À noite, o Taylor deitou em sua cama e ficou lá pensando. Não podia deixar de ficar triste com o que tinha acontecido aquela tarde. Mas o que faria com aquela mágoa? Pensou em sair com o George, beber até cair, transar com a primeira que se oferecesse e voltar para casa só de manhã. E gostou da idéia. Tirou o celular de seu bolso e começou a discar.

- Nem pense nisso.

            O Taylor assustou-se e viu Isaac parado na porta de seu quarto.

- Nem pense em ligar para o George.

- Como você sabia que...

- Depois de hoje, a primeira coisa que você pensaria em fazer seria sair e beber.

            O Taylor abaixou a cabeça um pouco envergonhado.

- Tay - o Isaac sentou na poltrona próxima a estante. - Eu sei que você está chateado, mas...

- Foi horrível, Ike. - Pausa. - Foi horrível ver a Patty com aquele cara.

- Eu sei...

- Eu gosto dela. Eu gosto de verdade.

- E isso é muito legal.

- Será que é mesmo? Isaac, eu não sei, mas eu tô começando a achar que não vale a pena gostar de alguém de verdade. Quando eu simplesmente ficava com as garotas, era tão mais fácil. Eu sentia vontade de beijar?, no problem, era só escolher quem. Mas agora... Não é mais tão fácil. E eu... Eu sofro - o Taylor disse meio baixinho. - Eu nunca fiquei do jeito que eu fiquei hoje por causa de uma garota. Eu fiquei... Puto! A vontade que eu tinha era de socar aquele Eduardo até ele pedir desculpas por existir - ele falava com rancor na voz. - E eu nunca fui ciumento.

- Você nunca foi ciumento porque nunca tinha gostado de ninguém.

- Mas... Eu tinha certeza de que, quando eu gostasse de alguém, eu ficaria bem. Eu não ficaria magoado ou puto e não veria a garota que eu gosto ficando com outro cara.

- Eu não sei no que você se baseou para pensar isso, mas eu nunca ouvi ninguém dizendo que seria fácil, Tay. Se era facilidade que você estava procurando quando começou a gostar da Patty, esqueça. Taylor, não é fácil gostar de alguém. Você passa por algumas coisas sim, mas isso não torna o processo menos incrível.

- Mas se é para eu sofrer, pra que serve isso? Eu acho que não devia continuar com isso, foi perda de tempo.

- Claro que não, pelo contrário. Isso que você está sentindo mostra que você amadureceu.

- Tá, lindo. Mas o que adianta eu gostar dela se é para ficar só no platônico? A Patty gosta daquele Eduardo. Ela quer ficar com ele, não comigo.

- Isso não impede que você diga pra ela o que você sente. Por que você não deixa que ela decida com quem quer ficar ao invés de ficar supondo atitudes que ela tomaria?

- Eu não estou supondo. Você ouviu ela falando hoje no shopping: "O cara que eu gosto".

- É, mas você tem que tentar. Ela já quis ficar com você uma vez.

- Ela brigou comigo logo depois, Isaac.

- Mas foi porque você estragou tudo.

            O Taylor pensou um minuto. Isaac continuou:

- Fala com ela, Taylor. Se ela disser que não, aí você vê o que faz. Só espero que voltar a beber e a galinhar não sejam opções para você. Claro, a não ser que você queira levar outra porrada como aquela que eu te dei.

- Puxa, Ike, tentador, mas não, obrigado.

            Isaac e Taylor cumprimentaram-se com as mãos, daquele jeito que só menino faz.

- Como eu estava dizendo desde o começo, eu vou fazer tudo direitinho - o Taylor finalizou a conversa. - E você nunca mais precisará me arrebentar a cara. - Isaac sorriu.

 

...

 

            Era noite quando o Zac resolveu dar umas voltas de carro. Não tinha o costume de fazer isso sozinho, mas decidira assim, do nada. Tinha ouvido a conversa dos irmãos no quarto do Taylor e ficara mais aliviado em saber que ele não havia desistido da Patty. Finalmente ele seria feliz na vida. Agora era torcer para que a Futemminha aceitasse o sentimento de Taylor para que essa felicidade começasse a funcionar.

