Vida e Obra de Bernardo Guimarães
  poeta e romancista brasileiro [1825-1884 - biografia]

 
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BG de cada um

De Francisco de Paula Ferreira de Rezende (1831-1893), político e magistrado:
".... feições flácidas, olhos mortos, os beiços grossos e o de baixo um pouco caído."

De Couto de Magalhães (1837-1898), político, militar e escritor:
"Enquanto estudante, Bernardo Guimarães era dotado de um caráter alegre e expansivo; sua conversação era interessante, pelos rasgos humorísticos em que abundava. Nalguns desses muitos folguedos, que os estudantes faziam para mais matar o tempo, deixou sua lembrança profundamente gravada nas discussões cheias de sátiras e rasgos extravagantes, que ele derramava como uma torrente de H. Heine".

De Machado de Assis (1839-1908), escritor: Trecho de uma crônica em que Machado lembra o tempo em que ele e BG eram jornalistas no Senado: "(...) abertas as câmaras, fui para o Senado, como redator do Diário do Rio, não posso esquecer que nesse ou no outro ali estiveram comigo Bernardo Guimarães, representante do Jornal do Comércio, e Pedro Luís, por parte do Correio Mercantil, nem a boas horas que vivemos os três. (...) Bernardo Guimarães não falava nem ria tanto, incumbia-se de pontuar o diálogo com um bom dito, um reparo, uma anedota. O Senado não se prestava menos que o resto do mundo à conversação dos três amigos". Nota: Bernardo Guimarães fez a cobertura jornalística dos trabalhos do Senado em 1864, quando também estava lá como jornalista Machado de Assis.

De Sílvio Romero (1851-1914), crítico e historiador da literatura brasileira:
"Em Bernardo Guimarães, a poesia teve belas amostras de lirismo naturalista como em Invocação e O Ermo; de lirismo filosófico como em Evocações; de lirismo humorístico como em Orgia dos Duendes, Dilúvio de Papel, O Nariz perante os poetas. Mas isto não define, não individualista o poeta entre os seus pares; preciso é descobrir uma nota que seja só dele que o afaste de seus competidores e esta nota parece-nos estar nas tintas sertanejas de sua paleta e no tom brasileiro de sua linguagem. Bernardo tinha o prurido do boêmio, movia-se constantemente, e neste caminhador havia o instinto do pitoresco. Junte-se a isto o conviver intimo com o povo, o falar constante de sua linguagem e ter-se-a a razão pela qual o inteligente mineiro em seus versos e romances foi uma das mais nítidas manifestações do espírito nacional".

De Artur Azevedo (1855-1908), teatrólogo, poeta, contista e jornalista:
"De todos ou quase todos os livros de Bernardo Guimarães, o escrito mais popular do autor dos Cantos da Solidão é um poema obsceno intitulado Elixir do Pajé, que nunca foi impresso! É raro o mineiro que o não saiba de cor. Há na província espalhadas um sem-número de cópias desse Elixir inútil e brejeiro."

De José Veríssimo (1857-1916), escritor, crítico e historiador literário:
"Ele [Bernardo Guimarães] é, porventura, o mais espirituoso, o mais engraçado, e não sei se diga o único humorístico, dos poetas brasileiros, sem exclusão talvez do nosso Gregório de Mattos. Tem três ou quatro poesias, O Nariz perante os poetas, À saia balão, Dilúvio de Papel, que qualquer delas tem mais chiste que quantas reuniu Camilo Castello Branco no seu Cancioneiro Alegre, onde aliás não figura Bernardo Guimarães."

De Coelho Neto (1864-1934), escritor, poeta e dramaturgo:
"Bernardo Guimarães é um dos primeiros na escala dos escritores nacionalistas que trouxeram para a literatura as belezas selvagens da nossa Pátria e os costumes da nossa gente do interior."

