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VEM AÍ A NOVA VERA CRUZ

 

TV-cinema - A dobradinha televisão-cinema, aliás, é o grande alicerce sobre o qual a Nova Vera Cruz pretende atuar em escala industrial. Na Europa, o crescimento da televisão é considerado a força motriz para a indústria cinematográfica, como mostra o Canal Plus, e é nisso que a TV Cultura-Vera Cruz aposta. A Cultura já passa por processo de digitalização da TV e implantação da TV de alta definição. A partir de 2000 terá câmaras digitais com resolução compatível com a do cinema. Isso permite transferir o produto digital para o filme quando este filme for distribuído para os cinemas convencionais. A televisão analógica tem data prevista para acabar: 2005.

O mercado potencial que se abre com a fusão cinema-televisão a partir dessas novas tecnologias já foi vislumbrado pela TV Cultura em experiência inédita no Brasil - o PIC-TV (Projeto de Integração Cinema-Televisão). Trata-se de parceria entre Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo e Fundação Padre Anchieta para produzir e exibir filmes e séries televisivas. Como território onde é feita a metade dos filmes brasileiros e sede de um terço das salas de cinema no País, São Paulo financia uma parte, a iniciativa privada outra - movida por abatimentos de impostos - e o governo federal o restante. Lançado em 1996, o PIC-TV contabiliza 37 filmes em co-produção, sete em lançamento e três programados. O governo do Estado já injetou R$ 25 milhões em obras como Coração Iluminado, Policarpo Quaresma, Boleiros, Dois Córregos e Castelo Rá-Tim-Bum.

Assim que concluídos, os dois galpões principais da Vera Cruz se transformarão nos estúdios da TV Cultura, que na parceria com a Prefeitura de São Bernardo ganhou o direito de explorar o local por 20 anos. Os equipamentos estão sendo dimensionados para que sejam realizados pelo menos 30 longas-metragens por ano, além de outros produtos que não filmes de ficção, como comerciais, institucionais, programas de TV, curtas e médias-metragens, entre outros, por meio de produção própria ou de locação de espaços para outras companhias. Ao fundo dos estúdios será montada uma cidade cenográfica para complementar a capacidade de produção de filmes. A área total soma 43 mil metros quadrados - onde estão dois estúdios de 2.720 metros quadrados e pé direito de 14 metros. Filmes co-produzidos pelo PIC-TV já têm público cativo calculado em cinco milhões de espectadores, incluindo TV Cultura, TVE do Rio e outras emissoras educativas espalhadas por vários Estados. No cinema o potencial de mercado ainda é pouco explorado. São 1,1 mil salas no País, o que significa uma sala para 125 mil habitantes, quando na Argentina a relação é de uma sala para 52 mil habitantes e nos Estados Unidos uma sala para cada grupo de oito mil moradores, conforme levantamentos recentes da rede Cinemark. Além desse público cinéfilo por enquanto adormecido, Ivan Ísola tem os olhos postos sobre a movimentação de empregos e giro de riquezas que o complexo da Vera Cruz proporcionará. Os 37 filmes do PIC-TV criaram cerca de cinco mil empregos diretos e 15 mil indiretos. "Imagine o que poderemos mobilizar no Grande ABC em profissões como atores, iluminadores, figurinistas, marceneiros, motoristas e técnicos de informática, além de serviços de apoio como rede hoteleira, restaurantes e agentes de turismo?"- diz Ísola a favor da Nova Vera Cruz.

Os 28 filmes de ficção rodados entre os 37 do PIC-TV geraram exatos 3.266 empregos diretos e custaram em média R$ 3 milhões cada. "Com investimentos relativamente baixos, posso gerar quase uma Ford a cada dois anos" -    compara o coordenador, que ainda cita o custo competitivo de produção da TV Cultura. Como atividade de uma fundação, a Cultura pode importar equipamentos sem taxa alfandegária.

No perfil empresarial que se pretende dar à Nova Vera Cruz constam a instalação do Escritório de Cinema de São Paulo e a montagem do Ceac (Centro Experimental Alberto Cavalcanti), escola de cinema batizada com o nome do idealizador da estrutura técnica dos antigos estúdios. O Ceac vai formar e reciclar técnicos de imagem e som com base nas novas tecnologias do mundo audiovisual. E não apenas para consumo dos novos estúdios. Poderá inclusive vender cursos, produtos e sub-produtos de suas atividades ou prestar serviços. Já o Escritório de Cinema se espelha nas film-comissions existentes no Exterior, por intermédio das quais se divulga e se apóia a produção audiovisual. É uma espécie de comitê de empresários, governos, sindicatos e representantes de negócios voltados ao turismo e ao meio artístico que pode tanto captar recursos financeiros como facilitar a realização operacional das obras. "Se uma tomada externa se passa em trem, um agente do escritório vai contatar a empresa operadora dos trilhos para que disponibilize a infra-estrutura em troca de merchandising" -  exemplifica.

O Escritório de Cinema de São Paulo será constituído a partir de decreto governamental. Entre as hipóteses de trabalho consta montá-lo na sede da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado), que também seria convidada a entrar com R$ 5 milhões por ano na estrutura do PIC-TV. Já a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa) da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico vai contatada para auxiliar na montagem e consultoria da escola de cinema Alberto Cavalcantil. A Nova Vera Cruz também pretende buscar a experiência do Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) para dar mão forte às empresas de tecnologia e de suporte das atividades dos estúdios, segundo Ísola.

Volks cultural -  As reformas dos galpões da Vera Cruz estão orçadas em R$ 17,7 milhões. Outros R$ 15 milhões são previstos para equipar os estúdios A e B, onde serão produzidos filmes e séries televisivas. Para as obras civis, sob responsabilidade do consórcio construtor Triunfo-Necso-Construtécnica, o governo do Estado de São Paulo empenhou R$ 5 milhões e a Volkswagen do Brasil está entrando com R$ 500 mil na montagem do Centro Cultural, que ocupará o terceiro estúdio. Os R$ 12 milhões restantes estão aprovados por meio da Lei Rouanet, de incentivo à cultura.

Só o Centro Cultural, que será de uso público e administrado pela Prefeitura de São Bernardo, demanda R$ 3,2 milhões para abrigar um hall nobre para exposições, teatro com 800 lugares, cinema para 200 pessoas, restaurante/choperia, o Centro Experimental para formação de mão-de-obra, oficinas culturais e o Memorial Vera Cruz. O acervo fílmico de 18 longas e quatro documentários e boa parte do material iconográfico (fotos, documentos, figurinos e outros objetos relacionados aos cinco anos de atividades da Vera Cruz) estão sendo catalogados e recuperados, após 30 anos de abandono e de serem resgatados e preservados pelo cineasta Walter Hugo Khouri. A ele pertence inclusive a razão social Cia. Cinematográfica Vera Cruz. Também é preciso patrocinador para arrematar o material de Khouri, avaliado em R$ 4 milhões. A idéia é colocar toda a memória da Vera Cruz também em CD-ROMs e em site da Internet para pesquisa.

Devido ao atraso na liberação das parcelas do governo paulista por problemas da macroeconomia adversa, as obras do Centro Cultural foram retardadas e devem ser entregues em meados do próximo ano. O contrato original, assinado em fins de agosto de 1998, previa a conclusão em 12 meses.

Reportagem: Malu Marcoccia
Fonte: Revista Livre Mercado - Nov.99  www.livremercado.com.br

 

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