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Saúde

Síndrome de Gilles de la Tourette - Tiques nervosos

O que vêm a ser os tiques nervosos que freqüentemente observamos em crianças e adolescentes?

Os tiques são movimentos ou emissão de sons bruscos e repetitivos, sem função ou objetivo. As pessoas que têm tiques sentem uma necessidade quase incontrolável em executá-los. Se forem impedidas, muitas vezes se tornam irritadas e, depois de um tempo, manifestam os tiques de maneira mais intensa, como se estes tivessem sido apenas represados mas não extintos.

Outra característica dos tiques é que eles podem ser mais intensos em determinadas situações (stress) e podem mudar de forma com o tempo. Se antes alguém piscava com o olho, depois de um tempo pode erguer o ombro ou produzir um som como se estivesse desobstruindo o nariz. Muitas vezes os tiques cedem completamente por um tempo ou até para sempre. Na maioria das crianças é esse o caso. Elas apresentam tiques de maneira passageira e depois de alguns meses não têm mais sintoma nenhum.

Se os tiques permanecem por mais de um ano, fala-se em tiques crônicos. Dependendo da natureza do tique e como a criança se sente incomodada por ele, pode ser indicado um tratamento medicamentoso, geralmente indicado e prescrito por neurologistas infantis ou psiquiatras infantis.

Se por mais de um ano a criança apresenta tiques e durante um período estiveram presentes concomitantemente tiques motores e vocais, fala se em Síndrome de Gilles de la Tourette ou, mais simples, Síndrome de Tourette.

Foi Gilles de la Tourette quem primeiro descreveu este distúrbio em 1885. Na síndrome de Tourette os pacientes podem sentir compulsões mais complexas como pronunciar palavrões, fazer gestos obscenos ou tocar certos objetos e pessoas. Nem todos os pacientes apresentam estas formas extremas. A coprolalia (falar palavrões) e a copropraxia (fazer gestos obscenos) estão presentes em apenas 10% dos pacientes com síndrome de Tourette. Como nos tiques crônicos, pode ser indicado um tratamento medicamentoso, quando os tiques chegam a incomodar muito a criança, impedindo que ela mantenha uma vida social e escolar regular.

Qual é a causa dos tiques?

A origem dos tiques é neurológica. Tem se evidência que ocorre um distúrbio na transmissão de impulsos nervosos no chamado sistema dopaminérgico. São células nervosas que passam os sinais nervosos de uma para a outra secretando uma substância chamada dopamina. Medicações que bloqueiam a liberação da dopamina conseguem diminuir consideravelmente os sintomas dos pacientes.

O que fazer?

1. Falar com a criança sobre os tiques, tranqüilizando-a de que provavelmente após alguns meses vão cessar.

2. Em casos de tiques crônicos ou na síndrome de Tourette, explicar os sintomas aos educadores e professores. É importante deixar claro, que a criança não pretende provocar ninguém com os tiques. Muitas vezes as crianças com tiques crônicos também sofrem de déficit de atenção e de hiperatividade. Se os tiques ficam muito intensos durante provas, pode ser uma ajuda permitir à criança sair da sala por um tempo, para "soltar os tiques" ou fazer a prova em uma sala separada.

3. Explicar os sintomas aos colegas. "O que a gente entende, a gente aceita."

4. Procurar ajuda médica quando os tiques são tão intensos que incomodam a criança ou comprometem seus contatos sociais ou o desempenho na escola.

O que não fazer?

1. Não recriminar a criança pelos seus tiques. Ela não faz por querer nem pegou a mania de alguém.

2. Evitar tratar sintomas hipercinéticos com Anfetaminas por exemplo RitalinTM, pois esta medicação tende a piorar os tiques.

3. Não tratar qualquer tipo de tique só porque os pais "acham feio" ou sentem vergonha. Quem determina a necessidade de tratamento, é a criança.



Kraus de Camargo, O (1999)
Saúde - Distúrbios do Comportamento ( ParentsLove)

Bibliografia

Blum, N J Repetitive Behaviors in: Levine, Carey, Crocker (edt)Developmental Behavioral Pediatrics 3rd edit cap 45, pg 430-442, W.B.Sounders,1999
Kuperman S, Tic Disorders in Children and Adolescents in Greydanus D E Wolraich M L (edt) Behavioral Pediatrics cap 33,pg 451-463, Springer Verlag,1991

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ENTRY DATE: January 1997

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