            Colocou um dos seus cds favoritos para tocar, fechou as janelas quando sentiu o vento gelado que soprava e, ao parar no sinaleiro, amarrou os cabelos. E enquanto fazia esta ação, em um movimento de sua cabeça, olhou por ventura para o carro parado ao lado do seu. E viu uma garota no banco de trás acenando, batendo no vidro do veículo e gritando algumas coisas. Ele enrugou a testa, não entendendo o que a garota tentava dizer, chacoalhando a cabeça lamentando pela imbecilidade da menina. Foi quando reconheceu quem era:

- Não acredito. É aquela Ló - falou sozinho.

            O sinal mal abriu, ele já saiu fritando o pneu.

- O que é que essa louca está fazendo aqui? - falava sozinho enquanto dirigia.

            O carro da Ló tomou velocidade e começou a andar ao lado do de Zac. Ló agitava seus braços parecendo até estar ensaiando para alguma escola de samba.

- Meu Deus - Zac não acreditava.

            Continuou dirigindo calmamente ao certificar-se de que o carro estava longe. Estacionou com o seu e esperou alguns minutos, olhando pelo espelho retrovisor se o veículo de sua perseguidora se aproximava. Mas deu um grito de susto quando foi surpreendido pelos socos em sua janela e viu a cara da Ló colada no vidro, sorrindo e dizendo:

- Oi, Zachary!

            Ainda assustado, abriu a janela indignado:

- Quer me matar do coração, garota?!

- Ih, desculpe - ela ria. - Você tinha que ter visto a sua cara, Zachary.

- De onde você surgiu?

- O meu pai parou o carro ali na esquina e eu desci correndo para falar com você.

- O que você quer?

- Te contar que eu e o Dave estamos juntos.

- Mal posso me conter de alegria.

- E ele se desculpou por ter sumido dois meses, mas é que ele teve que viajar, acredita? - rindo. - E nem me avisou, o sem-vergonha.

- Se ele fosse bem esperto, não voltava a aparecer.

- O quê?

- Nada, esquece. Agora que você já mudou a minha vida com essas informações tão úteis, posso ir, fazendo o favor?

- Mas eu quero conversar com o meu amigo, oras.

- Eu não sou seu amigo - o Zac afirmou com a convicção grosseira de sempre.

- É sim. Você me ajudou aquele dia.

- Eu fui piedoso, paciente, mas não seu amigo.

- Não seja por isso, a partir de agora nós somos amigos - pegando a mão de Zac e chacoalhando-a, fechando uma espécie de acordo.

- Eu não acho uma boa idéia.

- E por que não? - ela não entendia as razões dele.

- Porque... - O Zac pensava em algum motivo bem absurdo. - Porque eu só faço amizades por telefone.

- Mas também não seja por isso      .

            A Ló arrancou um pedaço de papel e uma caneta dos bolsos, escreveu alguma coisa que o Zac não pôde ver e estendeu-lhe dizendo:

- Tá aqui ó, o meu número para quando você quiser conversar.

            O Zac leu o papel. Estava escrito Lóide e um número logo embaixo.

- Eu estava sendo irônico - disse com o papel em mãos.

- É mesmo? - ela perguntou. - Bom, então ganhou o meu número de telefone de brinde.

- O seu nome é Lóide?

- É sim, por quê?

- A sua mãe estava bêbada quando te registrou? - A garota ficou séria de repente. - Olha, eu tentei ser mais educado com você, mas você não ajudou muito. Então eu vou ter que ser direto: eu não quero ser seu amigo. Agora com licença porque...

- Você é um escroto - ela interrompeu, ainda séria. - Eu faço todo um esforço para alcançar o seu carro para poder te agradecer pelo o que você fez aquele dia por mim e é isso que você tem a me dizer? Que a minha mãe estava bêbada quando me registrou?

