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 Nossa História - Melhor impossível

A vocação de ceramista despertou precocemente na vida de Joaquim Pereira Martins. Aos 12 anos, quando os meninos descobrem as meninas só querem saber de namorar, ele já se dedicava à modelagem em barro. Aos 15 anos, o torno giratório e o forno, não tinham mais segredos para o pequeno ceramista, que se destacava no oficio pelo capricho com que fazia bules e açucareiros. Ganhando pouco, tratou de buscar melhores oportunidades em outras freguesias. A carreira seguia bem, quando, aos 25 anos, ele decidiu tentar a sorte no Brasil.

A época, o começo dos anos 50, antecipava uma verdadeira revolução de costumes, e os novos tempos combinavam com iniciativas arrojadas, como a de Joaquim, que partiu deixando em Portugal a mulher Laura Alves de Araújo e a primeira filha, Maria da Conceição. Durante cinco anos, ele trabalhou duro em fabricas de cerâmica do Rio e São Paulo, ate ter condições de abrir seu próprio negocio: “Em 1957, fundei a Cerâmica Portuguesa Santa Cristina, em Valinhos, interior de São Paulo, no mesmo endereço que esta ate hoje. Escolhi o nome em homenagem a Santa Padroeira da minha aldeia”, conta o artesão. Nessa época a família já tinha vindo para o Brasil.

Os galos chegariam bem depois, em 1969, quando Joaquim retornou pela primeira vez a Portugal e ficou impressionado com o espaço que eles tinham conquistado no artesanato. Eram retratos em bandejas, panos de prato, toalhas, sem falar na cerâmica. De volta ao Brasil, acrescentou o galo ao imenso universo de pecas que produzia. A novidade foi bem recebida, porque na época, inicio dos anos 70, existia um ambiente muito propício à divulgação da cultura portuguesa: novelas de televisão como Meu Rico Português e programas de variedades tipo Caravela da Saudade aumentavam esse interesse. Com mais dois filhos, José e Tereza Cristina, o ceramista ai, devagar, introduzindo toda a família na sua arte. Hoje é José Araújo Martins, o filho do meio, que está à frente do negocio, assessorando o pai. Aos 45 anos, formado em economia, ele também considera o artesanato uma vocação.

Segundo afirma, a Cerâmica Portuguesa Santa Cristina é a única a fabricar galos de Barcelos de forma artesanal, seguindo a formula de origem, com pequenos acréscimos. A pintura e feita manualmente, sem seguir riscos ou decalques, baseada tão-somente na perícia de dona Laura, que se dedica a cada peça como se fosse única. Seus galos podem ser encontrados em vários pontos do país, como em lojas no Corcovado e Copacabana, no aeroporto internacional de São Paulo e em diversos restaurantes da capital, alem de lugares turísticos em Brasília.