem o espaço de batalha desejado pelo comandante.

Para explicar, espaço de batalha é a bolha teórica ao redor da força na qual o comandante sente-se confortável em detectar, rastrear e engajar ameaças antes que possam ameaçar o corpo principal. Sempre que as unidades sejam forçadas a operar em áreas confinadas(p. e. o Estreito de Tsugaro no Japão ou no Golfo Pérsico), o espaço de batalha será comprimido. Como as unidades são limitadas em opções de manobra, o inimigo pode estabelecer patrulhas de barreira ou campos minados mais facilmente. Além disso, o comandante é limitado por barreiras físicas, como recifes e bancos de areia, ou fronteiras legais como o limite de 12 milhas, na posição de piquete ou unidades de cobertura, as quais tem seu tempo de reação reduzido contra as ameaças que podem aparecer.

Conhecendo o inimigo

As características geográficas desejadas também variam baseaando-se na capacidade do inimigo de capitalizar alguma dessas áreas. Se, por exemplo, combater um adversário sem ameaça de superfície ou de minas, então a única precaução seria fazer um reconhecimento no ponto crítico antes da passagem, podendo ser uma varredura de superfície ou aérea para identificar e eliminar as ameaças de superfície. Por outro lado, a possível presença de um antiquado submarino a diesel em águas rasas e estreitas é uma contingência muito perigosa para ser ignorada. Como tal, o comandante prudente deve estudar a ordem de batalha inimiga e compreender suas capacidades. Como não se pode saber as intenções do inimigo com um certo grau de incerteza, planos de contingências devem permanecer focados nas capacidades, não importa o quão remota a sua realização possa ser. Isto não significa que o comandante nunca deva entrar num estreito na premissa que um SSK possa estar de tocaia, mas deve-se tomar precaução antes de arriscar meios críticos. Esta timidez seria favorável ao fracasso.

Direcionando o curso

Tendo investido tempo consideravel estudando as anomalias geográficas da área e as capacidades da ordem de batalha(OOB) inimiga, é hora de planejar o movimento intencionado. Deve-se ter sempre em mente que a manobra é a relação entre o esclarecimento e os disparos pelo tempo, devendo-se considerar toda limitação de tempo imposta pelos objetívos finais da missão. Os unidades de alvo valor(HVU) críticas da força tem tempo suficiente para fazer uma aproximação lenta e cautolesa do objetivo ou é necessário servir-se de expediênte político ou correr para a dianteira? A resposta a esta questão determina o grau de planejamento flexível desejado pelo comandante para determinar eventuais prazos do engajamento. Além disso, o prazo tem um impacto direto nas táticas.

Deve-se considerar a satisfação do comandante que antecipa corretamente a presença de forças inimigas e desenvolve planos de contingências para eliminar estas ameaças comparando com o que destrói estas ameaças apenas após terem disparados suas armas. No último caso, mesmo que as unidades inimigas tenham infligido danos mínimos, podem ter conseguido um grau de sucesso que desgastaram as reservas de armas, o que pode ser crucial em engajamentos subsequêntes.

Portanto, uma vez que os objetivos são conhecidos e o comandante tenha identificado as unidades de alto valor necessárias para adquirir estes objetivos, o próximo passo seria plotar o trilha de movimento pretendido(PIM - Path of intended Motion) para obter posição e lançar a força necessária para completar a missão. Ao determinar o PIM, é crucial que o comandante considere as especificidades geográficas da área operacional e avalie a habilidade inimiga para usar esta geografia como vantagem.
 

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