- Eu não pedi que você pensasse nada positivo sobre mim.

- Claro que você não pediu. Você estava com a sua boca muito ocupada ruminando.

            O Zac ficou extremamente ofendido com aquele comentário. E antes que pudesse revidar a ofensa, Ló continuou:

- Eu achei que tinha arranjado um amigo, mas você não passa de um moleque de bosta que cita a mãe dos outros em suas piadinhas para deixá-las mais geniais. Como eu pude pensar que um cretino como você faria algo de bom por alguém? Eu tenho pena de quem tem que te aturar por perto sempre, sabia? Se só te vendo duas vezes, você conseguiu me magoar sem eu nem te conhecer direito, imagine o que você não faz com as pessoas que te amam?

- Foi você quem chegou desesperada até mim atrás de um tal de Dave, tá legal? Eu nunca sequer dei a entender que estava fazendo uma caridade pra você.

- E pra explicar isso você tem que citar a minha mãe? - ela disse ainda mais colérica. - Só para a sua informação, ela morreu dde câncer no cérebro quando eu tinha quatro anos de idade, seu boçal. Portanto não fale do meu nome, da minha mãe ou sobre nada que seja relacionado a minha vida porque eu não te dei essa liberdade.

            A intenção de magoá-lo ao dizer tais palavras e a fúria que a Ló depositou nas frases ao proferi-las era maior do que todos os dias ruins do Zac juntos desde o momento de seu nascimento. Principalmente no momento em que ela citou a morte da mãe.

- O que você quer? - o Zac perguntou, levantando as mãos. - Que eu me desculpe por não ter simpatizado com a sua causa? Que eu me desculpe por não fazer nem idéia de que a sua mãe está morta?

- Eu quero que você vá pro inferno - disse, cerrando os dentes.

            Então ela saiu deixando o Zac em seu carrão, completamente atordoado. Este ficou observando-a até que virasse a esquina e sumisse. Uns segundos depois, o carro do pai de Ló apareceu, passando pelo do Zac estacionado. Ele pôde vê-la sentada no banco de passageiros com a expressão de raiva mais sincera que ele já havia visto. Por mais que não admitisse, aquilo o havia feito pensar. Percebera que tinha deixado Ló brava de verdade quando mencionou a mãe da garota e pela primeira vez em toda a sua carreira de grosseirão, achou que a sua postura deveria ser reavaliada. Ficou algum tempo no carro pensando. E como quem está pouco se importando, deu a ré no carro e voltou para casa.

            Após estacionar, o Zac entrou em casa brincando com as chaves, jogando-as no ar e pegando-as novamente, pensativo. Ao abrir a porta, Avery, uma das irmãs mais novas, veio correndo e agarrou-se em sua cintura.

- Zac, Zac, me ajuda!

- O que houve?

- O Isaac, ele...

            Então Avery gritou alto ao ver que o irmão mais velho aparecia, vindo da outra sala, com Mackenzie nos ombros, ambos formando uma espécie de monstro. Isaac fazia caretas estranhíssimas e dizia, em uma voz medonha:

- Avery, eu vou te pegar.

- Não vai, não! Zac, me ajuda.

 

            Zac ria. Foi quando Taylor veio das escadas com uma colcha que lhe escondia o corpo. Jessica estava com as pernas nos ombros do irmão, pendurada de cabeça para baixo, fazendo com que apenas seu rosto aparecesse. Revirava os olhos e mostrava a língua, gritando pelo nome de Avery junto com Taylor. Zac riu mais.

- Ai, Zac, eles vão me pegar. Me ajuda!

- Avery - Zac disse, erguendo-a até que ficasse a altura de seus olhos. -, quem é o grandão aqui da casa?

- O papai.

- Tá, o segundo.

- Você.

- Pouco grande ou muito grande?

- Muito.

- Quem é que consegue bater em qualquer um que te incomode?

- Você.

- E quem é o mais bonito?

- Você.

- Portanto, quem vai te proteger?

- Mmm... Um milagre?

