Rambo, entretanto volta aos States.
Mas devido ao triângulo
Siberiano que derruba
Tupoleves (e tambem
Tupesados) que nem tordos,
conseguem um itinerário
com passagem pelo Aeroporto
Internacional da
Ota.
Sendo um dos mais
exímios desconhecedores da diferença
entre as promessas
e o futuro, apenas consegue que o
larguem de paraquedas
algures em Lisboa.
Erra por pouco a
embaixada dos EUA, mas decidido a
melhorar a sua carreira
aceita uma proposta de emprego
numa empresa global
na sua avenida (a dos Combatentes)
na esperança
de ser transferido para o Barain onde a
está toda
a acção.
Entretanto, Hans levantara-se e reparara
que o terreno para norte da muralha estava pejado de valorosos guerreiros
lusitanos e de outros menos valorosos também, empunhando bandeiras
castelhanas. Estavam todos a descansar, como se se preparassem para uma
batalha. O vulto que gritava afirmando possuir Haggis fresquinho e acabado
de fritar reiterava e reiterava a sua afirmação, impelindo
subtilmente alguns dos combatentes a comprar. Fazia-lhes um preço
de amigo. Apenas algumas libras, ou sestércios, se os tivessem.
O dinheiro não era problema nem para eles, nem para ele. Hans dirigiu-se
ao um soldado lusitano, trajando uma vestimenta guerreira do século
XIV, e
perguntou-lhe porque estavam todos, assim,
descontraídos, em campos opostos do campo, aguardando serenamente
algo que ainda não descortinara com clareza.
- O que fazeis aqui todos sentados, assim,
descontraídos, em campos opostos do campo, aguardando serenamente
algo que ainda não descortinei com clareza?
- Estamos à espera que comece a
batalha de Alves Barata. Já não deve faltar muito.
- A sério? Mas porque vieram combater
tão longe? Não vejo ninguém que seja natural destas
paragens para
além daquele camarada vendedor
de comida frita com batatas fritas e vinagre.
- Então, não sabe? Aonde
é que tem estado? Mas então ninguém lhe tinha dito
que a Portugália tem umas promoções especiais para
grupos grandes que se queiram deslocar à muralha de Adriano? É
verdade, os preços são muito acessíveis. De tal maneira,
que decidimos vir para aqui disputar a batalha que vai decidir o futuro
do nosso país e quem será o próximo rei.
- Estupefacção! Você
até tem piada.
- Obrigado, mas agora não quero,
obrigado. Vou até junto dos meus companheiros. Oiço o sinal
de início da batalha, que o árbitro acabou de apitar.
Ao proferir estas palavras, os lusos guerreiros
tiraram dos bolsos uma arma de poder incalculável e inusitado. Tinham
sacos de queijo ralado, que inseriram nas suas espingardas, como se de
pólvora se tratasse e dispararam. Uma nuvem de poeira de queijo
se ergueu sobre o inimigo. Um pouco enleados, começaram os castelhanos
a tossir, outros, mais frágeis, a ter náuseas derivadas do
cheiro nauseabundo
do queijo da serra em pó. Estavam
a perder o domínio, a disciplina, o pudor. Alguns gritavam, mas
outros continuavam de pé, tentando esmurrar os bravos lusitanos.
No calor da batalha, uma dama de grandes dimensões assomou, portentosa
e maciça. Envergava um
camisola com o seu nome inscrito: padeira
de Alves Barata. Às costas, divisava-se um saco, também com
uma inscrição: material extremamente perigoso; mexer
com cuidado. A maior parte da chusma combatente nem sequer se apercebeu
da presença desta nova personagem. Hans assistia a tudo, impassível,
como se de um jogo de críquete se tratasse. Ignorava as regras,
mas esperava por um vencedor. A padeira não reparou nele e continuou
o seu papel. Retirou do saco sandes mistas de queijo sem fiambre e dirigiu-se
à boca de um castelhano e enfiou-a goela a dentro.