De Basílio de Magalhães (1874-1957), historiador:
Descrição com base em testemunhos de pessoas que conheceram o escritor: "Bernardo Guimarães era alto, magro, tez morena, barba toda e pouca, anelada, assim como os cabelos, que eram castanhos e repartidos à direita; testa larga, com grandes entradas; olhos garços e cismadores; a sua expressão fisionômica, que, na quadra acadêmica era viva e prazenteira, revestiu-se, com o perpassar do tempo, de vaga melancolia, que se foi transformando em sombria tristeza".

De Dilermano Cruz (1879-1935), poeta, jornalista e orador
"Poeta, romancista, crítico, folhetinista, jornalista, etc., Bernardo Guimarães foi sempre grande e admirável. Dotado de um temperamento melancólico, espírito concentrado, inimigo de exibições, de uma timidez quase infantil, Bernardo teria ficado eternamente ignorado e esquecido, se os seus amigos e admiradores não procurassem arrancá-lo à obscuridade com a qual ele tanto se comprazia."

De Manuel Bandeira (1886-1968), poeta, crítico e historiador literário:
"Por mim, reclamaria maior atenção para Bernardo Guimarães, cujo O Devanear de um Cético é um dos poemas importantes do romantismo."

De Monteiro Lobato (1882-1948), escritor, jornalista, crítico e tradutor
"Lê-lo [Bernardo Guimarães] é ir para o mato, para a roça, mas uma roça adjetivada por menina do Sião, onde os prados são amenos, os vergéis, floridos, os rios caudalosos, as matas viridentes, os píncaros altíssimos, os sabiás sonorosos, as rolinhas meigas. Bernardo descreve a natureza com um cego que ouvisse cantar e reproduzir as paisagens com os qualificativos surrados do mau contador. Não existe nele o vinco enérgico da impressão pessoal. Vinte vergéis que descreva são vinte perfeitas e invariáveis amenidades. Nossa desajeitadíssimas caipiras são sempre lindas morenas cor de jambo. Bernardo falsifica o nosso mato."

De Érico Veríssimo (1905-1975), escritor e crítico literário:
"O simpático Bernardo Guimarães era um romancista muito sentimental e seu livro A Escrava Isaura é talvez a única contribuição em prosa do Romantismo à causa da abolição."



De Viana Moog ( ), escritor:

"Castro Alves morreu com vinte e quatro; Junqueira Freire, com vinte e três; Casimiro de Abreu, com vinte e três; Álvares de Azevedo, com vinte; o que foi mais longe, Fagundes Varela, chegou a trinta e quatro. Gonçalves Dias atingiu à excepcional idade de quarenta e um anos. E Bernardo Guimarães, que atingiu quase a casa dos sessenta, esse foi um Matusalém."


De Edgard Cavalheiro (1911-1958), escritor e jornalista:

"Mais conhecido por seus romances, Bernardo Joaquim da Silva Guimarães é, contudo, um poeta superior ao ficcionista."

De Armelim Guimarães (1915-), neto de Bernardo Guimarães, engenheiro e escritor:
Sobre os críticos que não reconhecem A Escrava Isaura como obra abolicionista pelo fato de a Isaura ser branca: "Aos que assim desarrazoadamente ajuízam, cabe lembrar que jamais o livro de Bernardo Guimarães teria a aceitação que teve como qualquer outra da senzala. Uma escrava branca entre as pretas foi algo diferente, despertando logo invulgar interesse nos leitores, comovendo, até ao cerne da alma, as suspirosas sinhás-moças. E se dúvida houver, quanto ao escopo abolicionista do escritor, é só ler o livro, e ver o que ele fala da escravidão!... "

De Haroldo de Campos (1929-2003), escritor poeta, tradutor e ensaísta:
"O que nos interessa hoje de seu acervo é a parte burlesca, satírica, de bestialógico e nonsense, de seu estro poético. Neste sentido, um precursor brasileiro do surrealismo. O soneto de paródia Eu Vi dos Pólos Gigante Alado, o pandemônio fáustico em ritmo de arremedo gonçalvino A Orgia dos Duendes (comparar com Tatuturema, de Sousândrade, mais ou menos da mesma época - aquele publicado em 1865, este em 1867) e outras composições de B.G. merecem a atenção da poética sincrônica. A Orgia entra numa linha de atualidade onde se encontram o Albertus (1832) de Gautier, louvado por Pound, ou, para dar apenas um ponto de referência contemporâneo, um poema como Vai-se o Zodíaco de Ouro (1932), do russo Nikolai Zabolótzki. A poesia erótico-escatológica de Bernardo, como também, antes, a de Gregório, deve ser objeto de reexame, sem falsos pudores ou pruridos sediços."

