OPINIÃO:

Sem o Banco do Brasil, e sem outros bancos oficiais, quem seria o tesoureiro do governo federal?

 

 

TESTEMUNHO:

 

ENTIDADE MAIOR

Banco do Brasil, união nacional!

 

 

 

Veja Banco do Brasil nos anos 60

 

O Banco do Brasil é 
do Brasil ou de efêmeros
 gerentes do Brasil?

 

 

 

 

            Passar no difícil concurso do Banco do Brasil  era uma forma de vencer na vida. Outra era ser aprovado num vestibular clássico ou entrar na caserna. Não havia outras saídas, a não ser ficar rico de algum modo. Isso para as classes média e pobre nos anos 60 e, com certeza, antes. 

 

Passado

 

 

            Ótima carreira funcional era o maior atrativo do Banco. Forte apego entre o pessoal e a Casa (e vice-versa) existia. Havia milhares de créditos às atividades produtivas, sobretudo as do campo. A insolvência era baixa. Duro era o labor no dia-a-dia, indo, não raro, noite adentro, sem ganho extra, que todos se sentiam no dever de deixar sua carteira em dia. Perdas só em filiais menores. Ganhos, nas maiores. No total, lucros altos. De sobra, o banco dava grandes mestres a escolas noturnas do interior do Brasil inteiro. Banco do Brasil,

Fator de integração nacional!

Celeiro de mão-de-obra grau-dez! 

Modelo raro de órgão sério neste País!

 

Imagem

 

           Assim era o BB antes de 1964. Elites dirigentes o fizeram tombar. De lá para cá usaram-no para tapar rombos, e em aplicações sem retorno. Fecharam agências. Acabaram com a progressão funcional. Carreira agora, para a grande maioria dos funcionários, só a do banco para casa, com aposentadoria irrisória.  

           A política de agressão ao servidor público só agravou o quadro. Cortaram grande parte do crédito rural. Em suma, frearam a expansão natural do banco. Vítima do processo de descrédito, fabricaram até    “prejuízos” para mostrá-lo “quebrado” à opinião pública, com vistas a botar o banco no programa de privatizações, certamente. Teve funções capitais contidas, embora modernizado. Tem, apesar disso,  entre outros, estes papéis básicos:

  • Recebedor e pagador da União, dentro e fora do País;

  • Executor de normas financeiras do governo federal;

  • Promotor do crédito rural;

  • Controlador de preços bancários, a evitar cartéis;

  • Executor de serviços normais do ramo como banco múltiplo.

Pretensão

 

           No Governo FHC, vez por outra falaram em vendê-lo, com base nas "perdas" havidas. Ignoravam seu essencial papel nas finanças públicas e no crescimento do País, ou agiram de pura má-fé. Não falavam em quebras  de bancos privados, que comeram cerca de vinte bilhões de reais do Banco Central, dinheiro do contribuinte mesmo sob forma de depósitos compulsórios. 

 

Plebiscito

 

          O Banco do Brasil é, disparado, o banco de maior clientela no País. Sua venda deve antes passar por um plebiscito nacional. Afinal, o povo brasileiro é o dono de fato e de direito do grande banco, feito ao longo de muitos anos com seu trabalho e a paga de impostos.  Dita consulta seria uma questão de respeito à população e às próprias leis. 

 

Perguntas e idéias

  • Se  as “perdas” do BB justificariam sua privatização, os  bancos privados falidos deveriam ter sido desprivatizados?

  • Vender o BB seria, por analogia, ceder a gerência da própria conta bancária a um estranho (quem o faria?).  Isso porque o banco é para o governo um meio no alcance de metas;

  • Aliená-lo seria o desatino de tomar a parcela pela soma, só por serem ambas da mesma classe; 

  • Tanto dinheiro movimenta a União, que precisa mesmo ter um banco para ser seu tesoureiro, seu natural cumpridor de normas financeiras; 

  • Se o tesoureiro da firma "A" fica na empresa "B", como "A" pode mandar naquele?

  • Em vez de ficar com a chave do próprio cofre, queriam entregá-la a um terceiro;

  • Vendido o BB, quem poderia difundir o crédito rural? Quem financiaria as vendas externas de pequenas e médias empresas? Quem cumpriria metas financeiras do governo, de cunho social? Algum banco privado, de olho  no lucro, acaso estaria interessado nessas coisas ou isso iria findar mesmo? Seria o caso de alguém de fora cuidar das finanças do lar ou este, nesse particular, ficaria mesmo entregue às baratas?

  • A venda de todos os bancos oficiais levaria a um grupo de bancos apenas privados com provável predomínio de capitais estrangeiros. Em que o povo e o País lucrariam com isso?

Necessidade

 

           Enfim, é preciso manter oficial o Banco do Brasil, reconduzi-lo ao brio do passado e barrar a ação de eventuais coveiros seus. Afinal, ele é mesmo do Brasil e não de fugazes inquilinos do poder, que, parece, foram embora, sem caminho de volta, talvez.

Testemunho: depoimento de um ex-escriturário do Banco do Brasil (trabalhou nos anos 1962/71).

BB: Banco do Brasil;

Clássico: Direito, Medicina e Engenharia. Em 1960, uma senhora dizia num hotel em Garanhuns/PE: "Dos meus três filhos, um estuda Medicina, outro, Engenharia, e o terceiro entrou no Banco do Brasil. Os três estão com o futuro garantido. Estou tranqüila, graças a Deus".

Prejuízos: ver “O Brasil Privatizado”, página 31, São Paulo/1999, e "O Brasil Privatizado II", página 54, São Paulo/2000, ambos do jornalista Aloysio Biondi;

Metas: Aplicações do banco nos diversos setores da economia, segundo programas de governo.

 

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Atualizada em 27/05/2004