Eça de Queiroz (1845-1900) visto no escritório da sua casa em Neuilly, nos arredores de Paris, onde viveu os seus últimos anos. Foi um mestre absoluto da escrita e um brilhante cientista social. Quase todos os seus livros são clássicos da literatura portuguesa, destacando-se entre eles "Os Maias" e "O Crime do Padre Amaro".

Jacinto é o personagem principal de "A Cidade e As Serras", romance escrito entre 1894-94 e publicado postumamente em 1901. Nasce em Paris, no 202 dos Campos Elísios, filho de uma família portuguesa riquíssima, radicada em França, herdando em Portugal o solar de Tormes, no Douro. A propriedade é uma recriação da Quinta de Vila Nova, que coube em partilhas à mulher de Eça de Queiroz, em 1892, ficando situada em Santa Cruz do Douro, concelho de Baião.

Com a ideia de que "O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado", Jacinto resolve reunir no 202 tudo aquilo que a Civilização e a cultura lhe podem dar. Mas acabará por ter um "salutar horror da Cidade", em especial graças à influência do seu amigo Zé Fernandes, que aponta-lhe a miséria das plebes, "condição do esplendor sereno da Cidade": - "E um povo chora de fome, e da fome dos seus pequeninos - para que os Jacintos, em Janeiro, debiquem, bocejando, sobre pratos de Saxe, morangos gelados em champanhe e avivados de um fio de éter!". Salvá-lo-á uma carta do procurador Silvério, a comunicar que uma tormenta causara enormes prejuízos no seu solar de Tormes, no Douro, soterrando os ossos dos seus antepassados numa capela rústica do século XVI. Será este o motivo que o levará de regresso a Portugal.



Obra consultada:
Dicionário de Eça de Queiroz, A. Campos Matos
Editorial Caminho  » , Lisboa, 2ª edição, 1993

Exemplares disponíveis nas bibliotecas municipais
- Reprodução não oficial -


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