-
Taylor, Taylor.
-
Ãã, o que...? - dormindo.
-
Taylor, acorda.
-
O que... O que foi, Zac? - coçando os olhos.
-
Você vai querer correr comigo hoje?
-
Claro, eu... - voltando a deitar. - Eu só vou dormir mais um pouquinho e... Rooonc,
Fiiiiu...
-
Mas é uma lesma mesmo.
O
Zac deu um empurrão no Taylor para tentar acordá-lo de vez, mas a única coisa
que conseguiu foi que ele virasse de lado. Suspirou e saiu correr sozinho mesmo.
Sentia-se
bem melhor. E correr só fazia com que essa sensação boa melhorasse. Naquela
manhã, todas as meninas que tentaram se aproximar de Zac, receberam as mesmas
respostas grosseiras e sarcásticas de sempre. Porém desta vez, Zachary tinha
consciência do que fazia. Decidira não mudar seu jeito de ser, apenas
controlar um pouco seus defeitos quando achasse necessário.
Corria
pelo mesmo caminho de sempre, no mesmo parque de sempre. Tudo corria como
normalmente, mas surpreendeu-se ao ver Ló sentada no gramado mais a frente.
Olhava no relógio e parecia esperar por alguém. E por mais rígido que fosse
com os seus métodos e programas de correr, sabia que era preciso parar para
conversar com ela.
-
Oi - parado frente a ela.
Ló
assustou-se, pois estava distraída.
-
Que susto, Zachary.
-
Isso é pelo susto de ontem quando você bateu no vidro do meu carro.
-
Nhé, nhé, nhé - ela fez careta, fazendo pouco caso da tentativa dele de ser
simpático.
-
O que está fazendo aqui tão cedo?
-
Eu estava pensando em fazer umas apostas em corrida de cavalo. Até agora, você
é o que trota melhor por aqui.
-
Ouch - ele fingiu estar
sendo ferido no peito.
-
Eu também sei ser sarcástica.
-
Notei.
Silêncio.
-
Você... - o Zac começou.
-
Não.
-
Mas...
-
Também não.
-
Você nem sabe o que eu ia perguntar!
-
Você por acaso ia dizer que já estava de saída?
-
Não!
-
Então eu não quero saber o que é.
-
Olha, se você quer que eu perceba que você está brava, congrats,
você está fazendo um ótimo trabalho.
-
Isso porque você ainda não me viu enforcando alguém.
O
Zac pensou um minuto. E continuou:
-
Quando nós ainda tínhamos a banda, na época em que estávamos bastante
famosos...
-
Você vai me convencer de que você é uma boa pessoa me contando do quanto você
era famoso? É assim que você pede desculpas no seu mundinho burlesco?
-
Cala a boca e escuta, merda.
-
E lá vem o coice.
Então
ele prosseguiu:
-
Nessa época em que nós estávamos muito famosos mesmo, a nossa vida estava uma
loucura. Eu não saía de casa porque poderia ser morto por fãs obcecadas, eu não
mandava mais na minha própria vida, eu não fazia nada de interessante, a não
ser tocar e compor com os meus irmãos. Chegou a um ponto que até isso perdeu a
graça pra mim. Eu não tinha vontade de fazer mais nada relacionado à música.
Eu vivia puto, revoltado, de cara fechada.
Zac
era ouvido atentamente.
-
E tinha uma garota que sempre me observava de longe, mas nunca se aproximava. Eu
não saía muito, mas as poucas vezes que eu saía de dentro de casa, eu a via
me olhando. Ela até acenava pra mim de vez em quando, mas eu nunca respondia.
Até que um dia ela veio falar comigo. Disse que gostava da minha música, que
também tocava bateria e pensou em trocar umas idéias comigo sobre o assunto.
Ela disse também que me admirava muito porque eu consegui ser reconhecido com tão
pouca idade e falou que não se aproximou antes para conversar porque estava
receosa.
O
Zac deu uma pausa. A Ló levantou as sobrancelhas e disse:
-
E aí, e depois?
-
Bom, eu... Eu a empurrei e mandei a garota ir a merda. Falei que eu não queria
papo e que estava cagando para o que ela pensava sobre o meu trabalho. - A Ló
fez um olhar de lamentação. - Ela não tinha dito nada de errado, eu sei. Deu
pra ver que tudo o que ela queria era fazer amizade. Ela saiu completamente
decepcionada. Eu me arrependi depois, claro, mas aí já estava feito.
-
E...? - pedindo que ele continuasse.