- Avery - colocando-a no chão. -, se você quiser ficar sozinha na sala com esses seres humanos perturbados, é bom você...

- Não, não, por favor. É você, é você, é você - a garotinha falava em pânico.

- Melhorou. Vem, sobe aqui. - Zac a colocou sobre seus ombros. - Agora quero ver quem vai enfrentar a gente.

- ÉÉÉÉ - Avery berrou empolgada, com os braços para cima.

- Ei, reforço não vale - Mackenzie reclamou.

- Você não quer nada, né seu pirralho? - Zac disse. - Quatro contra uma não é justo. Agora é quatro contra quatro.

- Zac, seu estúpido, você contou errado - Jessica advertiu. - Você e a Avie estão em dois e não em quatro.

- Mas o Zachary aqui vale por três, sua merdinha. - Zac disse, sorrindo sarcástico.

- Você não pode chamar a sua própria irmã de merdinha! - Jessica reclamou.

- Posso sim. É para isso que as irmãs servem.

- É isso aí, Zaaac! - Avery gritava.

- Jessica merdinha, Jessica merdinha - Mackenzie repetia, rindo muito.

- Taylor, faz alguma coisa! Você é a minha outra metade de monstro - Jessica exigiu.

- Jessie, o que você espera que eu faça com um lençol na minha cara?

            Jessica tinha um gênio parecido com o do Zac. Irritava-se fácil. Somado a isso, ainda tinha o detalhe de que ela era a mais mimada das meninas da casa. Desceu então dos ombros de Taylor e subiu para o quarto chorando e gritando:

- Eu odeio você, Zac! Eu odeio!

- Ih... Acho que ela não quer mais brincar - Avery comentou. - Droga, só porque a gente tava ganhando.

- Zac, você não precisava ter feito a Jessie chorar - Isaac disse, descendo Mackenzie de sua garupa.

- Essa garota sempre chora, Ike.

- A Jessie é uma chorona, isso aí - Mackenzie concordou.

- Você sabe que é sempre você que a deixa irritada.

- E daí? - Zac deu de ombros.

- Como e daí, Zac? - Taylor interferiu. - Ela é sua irmã.

- A Avery também é, e eu gosto dela.

            Pode-se então ouvir Jessica chorando mais alto do segundo andar:

- O Zac não gosta de mim, mãããe! Buááááá!

- Claro que ele gosta, meu anjo - ouviu-se Diana consolando a filha. - Zachary Walker Hanson - ela gritou, descendo as escadas. -, você está de castigo!

- Castigo?!

- Castigo! Você vai ficar hoje à noite em casa provando para a sua irmã que você a ama e muito! Nada de sair, did I make myself clear?!

- Mãe, nós íamos sair tocar, porra! - Zac gritou.

- Pois agora você vai ficar em casa por mais uma semana aprendendo a tirar esse maldito "porra" da sua boca! - Diana gritou mais brava ainda. Jessica continuava chorando. - Continue com esse vocabulário dentro dessa casa e eu te ensino tudo sobre serviço doméstico e te coloco no lugar da Gina por um período de três décadas!

            Com um olhar muito bravo, Diana subiu para o segundo andar e voltou para o quarto da filha que continuava com os berros, aos prantos. Mackenzie se agachou já esperando pela explosão de Zac. Mas ela nunca ocorreu.

- Que merda - ele apenas sussurrou.

- Tudo bem, Zac, daqui a pouco a mãe esquece isso - Taylor disse.

- E sem você, nós nem vamos tocar mais - Isaac completou.

            Zac tirou Avery de seus ombros e continuou quieto.

- Talvez nós devêssemos ligar para a Patty vir aqui - Isaac sugeriu. - Nós ainda temos que nos desculpar com ela por causa de hoje no shopping.

- É, é uma boa idéia - Taylor concordou.

            Zac permanecia em silêncio.

- O que você acha, Zac?

- Eu não acho nada.

            Então subiu para seu quarto.

- O que o Zac tem? - Isaac perguntou.

