Cenário 2. Ataque Tático

Ataque Tático é um cenário onde as defesas aéreas são menos densas mas onde várias sortidas serão voadas seja como parte de uma operação de paz ou como parte de ataques numa guerra.

Alguns tipos de operações aéreas são mais críticas e exigentes como os ataques as forças terrestres. Na operação Tempestade do Deserto, por exemplo, mais de 70% das sortidas voadas no teatro de operações do Kuwait(TOK) foram de ameaça de ambiente tático. O cenário de Ataque Tático postula um ambiente onde as forças em movimento também tem mísseis SA, móveis de curto alcance.

A figura 2 mostra um rastreio de engajamento de radar simulado correspondendo aos três tipos de RCS que engajam um Ataque Tático a baixa altitude(< 150m). Como pode ser visto, estes ataques de baixa altitude são estressantes para o operador de SAMs móveis. Mesmo aeronaves convencionais tem poucas detecções de radar. A forma Pacman não é substancialmente diferente da forma convencional. As aeronaves com RCS Bowtie também são difíceis de serem detectadas.


Figura 2. Ataque Tático a baixa altitude(<150 m)

A grande altitude, a detecção para aeronaves convencionais é menos numerosa que o Ataque Direto. Mesmo assim, a forma convencional é ainda engajada por muito tempo. A redução de RCS frontal se mantém indetectável até mais tarde. Após certa distância o RCS lateral e traseiro faz a aeronave vulnerável a radares de rastreio como nas formas convencionais. O contraste maior é da forma Bowtie. A detecção é mais tardia e a vulnerabilidade a disparos é mínima e o tempo de perigo é breve.

A lição evidente é que a capacidade de sobrevivência da forma Pacman's deve estar relacionada com o cenário. A redução de RCS frontal pode ser útil quando a aeronave realiza missões de supressão de defesas aérea(SEAD) para desligar de forma ativa(armas) os radares de busca e controle de fogo inimigo antes que exponham as suas formas traseira e lateral. O atrito será maior que a forma Bowtie, mas o emprego correto aumenta as chances de sucesso.

A altitude é uma variável importante. Nos ataques a baixa altitude, a capacidade de sobrevivência melhora para as formas convencionais e Pacman. Para a forma Bowtie, a altitude não faz diferença.

As operações a baixa altitude tem seus próprios perigos. Corridas a baixa altitude tem o risco de defesas AA densas com canhões anti-aéreos. No Vietnã, acima de 85% das aeronaves foram perdidas para fogo da artilharia anti-aérea(AAA). Na operação Tempestade do Deserto, o TOK noticiaram fogo AAA denso esporádico assim como disparos de SAMs portáteis(MANPADS), mesmo após a efetividade da IADS ter sido reduzida para quase zero. A vantagem das missões a baixa altitude, ou seja a menor vulnerabilidade a detecção ao radar, deve ser considerada em relação a ameaça dos canhões guiados manualmente, pequenas armas de fogo e MANPADS.

Cenário 3. Evitamento da Ameaça

No cenário de Evitamento de ameaça, aparecem resultados semelhantes. É outro cenário onde as aeronaves atacam um alvo de ponto na trilha de vôo onde minimiza deliberadamente a exposição aos radares de controle de fogo. O Evitamento de Ameaça se baseia no uso máximo de tática. Num planejamento de plano de vôo cuidadoso, a aeronave contorna os limites da cobertura dos radares. Aeronaves LO reduzem o alcance de detecção e os anéis de ameaça de mísseis SAM se encolhem fazendo o resultado pesar para o lado do atacante.

O cenário de Evitamento de Ameaça apresentam evidências convincentes que uma redução balanceada da assinatura fornece apoio a tática e ao planejamento.

A figura 3 e 4 mostra que as aeronaves convencionais e de assinatura Pacman, mesmo com planejamento de rota efetiva, ainda são engajadas várias vezes a baixa e grande altitude. Contudo, a diferênça real aparece quando a simulação é estudada na forma Bowtie. Esta assinatura mostra uma grande melhora da capacidade de sobrevivência e experimentou apenas um rastreio válido.


Figura 3. Evitamento da Ameaça a baixa altitude(<150m)


Figura 4. Evitamento da Ameaça a grande altitude (8.000m)

Na forma Pacman, o que ajuda mais é voar a baixa altitude o que diminui o tempo de risco e os disparos que recebeu.

O cenário de Evitamento de Ameaça confirma que a tecnologia LO é essencial para assegurar o sucesso da missão. Na operação, Tempestade do Deserto, alguns alvos puderam ser atacados a baixa altitude por aeronaves convencionais. Contudo, o fogo de AAA era um fator e a maioria dos ataques foram a média altitude. Os Tornados britânicos atacaram a baixa altitude contra os aeroportos Iraquianos e tiveram a maior taxa de perdas da guerra.

