Como a vida efêmera de uma flor
foi a tua passagem pela terra,
todavia, o teu perfume, Teresinha,
nesse centenário, continua a
exalar
pelo mundo, inebriando de amor
os que desejam seguir a tua "Pequena
Via".
Santa Teresa do Menino Jesus,
experimentar a tua presença
ao mergulhar nos teus ensinamentos
é uma grande graça que
Deus me concede
na minha terceira idade.
Espero que haja tempo, irmãzinha,
de espelhar-me nos teus exemplos
de AMOR, CONFIANÇA e ABANDONO.
Não nasceste santa,
como tu mesmo dizes:
"muitas fraquezas encontrei em minha
vida"
mas nunca tiveste medo dessas fraquezas
porque, como tu mesmo o afirmas,
"Deus sempre dá a graça
e a força
para se fazer o que Ele pede".
Logo, logo encontraste o caminho da
santidade:
"não como perfeição,
mas como caminho de Deus,
por meio da fé, esperança
e amor".
Até aos quatro anos eras uma criança
viva, alegre, dócil, sem problemas.
Depois tiveste traumas
que mudaram a tua personalidade:
a perda da tua mamãe foi o maior
deles.
Depois a separação da
segunda mãezinha,
que tu mesma escolheste, Paulina,
te fez mergulhar numa grande angústia.
Ficaste doente, muito doente,
minha grande pequenina.
Ninguém entendia a tua enfermidade:
neurose, psicose?
Tiveste uma grande melhora,
quando Nossa Senhora das Vitórias
te sorriu.
Retomaste os estudos sem grande proveito.
Mas aos treze anos, minha querida,
quando voltavas da missa da meia noite,
ao ouvir uma observação
do teu papai,
tu te tornas "senhora de si"
completamente curada!
Foi a grande graça de Natal
que te libertou das imperfeições
da infância
e impulsionou-te a viver
de "vitória em vitória
uma corrida gigantesca".
Parece até que previas
que o teu tempo seria curto,
urgia fazer tudo depressa.
Querias ser carmelita,
e nessa certeza lutaste pela tua vocação
e ei-la dentro do Carmelo tão
sonhado!
No início, nem tudo eram flores,
e para fugir da solidão, minha
santinha,
foi que conheceste São João
da Cruz,
que veio suprir o abandono em que te
encontravas
e o grande Mestre te encantou,
"colheste luzes em suas obras",
que passaram a ser o teu alimento espiritual.
No Evangelho, Teresinha,
encontraste "a essência na relação
com Deus,
com o próximo e com as coisas".
Nos teus momentos de colóquio
com o Pai
descobriste a tua maior vocação
- o AMOR.
Amaste de tal maneira a Jesus,
o teu bom Deus, como dizias,
chegando a crer que a perfeição
é derivada desse amor infinito,
é procurar fazer o que Deus está
nos pedindo.
Descobriste o Deus Amor,
o Deus Misericordioso e não o
justiceiro:
"Não Jesus não pede grandes
ações,
ma o abandono e a gratidão".
Passas então a propagar esse
Deus não conhecido
e sofres! Sofres porque
"Deus tem muito amor para dar e não
pode..."
|
E tu, querida santinha,
te coloca diante d"Ele dizendo:
"Dá-me esse amor,
consinto em ser vítima desse
amor
que os outros não recebem..."
E esse amor, Teresa do Menino Jesus,
vai crescendo dentro de ti, se agiganta,
por isso tens que externá-lo,
senão vais explodir.
Que ventura! Explodir de amor!
E esse mesmo amor aumenta em ti
"uma confiança até à
audácia
na misericórdia de Deus"
a ponto de entregar-te a Ele
como uma criancinha nos braços
do Pai,
confiante, sem medo, em completo abandono.
Ser criança "é reconhecer
ser nada,
é esperar tudo de Deus".
Ele que tudo sabe sobre nós,
há de olhar-nos,
não é preciso estar a
lembrá-Lo.
É Deus que atua em nós,
só precisamos colaborar.
Eis o caminho que tu, Teresa,
quiseste ensinar às almas sedentas
de Deus,
o caminho da confiança e do abandono.
Orar para ti, Teresinha,
era tão simples e ao mesmo tempo
tão profundo!
"A oração é um
ímpeto do coração,
é um simples olhar para o céu,
é um gesto de gratidão
e de amor",
eis a tua sábia definição.
Deixaste-nos como herança
a tua "Pequena Via",
mostrando-nos que a santidade é
uma ação de Deus,
é um ideal provocado por Ele,
que nos ama primeiro.
Todavia, esse ideal só se realiza
se soubermos viver a pequenez,
aceitando a própria situação,
compreendendo que diante de Deus nada
somos
e confiar sempre na ajuda d"Ele.
"O caminho espiritual é a resposta
do homem ao primeiro chamado de Deus"
e esse caminho dialógico
vai se realizar através de gestos
concretos.
E como soubeste tão bem praticá-los
para agradar ao teu Jesus querido;
quando lavavas roupas junto com as outras;
quando ajudavas a uma irmã problemática;
quando mostraste a flor artificial àquela
irmã;
quando advertiste a uma noviça
sobre as visitas à Madre;
quando respeitavas as ordens da Irmã
Gonzaga;
quando sorrias para aquela irmã
melancólica;
quando passeavas no jardim para diminuir
a fadiga dos
missionários;
quando a provação da aridez
era o teu pão quotidiano...
enfim, muitos e muitos outros.
Aproveitavas os teus deveres do dia-a-dia
como salutar meio de ascese.
Descobriste o Deus Amor, Teresinha,
e desde então não ficavas
três minutos sem pensar n"Ele.
Ah! Teresa, minha jovem Mestra,
"Mestra espiritual de todos os tempos"
ensina-me, no ocaso de minha vida,
a caminhar pela tua "Pequena Via"
não acreditando que tenho forças
mas crendo na graça de Deus.
Ajuda-me, minha santinha,
a fazê-lo de "mãos vazias"
com o único intuito de agradar
a Deus.
Que eu possa ser uma resposta viva
ao chamado de Deus,
em cada situação, em cada
acontecimento.
Minha irmãzinha,
por tudo que fizeste,
podias mesmo dizer,
com todo direito,
"No coração de minha Mãe,
a Igreja,
eu serei o AMOR".
" Passarei o meu céu
a fazer o bem sobre a terra".
Como te amo, Teresinha!
(Maria Angelina Nunes Leal - Leza)
Marimbá - 14/09/97 |