- Estranho, né? - Taylor sabia exatamente dos motivos do irmão mais velho para estranhar aquilo.

- O Zac nunca fica assim quando a mãe briga com ele. Ele sempre explode, quebra alguma coisa e pronto, já está tudo bem.

- Acho que eu vou falar com ele - Taylor sugeriu.

- Eu acho uma boa idéia.

- O Zac vai brigar você, Tay, não sobe lá - a Avery disse, com certo medo nos olhos.

- Calma, Avie, ele não vai fazer nada.

            Taylor bateu na porta do quarto do irmão antes de entrar.

- Zac?

- O que é? - ele respondeu lá de dentro.

- Será que eu posso...? - Taylor perguntou, já abrindo a porta devagarzinho.

- Pode.

            Calmamente, Jordan fechou a porta e sentou-se no chão, distante de Zac.

- Pode chegar mais perto, eu não vou voar em você.

- Eu sei que você não vai. Eu te conheço.

            Zac respondeu àquilo com um movimento das sobrancelhas.

- O que houve lá embaixo? - Taylor perguntou. - Você deveria ter, no mínimo, chutado alguma coisa ou quebrado um móvel ou destruído a casa...

- É o que você esperava que eu fizesse de verdade?

- Claro, oras.

- Que merda! - o Zackito estava prestes a chutar a cama, mas freou os pés antes que se chocassem com o móvel. Respirou fundo e sentou-se novamente.

- What's wrong, Zac?

- Taylor, seja sincero. Você acha que eu sou muito grosseiro?

- Bom, Zac, essa é uma pergunta muito difícil e...

- Fala, porra.

            Taylor apenas levantou as sobrancelhas.

- Foi mau, é que... - Zac passou as mãos pelos cabelos. - Merda. Eu sou mesmo um escroto então...

- Zac, você não é escroto. É só que... Você não tem tanta paciência com as coisas.

- É muito difícil conviver comigo?

- Eu convivo com você a exatos 16 anos. Já deu tempo de aprender a lidar.

- Aprender a lidar? Eu devo ser um chute no saco, cara, fala sério...

- Do que exatamente essa conversa se trata?

- É que... Bom, hoje eu... É que uma garota que eu conheço disse umas coisas pra mim e... Ah, esquece.

- Não, me conta. Eu quero te ajudar.

            Zac olhou para o irmão um momento. E então prosseguiu:

- Bom, ela disse que... Que tinha pena de quem tinha que me aturar por perto sempre.

- Mas por que ela disse isso?

            A conversa que tivera com Ló voltou a mente de Zac claramente e este contou cada detalhe ao irmão do meio.

- E então ela me mandou ir para o inferno e foi embora.

- Ela ficou magoada. Por isso disse essas coisas.

- Não, Taylor. Todas as pessoas do mundo que conversaram comigo por mais de dois minutos gostariam de me dizer as mesmas coisas. Mas a Ló foi a única que teve coragem de me enfrentar. - Pausa. - Talvez eu seja mesmo tudo isso que ela disse. Você viu agora pouco, eu fiz a Jessie chorar com uma só frase. Agora ela está lá no quarto chorando no colo da mamãe porque ela acha que eu não gosto dela.

- Ela é sua irmã, como você poderia não amá-la?

- Por mais óbvio que isso pareça, eu ainda consegui deixar a Jessica triste e fazê-la acreditar de verdade que eu não a amo. E isso é horrível! Eu não quero mais machucar as pessoas que... Que se importam comigo. - O Zac abaixou a cabeça e suspirou. - Você, por exemplo. Você abriu mão da banda, que era o que você mais amava, por mim. E quantas vezes eu te agradeci por isso? - O Zac pensou um minuto. - Meu Deus, eu nunca te agradeci por isso. Que espécie de ser humano eu sou?

- Zac, não fala besteira...

- Gosh I suck.

- Não diga isso! Zac, you don't suck. É a sua personalidade, só isso. Não está escrito em nenhum lugar que existe um modelo de personalidade perfeita. As pessoas...

