OS DONS DE SANTIFICAÇÃO DO ESPÍRITO - Parte 3



3 - 2o Dom: A Fortaleza


3.1 - O Dom da Fortaleza


O dom da fortaleza, também chamado "dom da coragem", imprime em nossa alma um impulso que nos permite suportar as maiores dificuldades e tribulações, e realizar, se neces-sário, atos sobrenaturalmente heróicos.

Paulo afirma: "Tudo posso naquele que me fortalece". E nos diz mais: pode suportar as maiores dificuldades e tribulações e praticar, se necessário, atos heróicos. Não pelas suas qualidades pessoais, mas pelo dom da fortaleza que Deus lhe concedeu. Escrevendo aos coríntios, descreve as tribulações pelas quais passou por amor ao Senhor e à Igreja:

"Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no abismo. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de salteadores, perigos da parte de meus concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigo no de-serto, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas, repetidas vigílias com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez! Além de outras coisas, a minha preocupa-ção quotidiana, a solicitude por todas as Igrejas!" (II Cor 11,24-28).

3.2 - Suportar Tribulações


Nos Atos dos Apóstolos, encontramos a descrição do sofrimento e do sacrifício de Estevão, primeiro mártir cristão. Alguns judeus, inimigos do cristianismo, levantaram falsos testemunhos contra ele e o levaram ao Grande Conselho para ser julgado.

Embora falasse com grande sabedoria, inspirado pelo Espírito Santo, foi condenado a morrer por apedrejamento. Durante o martírio, Estevão orou: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito" (Atos 7,59). E, ao sentir aproximar-se a morte, pôs-se de joelhos e, por amor aos irmãos que o estavam agredindo, suplicou a Deus: "Senhor, não lhes leves em conta este pecado..." (Atos 7,60).

Certa ocasião, São Francisco de Assis explicou ao irmão Leão, de sua comunidade, em que consiste a verdadeira alegria. Ensinou-lhe que ela não está em dar exemplo de santi-dade, em curar cegos e paralíticos, em expulsar demônios, em conhecer todas as ciências e as Escrituras, em profetizar ou mesmo em converter os infiéis à fé cristã. Ensinou-lhe que a verdadeira alegria consiste em sofrer as maiores tribulações e humilhações com paciência e sem murmuração, por amor a Deus. É assim que se vivem as bem-aventuranças.

Todos passamos por tribulações: perda de entes queridos, separações de familiares, doenças graves, desemprego, fracassos em empreendimentos... Muitas vezes as tribulações são tão grandes que se não formos animados pela fé, cairemos no desespero, podendo chegar ao extremo do suicídio. As pessoas de fé, abertas ao Espírito Santo, recebem o dom da forta-leza. É pelo Senhor em nós que conseguimos vencer toda e qualquer adversidade.

O dom da fortaleza nos acostuma ao cumprimento do dever, à prática de mortifica-ções voluntárias. Pela fortaleza, não nos esquivamos das provações, não nos queixamos, não pedimos ao Senhor que nos tire a cruz, mas que nos dê forças para carregá-la.

3.3 - Realizar Atos Sobrenaturalmente Heróicos


Não se deve confundir a força que Deus nos dá pelo dom da fortaleza com a força que os homens podem nos dar. A força humana pode levar ao domínio sobre os irmãos, às injustiças e mesmo à brutalidade. Certos governantes, cheios de poder humano, servem-se do poder em benefício próprio.

Paulo ressalta que na fraqueza humana é que se revela a força de Deus: "Mas ele me disse: Basta-te a minha graça, porque é na fraqueza que se revela totalmente a minha força." (II Cor 12,9).

O dom da fortaleza leva à prática de atos sobrenaturalmente heróicos para a glória de Deus.

3.4 - Como nos Abrir a esse Dom


Para alcançar esse dom, devemos pedi-lo ao Senhor em oração. Podemos pedir tam-bém a intercessão de Maria. Nossa Mãe, cheia de graça, tinha em plenitude todos os dons do Espírito Santo, dentre os quais muitas vezes se sobressaiu o da fortaleza. Maria, por experi-ência pessoal, compreende bem nossa situação nas tribulações e, como nos ama, intercede junto a Jesus para que o Espírito Santo nos encha com o dom da fortaleza.

O dom da fortaleza ajuda-nos também a nos abrir a freqüência à Eucaristia. São Cri-sóstomo disse que os cristãos, ao receberem a Eucaristia, tornam-se fortes como leões.

Quando nos abrimos ao dom de fortaleza, nos tornamos, sem esforço nosso, pacien-tes, perseverantes, fiéis e magnânimos. Recebemos a consolação e a capacidade de dar um perdão sem limites.


- Parte 4

Escreva para nós! Cartas para Rodrigo Carioca e Vitor Clemente.
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