Eça de Queiros
José
Maria d'Eça de Queirós nasceu em 1845, em Póvoa do
Varzim(Portugal), e morreu em 1900, em Paris. Filho de uma relação
amorosa considerada ilícita,
Eça de Queirós foi criado longe dos pais. Essa situação,
segundo seus biógrafos e críticos, teria marcado o escritor,
que desenvolveu uma consciência dos preconceitos e da hipocrisia
da sociedade burguesa.
Entre 1861 e 1866 estudou Direito na tradicional Universidade de Coimbra, presenciando o início da questão Coimbra, também conhecida como A Questão do Bom Senso e do Bom Gosto. A Questão Coimbrã é uma famosa polêmica que introduziu o Realismo em Portugal. Os estudantes de Coimbra, liderados pelo poeta Antero de Quental(1842-1891), autor de Odes Modernas, opuseram-se ao idealismo da literatura romântica. Entre 1867 e 1872, Eça de Queirós desenvolveu sua carreira jurídica, paralelamente às atividades de escritor. No ano de 1870, participou das famosas conferências do cassino, que reafirmavam em Portugal o ideário do Realismo. A partir dessa data, Eça de Queirós ingressa no serviço diplomático, servindo em vários países, até alcançar o cobiçado posto de cônsul em Paris. O contato com a cultura de países mais avançados que Portugal talvez tenha acentuado sua compreensão do provincianismo e do atraso de seu país. Intensificou, assim, seu desejo de ajudar na sua reforma. No ano de 1886, Eça de Queirós casa-se com Emília, filha do conde de Resende e se aproxima cada vez mais do ambiente da aristrocacia portuguesa. Em 1889, passa a fazer parte de um grupo de intelectuais e políticos bem-sucedidos, mas que autodesignam Vencidos da Vida. Esse sentimento de derrota tinha origem na consciência do fracasso de suas idéias críticas diante da realidade desoladora de Portugal. Em síntese, esse grupo de intelectuais apresentava uma ideologia complexa muito comum no final do século XIX, fruto de uma mistura de Decadentismo, Niilismo, Aristocracismo, mistura que marcou a última fase queirosiana.
A obra de Eça de Queirós se divide em três fases: a primeira apresenta caracteristicas muito próximas do espírito romântico, e cujo melhor exemplo está em Prosas Bárbaras; a segunda mostra traços acentuadamente realistas-naturalistas e na qual o autor produz uma crítica ácida e ferina à sociedade e à burguesia portuguesas.Nessa fase se encontram os romances mais combativos e virulentos do autor, entre eles, o crime do O Crime do Padre Amaro, O Primo Basílio, e A Relíquia. A terceira fase é marcada por uma abrandameno da crítica e por um desejo de reconciliação com Portugal.
São dessa fase os romances "A Ilustre Casa de Ramires" e A Cidade e as Serras, obras por vezes caracterizadas por uma idealização do passado português e por um certo "conservadorismo" ideológico, que surpreende quando comparados à produção anterior do escritor.
O livro A Ilustre
Casa de Ramires começou a ser escrito em 1894. Mas sua publicação
na íntegra foi feita em 1900, após a morte do autor. Eça
de Queirós não chegou sequer a fazer a revisão do
texto. A tarefa foi realizada por Júlio Brandão.