<%@ Language=VBScript %> Notas históricas sobre Santa Cruz do Capibaribe/PE

 

 

O trabalho vence muitas dificuldades

TRABALHO VENCE CLIMA HOSTIL

Anotações históricas

 

 

 

            Segundo fontes oficiais do IBGE, o atual município de Santa Cruz do Capibaribe, antigo segundo distrito de Taquaritinga do Norte, já tinha sua existência em forma de povoação mesmo antes da vinda do português Antônio Burgos, em meados de 1700, o qual é citado como um dos primeiros desbravadores da região. (trecho copiado de publicação

         

Igreja matriz de Santa Cruz

 

             Em meados do século 19, havia apenas uma capela de taipa, construída pelo fidalgo português Antônio Burgos. Por volta de 1790, a capela foi reconstruída. Em 1874, o Pe. Ibiapina definiu a nave central. Em 1882, o Pe. Estima (ver foto) construiu a torre (trecho extraído de publicação de Lindolfo Pereira de Lisboa, em 1991). Eis, abaixo, um retrato da igreja:  

 

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Independência

 

            Desde 1929 que os santa-cruzenses lutavam pela emancipação. Depois de sucessivos fracassos em 1938, 1943 e 1948, a liberdade veio, afinal, em 1953. A lei nº 1818, de 29 de dezembro de 1953, sancionada pelo então governador Etelvino Lins de Albuquerque, tornou Santa Cruz do Capibaribe independente. A nova cidade tinha em torno de dos mil e quinhentos habitantes, transformados hoje, 50 anos depois, em cerca de 70 mil. 

            Primeiras autoridades:

  • Prefeito (constitucional): Raimundo Francelino Aragão

  • Juiz de Direito: Dr. Naércio Cyreno Gonçalves

  • Promotor Público: Dr. Telga de Araújo 

  • Vereadores (sete): Antônio Colino Irmão, João Deodato de Barros, João Moraes da Silva, José Francisco Barbosa (Duda Barbosa), Manuel Barbosa da Silva (Nezinho do Pará), Manuel Galdino Sobrinho (Manuelzinho enfermeiro) e Rodolfo Francelino Aragão

  • Delegado de Polícia: Sargento José Luiz

            A imagem seguinte é uma cópia de recorte do DIÁRIO DE PERNAMBUCO, edição de 24/02/1954, com notícia das festas da independência em Santa Cruz do Capibaribe no dia 29/12/1953, numa terça-feira:

 

(clique abaixo para ampliar)

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         O brasão do município traduz bem a realidade: o sol como símbolo do trabalho e do progresso para todos, a cruz como marco da origem e a caatinga como emblema do cenário.

          Fatos da história política e econômica confundem-se com a luta de seu povo pela sobrevivência.

        Os prefeitos ao longo destes 50 anos estão citados na galeria de prefeitos

              

Raimundo Aragão

 

        Seu primeiro prefeito constitucional, Raimundo Francelino Aragão (1911-1990), hoje dá nome à antiga rua do Pátio,  paralela à rua Grande, atual avenida Padre Zuzinha, à margem do rio Capibaribe, por onde começou a localidade. Principal batalhador da independência de Santa Cruz e duas vezes prefeito do município (1955/59 e 1963/67). Em seu primeiro mandato ocorreu a aquisição de 160 hectares no perímetro urbano, com elaboração de planta urbanística e distribuição de lotes, o que permitiu o rápido crescimento da nova cidade..

Símbolo

 

          A localidade nasceu e cresceu sob o signo da cruz. Dois cruzeiros dominam a paisagem local: um no final da avenida Padre Zuzinha (antiga rua Grande) e outro na Serra da Palestina, em homenagem a Frei Damião, e por ele inaugurado em 1995.  Seu hino canta as belezas da terra e a luta de seu povo.   

 

Clima hostil  

 

           Na fuga a durezas do clima, o santa-cruzense sempre buscou outras ocupações fora das atividades agrárias, ficando estas mais como bicos. Em face disso, houve, ao longo do tempo, vários ciclos econômicos

            O raro dia de chuva era uma festa para a meninada da época. Nos eventuais períodos de inverno, chovia dois meses por ano quando muito. O comum era a estiagem, traduzida bem por uma anedota popular. Mas isso, eis aí o paradoxo, acabou por empurrar o povo santa-cruzense para o progresso através da sulanca

           A falta d'água no lugar era absoluta até poucos dias. Eram 70 mil pessoas sem água. Cerca de 150 caminhões particulares carregavam o líquido para a cidade de até 60 km ou mais, vendendo-o a 100/130 reais por carro-pipa.             