-
Eu reagi daquele jeito com você ontem porque... Porque sei lá! Eu sou assim
mesmo. E eu não posso mudar isso. O que eu posso fazer é tentar me desculpar e
falar que foi uma puta mancada o que eu disse sobre a sua mãe e sobre o seu
nome.
-
Oi, Ló.
O
Zac e a Ló viraram para ver quem era.
-
Oi, Dave. Tudo bem? - a Ló disse, levantando. - Dave, esse é o Zachary. Aquele
que eu confundi com você aquele dia.
-
Ah, oi Zachary - o Dave sorriu, estendendo a mão para cumprimentá-lo. - A Ló
me contou sobre você e sobre o que você fez.
-
Mas eu nem fiz nada.
-
Bom, para ela significou muito.
O
Dave era um garoto alto, cabeludo e loiro, de olhos castanhos. Era idêntico ao
Zac. O que diferenciava era o detalhe de ele ter músculos no lugar das
gordurinhas, que no caso do Zackito, eram as responsáveis por todo o seu
tamanho.
-
E aí, Ló, vamos indo? - o Dave perguntou.
-
Claro. Bom, Zachary, depois a gente conversa.
-
Tudo bem. Até mais.
Os
dois saíram de mãos dadas. Zac correu aquela manhã bem mais aliviado.
...
Aquele
cinza do céu tão característico das manhãs, quando o dia ainda não está
totalmente claro, foi sumindo e o sol foi firmando-se no céu. A janela do
quarto do Taylor estava entreaberta e por causa disso, ele pode sentir o calor
entrando e batendo em seu rosto. Deu um pulo da cama. Completamente sonolento,
apanhou seu relógio de pulso no móvel preto ao lado de sua cama e percebeu que
não havia conseguido levantar para correr com o irmão.
-
Droga.
Esfregou
os olhos, levantou e foi até a janela. Estava um dia lindo. Através do alto do
muro da mansão dos Hanson, conseguiu enxergar algumas velhinhas caminhando pela
região. Olhou para o céu e a Futemminha lhe veio a cabeça. Lembrou de alguns
momentos em que passaram juntos, o que o fez sorrir com ternura. Mas como se
estivesse bom demais para ser verdade, lembrou-se também do Eduardo. E a voz da
Patrícia dizendo, no dia do shopping, veio-lhe à tona na mente: "Vocês não
conhecem o Eduardo, portanto não é do direito de vocês ficar comentando do
garoto que eu gosto". Parecia até piada. Finalmente, quando ele tinha
encontrado alguém para gostar de verdade, chega um outro babaca e toma o lugar
do Taylor. Mas ele tinha bom censo, sabia que conseguiria ficar com a Patty
aquele que merecesse. O Taylor ia lutar. Ele amava a Futemminha demais e a
queria só para ele.
Abriu
então uma das gavetas de sua estante, tirando a caixinha com os brincos que
comprara para ela há tempos atrás.
-
É, Taylor - disse em voz alta, analisando a jóia. -, está na hora de falar.
...
Mais
tarde estava toda a família Hanson reunida para o jantar. A falação, o
barulho dos talheres, risadas... Cena típica de família grande. A Gina servia
os pratos quando Zöe surgiu de debaixo da mesa e a assustou. Avery achou graça
da cara de assustada da empregada, mas Walker não gostou nada da brincadeira e
chamou a atenção das filhas mais novas. Já o Isaac e o Zac disputavam uma
queda de braço sobre a mesa de jantar, enquanto Mackenzie e Jessica torciam
cada um para um dos irmãos. O Taylor ouvia a mãe contar sobre o documentário
interessantíssimo que ela tinha visto sobre formigas e sua genial organização
social. Estava um saco, mas o Taylor simplesmente não tinha coragem de cortá-la
já que ela contava tão empolgada.
Logo
que a Gina terminou de colocar tudo na mesa, o jantar começou.
-
Depois eu termino de te contar, querido - a Diana disse para o filho.
-
Ah, claro mãe - o Taylor sorriu amarelo.
-
E então, Isaac - Walker perguntou. -, como está com aquela japonesinha?
O
Zac e o Taylor olharam para o irmão mais velho.
-
É só minha amiga, pai - o Isaac respondeu. - Eu já te disse isso.
-
Mas ela é bonitinha, não é? Pensei que você ficasse com todas as meninas
bonitinhas que aparecessem.
-
Esse é o Taylor, pai.
-
Era, Ike - a Gina se intrometeu. - O Cumprido não é mais assim.
O
Taylor sorriu. Isaac concordou:
-
Eu sei, Gina.