A simulação mostrou que o vôo a baixa altitude não é tão efetivo quanto a redução da assinatura, considerando o cenário, em relação a capacidade de sobrevivência. Contudo, os resultados sugerem que voando a grande altitude não evita todos os mísseis SAM, então a furtividade também é necessária neste ambiente.

Contudo, a menssagem real é que a redução do RCS permite que aeronaves planejem um rota que aumenta muito as chances de sobrevivência.

Furtividade e CME

A guerra do futuro poderá ser vista como uma combinação de furtividade e CME para melhorar a capacidade de sobrevivência da aeronave em cenários específicos. Uma aeronave convencional não pode ser operada de forma segura num ambiente de alta ameaça até a IADS inimiga estiver quase imobilizada. Na teoria, uma forma extremamente LO poderia sobreviver em quase todo ambiente. Contudo, o planejamento da maioria das operações aéreas caem no meio deste espectro. Com a expansão da capacidade da ameaça do radar, a furtividade e CME tem um papel a ser realizado ao trabalhares juntos para aumentar a capacidade de sobrevivência, especialmente quanto ataques nos pontos chaves podem reduzir a capacidade do IADS inimigo.

Em alguns cenários, a CME também pode fornecer apoio para aeronaves LO contra certos tipos de ameaça. Enquanto os analistas tem decidido que o F-117 não se beneficiará do apoio das CME de uma aeronave especializada como o EA-6B na primeira noite de uma guerra, os dados sugerem que o uso adicional dos EA-6 seria bem vindo para as tripulações dos F-117 e B-2 nas missões subsequentes. Na Guerra de Kosovo os B-2 voaram todas as missões com escolta de caça, GE e SEAD. Para as aeronaves sem a assinatura do F-117 ou para aeronaves operando em outros ambientes, as CMEs podem contribuir significativamente para a capacidade de sobrevivência.

Aeronaves convencionais retornam assinaturas muito grande. As CMEs são limitadas pela potência dos interferidores aerotransportados. Uma aeronave de grande tamanho e potência seria a ideal para levar CMEs interna ou externamente devido a potência de saída que poderia ser fornecida e o pequeno impacto nas cargas externas ou espaço interno. Também não tem problemas de levar um segundo tripulante que geralmente aumenta em até 500kg o peso da aeronave e diminui o combustível interno. Por outro lado ela teria uma grande área geométrica que teria que ser preparada para reduzir o RCS e assim uma assinatura de radar naturalmente alta. Uma aeronave que reduza seu aspecto frontal por um fator de 10 diminui o alcance de detecção em 44%. A potência necessária nos interferidores CMEs também diminuiriam em proporção. Para uma mesma quantidade de potência, as CMEs podem interferir com mais eficiência.
Este problema é maior nas aeronaves de interceptação que precisam de um radar de longo alcance. Quanto maior a largura do "prato" do radar, maior o alcance, um feixe fino emitido por uma antena estreita é melhor para busca, com menor alcance. Uma antena de maior diâmetro emite feixe mais largo, com maior alcance, mais adequado em funções de busca e rastreamento de alvos. A compensação vem da necessidade de uma aeronave grande que também tem a autonomia necessária para CAPs de longa duração e vôos supersônicos por mais tempo além da presença de um segundo tripulante(WSO - Weapon Sistema Operator) para operar o radar e as CMEs. A capacidade de levar muitos armamentos externos aumenta o RCS e não é uma vantagem.

Melhorando a Efetividade

A primeira aeronave furtiva, o F-117, e o B-2 demonstraram a possibilidade da LO e sua importância para acelerar e aumentar a efetividade das operações aéreas. Como todas as aeronaves de combate, elas se baseiam em táticas para alcançar o máximo de capacidade de sobrevivência e elas tem limitações que devem ser reconhecidas para assegurar um emprego apropriado. Por exemplo, o F-117 e o B-2 operam primariamente a noite. Muitas aeronaves convencionais fazem o mesmo para maximizar a capacidade de sobrevivência sobre certas condições.

Vários desenvolvimentos farão as aeronaves altamente capazes de sobreviver com mais efetividade. A habilidade do F-117 de lançar bombas guiadas a laser foi um componente crucial nesta efetividade. Recentemente, o B-2 demonstrou grande acuracia com o uso de bombas guiadas a GPS. A habilidade de lançar armas independentes contra 16 alvos em qualquer tempo representa uma melhora significativa. Vários países da OTAN se interessaram na JDAM após seu sucesso nas operações contra a Iugoslávia em 1999.