De Hélio Lopes, crítico literário:
"As narrativas de Bernardo Guimarães conduzem o leitor quase sempre a um desfecho feliz com o prêmio para a virtude e o castigo para o vício. Quase nada se percebe nos romances do espírito folgazão do romancista. Faz da ficção uma escola de bons costumes e para isso reveste-as da compostura de um diretor de consciência. Bernardo Guimarães é o defensor do homem naquilo que nele encontra de melhor: o caráter."

De Alfredo Bosi (1936-), crítico literário e professor:
"O regionalismo de Bernardo Guimarães mistura elementos tomados à narrativa oral, os "causos" e as "estórias" de Minas e Goiás, com uma boa dose de idealização. Esta, embora não tão maciça como em Alencar, é responsável por uma linguagem adjetivosa e convencional na maioria dos quadros agrestes. (...) com a permanência de padrões estéticos europeus. E mais uma razão para marcar o caráter híbrido e semipopular dessa novelística de que Bernardo foi o primeiro representante de mérito."

De José Paulo Paes (1926-1998), ensaísta, escritor, poeta, tradutor e crítico literário:
"No fundo, Bernardo sentia remorsos de suas fraquezas de escritor mimado pelo público. Tanto assim que em a Ilha Maldita interrompe várias vezes a narrativa para, num parêntese, comentar com o leitor os exageros e ridículos de seus heróis, usando um processo que Machado de Assis tornaria clássico depois, e de que faria largo emprego, dele se valendo para exercitar sua enganadoramente tranqüila ironia de humorista inglês."

De Massaud Moisés (1928-), professor, crítico e historiador literário:
"O romance de Bernardo Guimarães representa um libelo em favor da abolição da escravatura, à semelhança do que ocorria, por exemplo, na poesia dum Castro Alves. Entretanto, ao invés de configurar-se como um libelo polêmico, escolheu o rumo da idealização, mais concernente com a época em que a história se passa ("Primeiros anos do reinado do Sr. D. Pedro II") e, porventura, com o espírito do prosador."

De M. Cavalcanti Proença, crítico:
"Um exame do vocabulário nos mostra que era bem rico o de Bernardo Guimarães, não só o do acervo do romantismo, como o de caráter regional, este último autêntico, tanto sob o ponto de vista forma, como semântico."

Do poeta Leôncio Correia:

Bernardo Guimarães

Batendo o foto, à pedra, nos isqueiros,
De Chapelão e botas, a cavalo,
Na mão o açoite, a cujo fino estalo
Os briosos animais são mais ligeiros,

Pinta quadros de assuntos brasileiros,
Gorjeios de aves e o cantar do galo,
O rio largo, o Sol, o umbroso valo,
Campos e serras e despinhadeiros...

Há no seu gracioso bucolismo
Nuanças amáveis de delicadeza
E caudais opulentos de lirismo;

Tinham, para ele, a mesma ideal beleza
O ministério insondável de um abismo
E a flor silvestre de natal devesa.

Leôncio Correia


NO LIVRO "Rosaura, a Enjeitada", BG se utiliza do personagem Belmiro para se descrever. Na época ele era estudante na Faculdade de São Francisco. Segue BG por BG: "É alto, corado, de cabelos pretos, com cara de lobisomem. De temperamento sangüíneo, ardente e impressionável, abandonando a alma às emoções do momento. Pobre provinciano, simples e negligentemente trajado, que mais parecia um caipira que um estudante. O menos próprio para inspirar ciúmes."