- Não venha com o discurso "As pessoas são diferentes" porque não é disso que eu estou falando - o Zac interrompeu. - Eu estou falando de mim e de como eu ajo com quem está a minha volta. Qualquer um que se aproxima eu mando ir à merda! E na maioria das vezes, eu não tenho nem a consideração de querer saber o nome do indivíduo.

- Para mandar ir à merda você não precisa saber o nome, Zac.

- Tá, mas eu pelo menos tenho que ter uma razão pra fazer isso.

- Zac, você só está assim porque está sentindo-se mal pelo o que aconteceu. Você não é uma pessoa ruim. Senão não teria ajudado a Ló na primeira vez que a viu. Tudo bem que você sempre resiste um pouco para ser amável com as pessoas, mas acaba cedendo.

- Mas... Mas eu sou impaciente e... Estressado. Tá, tá, eu admito, eu sou estressado! O Isaac estava certo todas as vezes que disse isso e eu fiquei puto!

- Essas não são características de uma pessoa ruim.

- Ah, Tay... Você fala isso porque é meu irmão. Se você perguntar pra qualquer garota nessa cidade o que acham de mim, elas vão dizer que eu sou um mal-educado, mal-humorado, grosseiro, escroto, orgulhoso, metido...

- E se você perguntar para as garotas da cidade o que elas acham de mim elas vão dizer que eu sou lindo, maravilhoso, fofinho, gostoso, bom de cama...

- Tá e o que tem a ver?

- Tem a ver que, nem as que me amam, nem as que te amam ou odeiam, nenhuma delas te conhecem ou me conhecem. Elas julgam pelo o que elas vêem. Pela impressão que a gente passa. Você mal conversou com a Ló e ela já quis ser sua amiga. Ela está chateada com você agora porque você foi sim estúpido com ela. Mas antes disso, mesmo você sendo sarcástico e impaciente, ela gostou de você e quis ser sua amiga. Então é porque você é uma boa pessoa sim. E também, essas garotas galinhas não têm caráter nenhum. Elas só querem cama. Elas jamais iriam procurar enxergar em você alguém para se gostar.

            O Zac não disse nada. Ficou quieto pensando. Taylor levantou-se e disse:

- Procure a Ló e se desculpe com ela. Você vai se sentir bem melhor.

            Já estava saindo do quarto, quando Zac o chamou:

- Tay?

- Hmm?

- Thanx, brother. Você é uma das pessoas mais importantes que eu tenho.

- Same here - o Cumprido disse, sorrindo.

            Quando já estava entrando em seu quarto, Taylor parou ao ouvir Zac gritando:

- Ok, Jessie, chega de choro, sister. C'mon, girl, I love you e você não precisa mais chorar por causa do Zackyzinho aqui.

- Não, sai daqui! - Jessica respondia. - Mãe, manda ele ir embora!

- Não, eu não vou sair até que você pare de chorar e deixe que eu me redima. A gente pode brincar do que você escolher. Joguinhos da Barbie, Casinha... Eu posso ser o seu segurança.

- Não quero.

- Sweetheart, seu irmão está sendo sincero - Diana disse. - Ele quer fazer as pazes com você.

- Eu sei o que ele está tentando fazer. Ele quer me comprar! - Jessica gritou.

- Jessie, se eu quisesse te comprar, eu não me submeteria a nenhum tipo de brincadeira humilhante com você. Eu simplesmente faria algo que não afetasse tanto a minha dignidade.

- A gente pode brincar do que eu quiser?

- Do que você quiser - Zac confirmou.

- Até de desfile?

- De desfile? Jessie! - Zac protestou.

- Claro que até de desfile, querida - Diana adiantou-se. - O Zac a magoou e agora ele quer melhorar as coisas com você.

- Tá, a gente brinca de desfile, saco.

- Woohoo! I love you, brother! - Jessica disse, empolgada.

- Yeah, yeah, yeah, whatever - Zac suspirou.

            Taylor sorriu e só então fechou a porta do quarto.

 

Capítulo 14 / Índice / Capítulo 16