Camilo Castelo Branco
CCamilo
Castelo Branco é considerado o maior prosador romântico de
Língua Portuguesa. Conseguiu tranferir suas vivências aos
personagens. Camilo Ferreira Botelho teve uma vida atribulada, ou seja,
cheia de percalços e aflições e de final trágico,
assim como os heróis românticos que elaborou.
Nasceu filho bastardo em 16 de março de 1825, em Lisboa, cidade que conheceu muito pouco. Sua mãe, Jacinta Rosa do Espírito Santo, falecida quando o menino tinha apenas 2 anos, era uma criada de seu pai, Manuel Joaquim Botelho Castelo Branco, que faleceu oito anos mais tarde. Órfão, passa a ser cuidado pela tia Rita Emília(a personagem do romance "Amor de Perdição"). Da convivência com a tia guardou os relatos sobre o avô assassinado e a morte de seu tio Simão, degredado para a Índia. Dizia-lhe a tia "que era necessário ser desgraçado para não contradizer os fados de família". E ele foi. Aos 16 anos de idade casou-se com Joaquina Pereira, de 15, que abandonou para estudar Medicina no Porto. Sentiu-se inadaptado, frequentando mais festas do que aulas, até ser reprovado por faltas. Durante as férias em Trás-os-Montes, envolveu-se com a prima Patrícia Emília, com fugiu de volta para o Porto, sendo acusado de adultério e preso. Com a morte da primeira mulher, Joaquina, em 1847, passou a viver maritalmente com Patrícia, de quem se separou quando ela engravidou.Em 1850 conheceu Ana Plácido, o grande amor de sua vida, que se casou com Manuel Pinheiro Alves, por arranjo de família. Deprimido, engressou num seminário, onde viveu um caso amoroso com uma freira. Nesse meio tempo, publicou sua primeira novela, Anatema(1851). Em 1858 depois de passar uma temporada nômade, completamente ao sabor das emoções, retomou o contato com Ana Plácido, então mãe de um garoto. No mesmo ano, os dois passaram a viver juntos para serem presos dois anos depois, como adúlteros. Durante a prisão - um ano e 15 dias -, escreveu Amor de Perdição. Em 1861, o casal foi julgado e adsolvido. Dois anos depois nasceu Jorge, que se tranformaria em alcóolatra e incendiário. Em 1864, Castelo Branco fixou residência pela primeira vez, na casa herdada do ex-marido de Ana. Nesse mesmo ano, nasceu o filho Nuno, que se tornaria um desvairado, sempre as voltas com escândalos. Em 1883, precisando de dinheiro, Camilo foi obrigado a leiloar sua biblioteca. Dois anos depois, recebeu o título de visconde e uma pensão. Em 1888, casou-se com Ana Plácido, que queria o título de viscondessa.
A decisão de morrer foi tomada quando a cegueira, consequência de uma sífilis contraída na juventude e mal curada, já o impedia definitivamente de escrever.
Camilo Castelo Branco foi conteporâneo do Romantismo. Nasceu no ano da publicacão do poema narrativo Camões, de Almeida Garret, o iniciador do Romantismo em Portugal e que ao lado de Alexandre Herculano e Antônio Feliciano de Castilho, teve grande influência sobre sua obra. Enquanto estudava Medicina, leu Lamartine, Chateubriand, Victor Hugo, Alexandre Dumas George Sands. Pouco antes de matar-se, mostrou-se consciente de sua importância e do respeito de que era merecedor. "Chamo-me Camilo Castelo Branco e estou cego. Sou o cadáver representante de um nome que teve alguma reputação gloriosa nesse país durante 40 anos de trabalho." Romântico e trágico que era, suicidou-se com um tiro no ouvido, em 1º de junho de 1890. Sobre sua morte, publicou o jornal O século: "Morreu o ilustre romancista Camilo Castelo Branco. Sabe-se a tortura contínua em que vivia por cause de seus padecimentos. Hoje, pelas seis horas da tarde, num momento de desespero, desfechou um tiro no ouvido, sobrevivendo apenas poucas horas ao ferimento. A notícia espalhada aqui, rapidamente, tem produzido geral consternação".
Camilo Castelo Branco foi o primeiro escritor profissional de Portugal. Para sobreviver escreveu mais de uma centena de títulos, se tornando figura ilustre de sua época e conhecida do grande público. No entanto, o ritmo febril de sua produção fez com que sua obra abusasse das repetições temáticas, que procuravam agradar o gosto do grande público da época. Castelo Branco escreveu com profusão novelas passionais, sátiras, históricas e de suspense, consagrando-se nos dois primeiros.