-
E por que não? - Walker perguntou. - É ótimo para a reputação ficar com várias
garotas.
-
Ah, pai, eu quero arranjar uma namorada - o Tay explicou.
-
Namorada? Você já quer ficar preso assim tão novo?
-
Não é isso - Taylor disse. - Eu não vou ficar preso. Eu apenas vou ficar com
uma pessoa só em vez de várias ao mesmo tempo.
-
Com 19 anos? Para quê, meu filho? Namoradas só dão dor de cabeça, só
atrapalham.
-
O que é isso, Walker? - Diana protestou. - O que o Taylor vai aprender com esse
tipo de conselho?
-
Vai aprender sobre a vida, Diana. Eu não quero saber de filho meu
compromissado. No começo tudo é lindo. Beijinho pra cá, beijinho pra lá...
Mas e depois? Hein? Eu te digo o que vem depois - Walker apontava com o garfo. -
A garota engravida para segurar o Taylor e exige que ele se case com ela. Mas
como ele não vai querer, ela vai terminar o namoro e vai usar o filho que está
em sua barriga para tirar dinheiro da nossa família com a maldita pensão.
O
Zac olhou para o Taylor e fez um "uau" com a boca, sem deixar sair
som.
-
Walker, isso não vai acontecer. Você prefere que o Taylor fique saindo todas
as noites com qualquer garota, bebendo, fazendo besteiras? E as doenças? É
muito perigoso - levando à boca então a taça de vinho.
-
Tay, meu filho. Escute o seu pai. Namoradas não são bom negócio.
-
Pai, eu acho que isso é o Taylor quem decide - o Isaac finalmente disse.
-
Mas como pai, é o meu dever avisá-lo sobre o que é o melhor para ele.
-
Walker, no que você se baseou para achar que esse é o melhor para o nosso
filho?
-
Ok, folks, ok. I got it - o
Taylor disse.
O telefone toca.
-
Deixa que eu atendo - o Zac já adiantou-se.
Correu
até a outra sala para atender.
-
Alo?
-
Oi, Zachary. É a Ló.
-
Nossa, oi.
-
Tudo bem?
-
Tudo.
-
Tá ocupado?
-
Jantando.
-
Se quiser, eu...
-
Não, não. Você não sabe o favorzão que você fez me tirando de lá.
-
Que houve?
-
Meus progenitores malas estão discutindo a vida amorosa do meu irmão.
Acredite, não está nada divertido.
-
Se você diz... - ela riu.
-
Mas você ligou pra...?
-
Pra te salvar, oras.
O
Zac riu.
-
Yeah,
right.
-
Ok, não foi por isso - ela riu. - Eu liguei para dizer, oficialmente, que eu te
perdôo.
-
Puxa, é mesmo?
-
É.
-
Que bom.
-
Nossa, Zachary, não precisa ficar assim tão emocionado.
-
Eu estou segurando as lágrimas, na verdade.
-
Claro, claro. Eu sabia disso.
-
Como você conseguiu meu telefone? - o Zac perguntou.
-
Não foi muito difícil. Vocês têm muitas admiradoras por aqui, sabia?
-
É, eu sei. Bom, posso ir?
-
Considerando o fato de que nós vivemos em um país democrático... É, pode
sim.
-
Obrigado.
-
Ah! Uma coisa.
-
O que foi?
-
Hoje, no parque, quando o Dave chegou, vendo vocês dois, um ao lado do outro,
eu cheguei a uma conclusão.
-
Really? E qual foi? -
em tom de deboche.
-
Que ele é muito mais bonito que você.
-
Ah, é mesmo?
-
É - ela riu.
-
Eu tenho uma ótima piada sobre garotas feiosas com nomes bizarros. Quer ouvir?
-
Claro, vá em frente.
-
Era uma vez uma garota...
-
Zachary?! Zachary?! Eu não estou te ouvindo!
-
Eu sei o que você está tentando fazer.
-
Zachary?! Alo?! Puxa, a ligação está horrível! - ela fazia uns barulhos com
a boca. - Zachary?!
-
Eu sei que você está me ouvindo!
-
Zachary?! Você está aí?! Nossa, eu não ouço nada! - fazia mais barulhos com
a boca. - Eu acho melhor eu desligar! Tá?! Alo?! Ok, tchau!
-
Alo? Ló?! - o Zac berrou. - Alo?
Então
ele desligou e sorriu.
-
Eu não acredito que ela fez isso. Bitch
- rindo sozinho.
E voltou a mesa de jantar muito feliz.
Capítulo
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