Num futuro próximo, o desenvolvimento de pequenas munições irão capacitar todas as aeronaves(nos países desenvolvidos/OTAN) a lançarem ataques mais destrutivos.
Estão sendo testadas bombas de 125kg, 250kg, 450kg além das de 900kg já lançadas. Vários tipos de munição como penetradoras ou em cacho/submunição estão sendo testadas ou em uso. Podem ser citadas além da JDAM, a JOWS, JASSM(cruise), ADCAM(cruise supersônico) e IEXMCALD.

Com a LO no centro da questão, um grande número de tecnologias ajuda a estender as opções de um planejador de missão e criar o limite tático que traduz para uma maior efetividade e flexibilidade em operações aéreas para um comandante de força conjunta. O F-22 não apenas será capaz de conseguir a superioridade ar-ar mas também será usado como um veículo de grande capacidade de sobrevivência para lançar armas ar-solo avançadas, munições que podem ser usadas contra SAMs ou defesas altamente defendidas.

Em cenários de baixa ameaça(COIN, países pouco armados), aeronaves convencionais podem operar com segurança se voarem acima do alcance dos canhões AA e MANPADS. As aeronaves ideais neste tipo de operação são as mais lentas pois dão mais tempo para o piloto fazer pontaria contra alvos pequenos e escondidos, geralmente sobe controle de um controlador aéreo avançado. Com sistema de bombardeio computadorizado por radar ou laser, aeronaves mais rápidas podem realizar estas missões com efetividade. Um mergulho de grande altitude não é audível a tempo para alertar as defesas e uma subida com o PC ligado após lançar as bombas a média altitude tira a aeronave rapidamente do envelope de engajamento da AAA e dos MANPADS, se ainda houver tempo para a aquisição ou se a aeronave errar  alvo. Bombas guiadas a laser diminuem os danos colaterais(contra civis) e este pode estar no solo, evitando que atinja as próprias tropas.

O uso de armamento Stand-off, lançado fora do alcance das defesas aéreas, não foi considerado neste capítulo.

Oposição a furtividade?

Para conter a furtividade como radares monoestáticos, a defesa aérea deve ter um grande ganho no receptor. O modo de consegui-lo pode ser o aumento da potência do sistema. Se um alvo tem uma redução de RCS de 1/1000 a potência do radar tem de ser aumentado por um fator de 1.000 para detectar uma aeronave furtiva que no alcance de uma aeronave não furtiva. Contudo, o aumento da potência é mais fácil em comprimentos de ondas longas que nas frequências rápidas usadas nos radares de controle de fogo. Radares de banda ultra-larga tem um problema similar. Um pulso de banda ultra-larga pode emitir ondas em várias frequências diferentes para pegar uma aeronave furtiva no ponto de pico na redução do RCS. Contudo, transmitindo numa banda larga diminuir a potência de cada banda, cortando a eficiência do radar.

A segunda questão a ser considerada é que as aeronaves furtivas são projetadas contra radares monoestáticos, o tipo usado em quase todos os sistemas de radar militares. Radares monoestáticos acoplam o transmissor e receptor no mesmo lugar, um processo que simplifica a função crucial da distância do rastreio. Na teoria, um radar bi-estático pode colocar o transmissor numa localização e o receptor em outra para ser capaz de pegar o que poderia ser chamado de "trilha" RCS que é dispersa do radar monoestático.
Contudo, radares bi-estáticos, enquanto como um simples conceito, tem muitos fundamentos técnicos e operacionais a serem superados. O raio na antena receptora deve interceptar seu raio companheiro transmitido e seguir o pulso transmitido que está se movendo a velocidade da luz. A não ser que o pulso transmitido e recebido estejam sincronizados, a medida da distância será impossível. Mesmo num radar bi-estático que funcione o volume de espaço aéreo a ser varrido a uma dada potência deve ser considerado. Quando um receptor, transmissor e alvo estão localizados numa mesma linha, o receptor pode ser comprimido pelo pulso transmitido, que esconde o retorno de radar do alvo. Seria como procurar a luz do sol dispersa por vênus.

A redução do RCS de aeronaves furtivas é difícil de conter. Melhorias nos radares devem demorar muito para alcançar o desempenho necessário que tem contra aeronaves convencionais e iguala-los contra aeronaves furtivas.

Ganhar o jogo do radar permanecerá o centro das operações do futuro. As ameaças da defesa aérea tem aumentado no século 20 e permanecerá assim no século 21. A furtividade não é uma panacéia, mas o limite que oferece no jogo do radar é indispensável. Junto com a vantagem da CME e de munições avançadas, o efeito da LO multiplica e será o futuro do poder aéreo no futuro.

 
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