2.2- Noção de Grupo.

 


      Originalmente pode-se pensar a noção de grupo a partir do pertencimento de indivíduos a uma coletividade claramente identificada, com regras e objetivos bem definidos. O modo como cada indivíduo lida com o grupo é que constrói o pertencimento para com o mesmo. Um grupo que possui um objetivo estabelecido faz convergir para si indivíduos cujo interesse em comum é este objetivo: a realização de uma tarefa, um grupo de trabalho, a realização de um evento, a formulação de uma lei, a resolução de um problema, etc. O caráter afetivo também está presente na reciprocidade das relações desses grupos, pois se trata de interações entre subjetividades, no entanto, a afetividade não será o centro principal de atenção dos indivíduos diante da presença de um objetivo qualquer estabelecido. A noção de grupo nesta situação apresentada está fortemente ligada à proximidade e à convivência face-a-face. Isto não impede a manutenção do caráter de redes também presentes nos conteúdos das interações, mas há uma convergência maior dos indivíduos devido ao objetivo compartilhado. Mesmo quando não reunidos (em atualização), este tipo de grupo têm o objetivo como fonte de união. Este objetivo também pode entrar em rede com o compartilhamento das referências ao mesmo tempo em outro grupo, no entanto, seu caráter específico de identificação, o objetivo, estará centrado no grupo principal . No espaço da Internet também há possibilidades de convergências de indivíduos para agrupamentos com objetivos específicos, mas o caráter da não proximidade deixa uma maior abertura para o caráter de rede das interações. Podemos até sugerir que para esses novos agrupamentos a proximidade física possa ser substituída, ou melhor, complementada pela inter-conexão (em rede de interações mútuas e múltiplas); um tipo de ligação simbólica que vai além do face-a-face. Em nosso recorte metodológico foi feita a opção pela concentração em agrupamentos contemporâneos cujo perfil pode ser considerado mais afetivo, o que não elimina quaisquer outros perfis possíveis dentro do mesmo agrupamento. Neste caso, a noção de grupo em rede passa a ser ainda mais forte. Como veremos no desenvolvimento de nosso argumento, ao se penetrar num grupo de caráter mais efetivo no espaço da Internet, se está penetrando numa rede móvel de relações, para a qual o próprio indivíduo já leva uma parte dentro de suas próprias relações. Por isso o caráter rizomático ser uma outra noção muito importante para a compreensão do tipo de sociabilidade que se desenvolve a partir do espaço da Internet. Aqui, cada reunião (atualização) tem um caráter mais renovador, um outro ponto da rede, com novas características (ou manutenção de anteriores: regras, rituais, etc.), novos participantes, onde a convergência espacial não significa a convergência de um grupo igual à atualização anterior. Isso ficará mais claro na descrição etnográfica do grupo Galera ZAZ estudado. Enfim, notemos que a proximidade é crucial para a compreensão da noção de grupo a partir de um ponto de vista mais tradicional, mas que aqui, neste contexto, devemos expandi-lo junto com a noção de rede e também de rizoma. Onde, mesmo havendo a convergência de indivíduos para um espaço de aproximação face-a-face, há a presença deste processo numa rede de interações não só face-a-face, mas também sob a mediação do espaço da Internet.


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