Pode interessar a técnicos fazendários de Pernambuco (anos 70)

 

revivendo décadas passadas

Quadro de Técnicos Fazendários (no decreto secular)

Tipos ligados ao decreto secular

Anexos 1 e 2 do decreto secular

ANEXO 1

 

Expressões  

São 29 parágrafos com sentenças diversas. Se  houver semelhanças serão meros acasos.

  • “Portar duas carteiras (uma com grana, outra, com pouca grana ou nada) é medida para pouco gastar e muito poupar” – ensina-nos o planejamento estratégico.

  • “Roma, que conheci de perto durante anos, não se fez em um dia! É preciso aguardar os frutos do trabalho - diz a História e a Filosofia. Festina lente!  Pax-vobis!”

  • O gesto do bacharel em Direito era simples reflexo ou engasgo de gravata? Ou é coisa adquirida em audiências jurídicas?

  • Homem de gravata, aliás, de Gravatá, mas de gravata, fazia política enquanto cofiava os bigodes, então pretos.

  • Só, agora, vem à tona a verdade: o pulo era eficiência e eficácia demais, vazando pelo ladrão.

  • Calmo, fala mansa, mas pra era lá de carne de pescoço quando necessário! Claro, de um filho da região de Antônio Silvino e de Lampião não se podia esperar só doçura!

  • Telefonava tanto porque, já naquele tempo, tratava à socapa da privatização das “teles”, adubando seu terreno profissional para o futuro. Vidente...!

  • Descendente de cangaceiro paraibano. Daí seu aspecto rude, meio vaqueiro. Não era doidice, em absoluto! Era só uma capa. No fundo, era alma boa, açucarada.

  • Desorganizado era de fato, mas organizado era de direito na desorganização. Quem entendeu?

  • Não dava coices, mas era coiceiro, apesar de ser, em princípio, polido. Decifrem!

  • Jogada a batina fora, saiu o bicho adoidado, fazendo loucuras em português e em italiano. Hoje, cansado, o bicho deve estar aposentado, mas outros bichos de colegas seus devem estar na mesma situação.

  • Fiscal do “rapa”, fiscal de rendas, Juiz de Direito. Sucesso crescente...!

  • Gostava tanto de viajar, que acabou no turismo. O passado teria sido a projeção do futuro?

  • Ex-bancário, não perdia a mania de conferir. Conferia até jornal com outro idêntico do mesmo dia, mas não conferiu suas aplicações em papel.  Plantou papel, colheu lixo! Claro!

  • Meio economista, mais estatístico, cercou a loteria esportiva durante muito tempo. Nunca fez os treze pontos, mas marcou treze quilômetros andando para apostar.

  • Dizem que o talento dele era do tamanho de seu queixo. Bota talento ou bota queixo nisso?

  • Engenheiro, não pôde aprender bem o engenho de dirigir autos, mas usou (e abusou) o método auditivo nas manobras: deu ré, bateu, freou! Eis a lição!

  • Nem inventos, nem obras, nada no Brasil!  Agora, sua meta é universal! É o IPM - Império da Paz Mundial! Quer mesmo fundar e presidir o IPM nestes tempos de mundo sem paz. "IPM em ação, guerras não"!

  • Vocação para a arena política o levava a dramatizar discursos em gabinetes. A vocação não mentia: o homem ia virar tribuno e executivo na vida política real, mas depois tiraria férias!

  • Veio do clero ou quase clero e ficou gerindo o baixo clero geral noutra freguesia.

  • Era nota dez em elegância! Um blazer, uma gravata, uma calça a cada dia! Uma lamúria, também!

  • “Minha barba tem mais de 20 anos! Numa semana, não a fiz porque não achei lâmina em casa, na outra, estava acamado. Depois, me acostumei e a deixei crescer até hoje”.

  •  Resoluto era e é ali! Passado o projeto 2.000, seu sonho passou a ser o projeto 3.000, na eternidade!

  • Mineiro-baiano ou baiano-mineiro? De qualquer modo, se não tinha conversa, tinha jeito pra derrubar avião ou mudar o curso do rio São Francisco. Uai!

  • Falar é prata, calar é ouro. Fico no meu mar de tranqüilidade – parecia dizer a professora que depois virou jurista.

  • Era o falcão da floresta ou era a Floresta do Falcão? Mas, afinal, a floresta é dos falcões, dos ferrazes, dos novaes ou de outras aves?

  • “Atenção, gente! Aprendi na Germânia. Vamos por em prática? Muita luta, muita disciplina, muito trabalho, muita ordem! Mãos à obra! Avante!”.

  • “Em frente, pessoal! Administro com o RDE na mão! Alto! Descansar, para depois carregar pedras!” (Que é RDE? Ganha um doce quem souber).

  • "Seguinte, meu: negócio na França é pra quebrar! Mina pintou, pintor tem que pintar logo, senão adieu!  Aí, você vai ter que adubar outra lavoura. Manjou"?

ANEXO 2

 

Discussão

São 29 participantes. Se houver analogias, serão coincidências.

  • Está aberta a discussão. Quem vai falar primeiro? Observem a regra: cada um tem de ser breve e só pode falar uma vez. Cogito, ergo sum! Quid inde?

  • Cada um tem de pensar antes pra não dizer besteira. Você começou até bem, mas acabou latindo, botando latim pra fora. Fala português, cacete!

