(1642-1727)
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Os anos negros Por muitos anos depois da publicação do Principia, fez-se silêncio nas salas do Trinity, em Cambridge. Newton se ocupava com renovado interesse pela alquimia e não havia novos trabalhos de grande importância. Por toda a Europa, Principia era, e ainda é, aclamado como a mais importante obra da ciência jamais escrita. Seu autor se tornou famoso não apenas entre os cientistas, mas para a população em geral, graças ao interesse de poetas, jornalistas e professores pela obra de Newton. A maioria das pessoas podia não entender a matemática contida no livro, mas, através de versões simplificadas e informações verbais, as idéias básicas contidas no Principia se estenderam amplamente. Entretanto, o autor, o grande cientista, não estava bem. Por muitos anos, ele havia se sobrecarregado, empurrando-se para os limites da resistência, e agora, aos 51 anos de idade, surgiam as conseqüências. Ninguém realmente soube de que enfermidade padeceu Newton entre 1693 e 1696. Alguns disseram que ele tivera um esgotamento nervoso, outros, que estava apenas fisicamente exausto. Qualquer que tenha sido a causa, aqueles anos foram vistos por ele mesmo, mais tarde, como o pior período de sua vida. Uma época que chamou de "anos negros". Uma época de pouca produção em Física, nenhum progresso real em alquimia e em que sofreu ataques de doenças, um depois do outro. Seus amigos reuniam-se em torno dele. Halley escrevia com freqüência, como faziam outros colegas de Londres e da Royal Society. Todo esse apoio aos poucos o ajudou a livrar-se de seu humor negro e de seus males físicos. Mas o acontecimento que mudaria completamente sua vida ocorreu em 1696, quando recebeu convite para assumir a importante posição de diretor ("Warden") da Real Casa da Moeda. Newton vivia na Universidade de Cambridge há 35 anos quando recebeu o convite do Ministério da Fazenda para dirigir a Real Casa da Moeda. Newton aceitou a oferta imediatamente e, então, teve início uma nova fase na vida do grande homem. Por uns tempos, ele abandonou completamente a pesquisa científica e se lançou em sua nova carreira, como um administrador de alta categoria na capital. O posto na Real Casa da Moeda era uma recompensa por suas realizações científicas e devia significar apenas um título honorário de prestígio, mas Newton nunca pôde fazer qualquer coisa pela metade. Dedicou-se ao novo trabalho com grande energia, excedendo em muito as expectativas de seus superiores no Ministério da Fazenda. Acontece que o emprego chegou numa época oportuna. A Inglaterra estava trocando sua moeda, afetada pelos anos de Guerra Civil. Necessitava de sério aperfeiçoamento e modernização, e Newton surgiu para ser exatamente o homem que faria a mudança ocorrer sem problemas. Ele supervisionava a impressão de novas moedas e certificava-se da distribuição do dinheiro para os vários bancos, em todo o país. Cortadores e ladrões Outra face do trabalho de Newton era perseguir e processar os falsificadores e um grupo de ladrões conhecidos como "cortadores". Eram os que cortavam pequenos pedaços de moedas, fundiam o metal e extraíam a prata. Newton aplicou toda a sua astúcia, que usara com tanta eficácia para resolver problemas científicos, para capturar esses criminosos e entregá-los à justiça. Obteve tanto sucesso que três anos depois de sua nomeação era promovido a Mestre da Casa da Moeda, em 1699. Administrando cientificamente De todas as responsabilidades de Newton na Casa da Moeda, a mais importante era a tarefa indispensável do teste de pureza das moedas. Todas as moedas deviam ter o mesmo peso, e cada uma conter exatamente a mesma quantidade de metal precioso. Não era fácil o trabalho de se certificar de que cada moeda fosse produzida de forma idêntica, mas o rigoroso treino científico de Newton mostrou seus benefícios mais uma vez. Todos os dias ele visitava a oficina de impressão, ao lado de seus escritórios. Usando conchas especialmente desenhadas, os operários podiam extrair uma pequena amostra do metal fundido. A amostra retornava ao laboratório do administrador, onde ele submetia os metais a reações químicas, para ter certeza da pureza exigida. |