          Chuvas torrenciais neste janeiro de 2004 mudaram o quadro, para imensa alegria dos santa-cruzenses, embora possa haver certa apreensão com cheias do Capíbaribe. Dois açudes, próximos à cidade, estão sangrando. O maior deles, no leito do rio, é o de Poço Fundo, a 15 km, com capacidade para 100 milhões de m3. O outro, o do Machado, a 6 km, armazena 28 milhões de m3.  

 

 

Sítio histórico

 

            Na sua artéria principal, avenida Padre Zuzinha, existem a igreja matriz, edificada no século 18 e reformada em 1874, várias gameleiras, algumas seculares, casas com fachadas em azulejos portugueses e dois sobrados antigos. O maior destes (sobrado das Moraes) vem dos anos 20. O outro ( o "sobradinho"), com frente já descaracterizada,  data de época mais remota. 

            Esse trecho da cidade, como espaço histórico do lugar, deve ser, pelo menos, logo tombado pelo poder público municipal, em obediência ao artigo 236 da Constituição Federal e para garantia  da preservação de das fachadas dos prédios. Esse segmento se presta muito à realização de eventos artísticos e de lazer.                Próximo à cidade existe o sítio Bandeira, onde vivem os gangarras, curiosos por sua fala e hábitos.

 

Sobrado das Moraes:

 

        Construído todo am alvenaria na década de 20 (sem nenhuma rachadura no presente) por José Moraes da Silva (1897 - 1941),  comerciante empreendedor de Santa Cruz do Capibaribe, já nos anos 20. Egresso do sitio Bandeira, foi um dos pioneiros do comércio na cidade,  de quem o autor é neto pelo lado paterno. Foi também um dos primeiros donos de caminhão do lugar. Para ampliar foto de José Moraes da Silva e família, em frente a sua loja em Santa Cruz, clique na figura abaixo:

 

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       Abaixo, foto do sobrado. Para ampliá-la clique na figura:

 

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Antônio Burgos - "fidalgo português que, acompanhado de família, escravos e pertences, saiu do Recife em busca de clima salutar para curar-se de moléstia, e se instalou na confluência do riacho Tapera com o rio Capibaribe, no terreno hoje pertencente (em 1979) à viúva de Cesário Abílio Aragão. Os escravos desmataram o local e logo construíram o novo lar do lusitano enfermo. No lado esquerdo foi edificada uma capelinha de taipa e à sua frente ergueram uma cruz de madeira da região, recebendo o local o nome de Santa Cruz". (trecho extraído da monografia "Santa Cruz do Capibaribe e sua sulanca  - Caruaru/1979", trabalho coordenado por Eunice Aragão Neves;

Publicação - de Avanísia Souza, Israel Carvalho e Lúcia Oliveira, editada em 1996 pela ART’BERG, Santa Cruz do Capibaribe).

Ciclos econômicos:

    Algodão - Pequenos armazéns na cidade compravamm algodão produzido na região para revendê-lo a grandes empresas noutras cidades. 

    Carvão vegetal - Durante bom período (anos 50, sobretudo), muitos levavam cargas de carvão vegetal e coisas diversas para o Recife, girando a economia da região. De volta, traziam outras mercadorias. Era o tempo do "descer" ou "subir" no linguajar dos caminhoneiros da época. Parte das matas pode ter sido destruída, mas o povo achou uma forma de sobrevivência. 

    Lambe- sola

   Sulanca

Trem - No início do ciclo da sulanca, existiia ainda o trem.  O autor conheceu bem o que ia do Recife a Flores no alto Sertão, passando em Caruaru. Nele viajou algumas vezes. A viagem no trecho Caruaru-Recife, embora demorada (5 a 6 horas), era divertida.  Havia vários túneis na serra das russas, entre Gravatá e Vitória de Santo Antão. Não se sentia o tempo passar. Festa mesmo era a parada na estação de cada cidade.  Havia outros ramais no estado. O custo do frete ou da passagem era menor que o do transporte rodoviário. Essa situação continuaria hoje. Em vez de modernizarem e expandirem o trem, estupidamente, acabaram com ele. Mais do que isso: no Brasil estão deixando morrer as vias férreas ainda existentes e o que resta desse tipo de veículo. Por quê? 

Anedota - Nos anos 50 corria no lugar a piada:

--- Senhor, dai-nos, pelo menos, um ano de inverno e outro não - implorava um agricultor santa-cruzense

O Senhor atendeu o pedido, mas ouviu um ano e oito não.

 

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Atualizada em 11/05/2004