  • Acho que a visão global do problema conduz à ótica sistêmica da realidade, exigindo uma gama de especialidades. Daí minha multivisão.

  • Falou, falou e não disse nada. Ficou nas suas utopias, nos seus devaneios. Alto lá, pessoal! Vamos ser objetivos! Em frente, que atrás vem gente!

  • Colega, isso aqui não é bem um quartel. Que tal adotarmos a metodologia do planejamento estratégico da CEPAL? Com isso poupamos tempo.

  • Você só fala em poupar!! Tem coisa que se acaba mais sem usar! Você sabe o que é. Vá nessa de poupar...! Viva a vida e lute pela eficácia nas decisões!

  • Eu aplico minhas economias em ações. Há papéis que valorizaram mais de 200% só este ano. Isso projeta ganhos maiores no futuro – diz um ex-bancário.

  • Papel, colega, o vento leva, a traça rói. Novamente, essa história de poupança como se a vida fosse eterna. “Olhai os lírios do campo...!”

  • Concordo com o padre da área gerencial. De certo modo, concordo com tudo o que os colegas disseram e vão dizer ainda. Discordo só do que não foi dito.

  • Mineiro sabido é aí! Concorda com tudo! Na moita, ele age calado. Vou fazer uma pausa. Vou atender  ao telefone. Esse telefone não me deixa trabalhar!

  • Já eu acho que o colega trabalha no telefone. Ele devia usar um telefone sem fio pendurado no pescoço. Em Bodocó, aliás no Sertão, não tem disso, não!

  • Minha experiência em Gravatá foi muito boa, no que se refere à solução de problemas do dia-a-dia. Vamos ouvi-la e adotá-la in totum?

  • Discordo. A sua pode ter sido boa, mas foi muito pequena. A minha foi muito maior: na Alemanha (em toda a Baviera). Vamos segui-la, pessoal!?

  • Experiência nazista, digo, germânica, não se aplica aqui, colega. Trago minha experiência de Arcoverde e de Garanhuns. Acho que é bom segui-la.

  • Minha experiência foi simples, mas valeu. Passei um tempo correndo atrás de camelôs e me tornei amigos deles. Levo uma vida tranqüila em Santo Amaro!

  • Colegas, deixo de dar meu testemunho porque vou me ausentar para receber lá embaixo uma gravata especial que mandei comprar. Cadê meu blazer?

  • Desculpem! Vou me ausentar também porque tenho de pegar o avião daqui a meia hora (estava esquecido). E ainda tenho de arrumar a bagagem em casa

  • A lógica deve presidir as decisões. Aliás, ela preside tudo, até o maravilhoso encontro entre homem e mulher. Aprendi isso (no bom sentido) na Itália.

  • O colega disse bem. Vi isso na França e em minhas andanças com o colega, doutor em lógica e (perdão!) em  mulheres (no bom sentido).

  • Em floresta, aliás, na floresta temos de proteger as árvores de maior tradição. Se tivermos de sacrificar vamos começar pelas mais novaes, digo, novas.

  • E a colega, professora, vai abrir a boca? Pela minha estatística, as mulheres só participaram em 50%. Vai completar os 100%, nobre cavaleira, digo, dama?

  • Estou de acordo com tudo o que foi dito. Nada a opor. Não sou contra nem a favor, muito pelo contrário.

  • Ih! Parece que a colega, além de calada, é mineira também! – diz baixinho um ex-bancário, enquanto amacia de leve sua queixada.

  • Se muita gente aqui está falando em experiência, eu jogo a minha para discussão: são quinze anos de barba, barba imponente, modéstia à parte!

  • Trago a experiência de engenheiro no Sertão brabo, erguendo barragens secas, de terra. Água só de plantas nativas e do suor no trabalho duro!

  • Posso dar coices, mas é só no nome. Meu mundo é o da diplomacia. Conta o fato de ser parente, por afinidade, de ex-prefeito do Recife!

  • Gente eu estou aqui de gaiato, porque eu já me mandei daqui faz tempo. Mas eu sou amigo de vocês e aprovo tudo, menos cair com dinheiro. Certo?

  • Trago a experiência em afazeres (jurídicos ou não), de paletó e gravata, o que me deixou, não um cacoete, mas um tique que amigas minhas adoram!

  • Aprendi no Ministério a buscar o consenso. Busquem-no! As crises nos ensinam a vencer desafios! Amo-as por isso! Não é à toa que meu nome tem algo a lembrar crise. Perdão pelo maior tempo usado! Fim de papo, por hoje!


 

Antônio Sivino (1875 - 1944) - sertanejo pernambucano de Ingazeira, no Vale do Pajeú. Seu nome verdadeiro era Manoel Batista de Morais. Entrou no cangaço em 1896. Apelidado de governador do sertão, com um punhado de cabras, imperou absoluto no interior nordestino até 1914, quando, ferido, se entregou à prisão, ficando preso na Casa de Detenção do Recife. Solto em 1937, passou a residir no Rio de Janeiro.

 

Conceito de saudade: 

Saudade que ainda espera

não é saudade, é lembrança;

saudade só é saudade

quando não tem esperança

De Pinto de Monteiro (violeiro paraibano)

 

 

ISTO É APENAS UMA BRINCADEIRA

Voltar ao topo da página

Revisada em 24/11/2003