folha
de s.paulo - 11 de setembro de 2005
Atriz revive sina de "a eterna
escrava"
Bianca Rinaldi, a Isaura da Record, ganha fama no exterior, a exemplo de
Lucélia Santos, que fez o papel na Globo, em 1976
LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
"La
esclava, la esclava!", gritavam venezuelanos para a atriz Bianca Rinaldi, 30,
protagonista de "A Escrava Isaura", da Record.
Exibida em 2004 no Brasil, a novela foi exportada à Venezuela, onde estreou há
mais de dois meses e se mantém no primeiro lugar de audiência. Está no ar em
Portugal desde a última segunda e já foi vendida para Equador, Guatemala,
Nicarágua, Costa Rica, República Dominicana e Peru.
Ex-paquita, ex-"Malhação", ex-"Chiquitita", ex-protagonista
de textos mexicanos no SBT ("Pícara Sonhadora", "A Pequena
Travessa"), Rinaldi poderá ter dificuldade para se tornar ex-escrava.
A Record ainda negocia com Chile, Aruba, Índia, Colômbia, Uruguai, Paraguai e
Argentina. Também sonha negociar com a China, onde a versão da Globo (76) foi um
fenômeno de audiência e Lucélia Santos, a primeira e eterna escrava, virou
celebridade.
A "Isaura" global, adaptada do romance de Bernardo Guimarães por
Gilberto Braga ("Celebridade"), foi exibida em mais de 80 países. A
intenção da Record é pegar carona nesse sucesso internacional para alavancar a
exportação da nova versão. No próximo mês, terá estande no Mipcom (Mercado
Internacional de Comercialização de Programas de TV), em Cannes (França), um
dos mais importantes eventos de venda de programação televisiva. O principal
produto na vitrine da Record será "A Escrava Isaura".
Rinaldi, que já grava a próxima trama da emissora, "Prova de Amor",
como a protagonista Joana, esteve recentemente na Venezuela e em Portugal a fim de
divulgar "Isaura". Longe de ganhar carta de alforria, deverá viajar a
todos os países que já compraram e vierem a comprar a novela.
Na capital venezuelana, ela concedeu entrevista a mais de 50 jornalistas e
participou de programas da Venevisión, exibidora de "Isaura". Em um
deles, "Guerra dos Sexos", disputou provas com artistas locais. No
aeroporto e em festas, "la esclava" deu autógrafos e tirou foto com
fãs. Há duas décadas, o mesmo país entregava a Lucélia o prêmio Latino de
Ouro por sua interpretação na trama.
Rinaldi conta que a comparação com a veterana é inevitável também no
exterior. "Sempre perguntam sobre ela, mas fora do Brasil o olhar é menos
crítico."
Ela afirma não temer uma possível exibição na China, onde Lucélia foi
premiada como melhor atriz em 1985 com o voto de 300 milhões de pessoas e é
famosa até hoje. "Confesso que não tenho preocupação com isso. Vai ser
muito interessante se a Record fechar com a China, se eles tiverem a oportunidade
de rever a "Escrava". Isso não vai tirar o papel da Lucélia, que é
idolatrada. Nem tenho a intenção de tirar isso dela."
Para Rinaldi, o fenômeno foi forte porque a Globo exportou "Isaura"
quando "o mundo tinha pouco conhecimento das novelas brasileiras".
"Agora há muita exportação", compara a atriz.
Ela afirma não se preocupar com a possibilidade de se tornar a neo-eterna escrava
Isaura. "Sempre estarei ligada a esse personagem, por ser muito forte",
admite a neo-eterna escrava Isaura. |
|