- Piedade! - gritou a vítima, correndo
para longe do campo de batalha.
A padeira repetiu a proeza várias
vezes, com vários exemplares idênticos, até tentar
com uma nova versão: o pão alentejano de queijo. Alguns castelhanos,
ao sentirem o odor resplandecente na sua essência horrível,
correram também para longe do calor do combate. A padeira atirou-lhes
os pães recheados com aquela pasta flácida, amanteigada,
oriunda da serra da estrela e que derretera um pouco com o calor,
evolando-se assim um vapor rescendendo
a queijo. Mesmo assim, aporfiavam-se ainda vários castelhanos, lutando
com afã. A padeira tinha ainda uma missão a cumprir. Tirou
uma piza de queijo e um cachorro quente enorme sem salsicha e com queijo,
que arremessou com força,
sacando de uma arma automática
carregada com queijo parmesão e queijo se Serpa, ligeiramente putrefacto,
que disparou com exímia pontaria. O cachorro explodiu fragorosamente,
assim como o outro disco queijófilo. Felizmente, os lusitanos sabiam
o que se iria passar e
ergueram os seus escudos a tempo de saírem
incólumes da explosão. Os castelhanos, gritando por piedade
e dizendo mais queijo não, suplicamo-vos, renderam-se e foram tomar
um banho prolongado. Os portugueses tomaram o avião de volta e deixaram
o queijo a
contaminar o local. Os castelhanos perderam
o voo, pois não conseguiram lavar-se e livrar-se do cheiro a tempo.
Ficaram prisioneiros do imperador romano, que os acolheu do outro lado
da muralha, já que foram expulsos pelos escoceses, acusados de porte
de armas,
objectos e cheiros ilegais. Hans retomou
a sua caminhada pela muralha.
Caminhou durante largas horas. O sol escaldante queimava-lhe a pele das mãos e dos braços, sem que ele tivesse verdadeira consciência disso. Ocorreu-lhe que deveria estar perto do forte de Chester, pelo que o pensamento de aproveitar para cumprimentar o comandante romano da fortificação o reconfortou e o motivou para continuar. Andou cinco metros e chegou à porta Norte do forte. O céu azul, escaldante. Durante esta curta caminhada, notou que os seus pés passavam por uma superfície que lhe pareceu pantanosa e húmida, mas também esponjosa e húmida. Reflectindo ensimesmadamente, decidira aproveitar para a investigar junto do comandante. Bateu à porta.
- Quem é
? - respondeu-lhe uma voz seca.
- Sou eu.
- respondeu Hans.
A porta abriu-se e uma centúria de legionários rodeou-o ameaçadoramente, as lanças apontadas aos seus pés. Dois decuriões aproximaram-se um pouco, cada um deles transportando um recipiente rectangular, com um líquido quase transparente. Pousaram-nos aos pés de Hans: um ao pé direito, outro ao pé esquerdo. Vigorosamente, desembainharam os seus gládios, e o mais baixo dirigiu a palavra a Hans:
- Coloque
os seus pés nestes recipientes. Queremos ter a certeza que não
volta a propagar a febre para dentro das nossas instalações.
- Mas eu
nunca entrei nas vossas instalações !
Quatro legionários ergueram Hans e colocaram-no em cima dos recipientes.
- Eu sei.
Mas, por estranho que lhe possa parecer, há mais pessoas na Terra.
E destas, há algumas que já entraram. E destas, há
algumas que já propagaram a febre.
- Peço
desculpa. Compreendo que é necessário manter a aparência
de uma aparente preocupação com a saúde pública,
para enviar para a opinião igualmente pública, uma imagem
positiva da legião.
- Ainda bem
que podemos contar com a sua compreensão. Bem vindo ao forte de
Chester ! O que o traz por cá ?
- Vinha saudar
o comandante.
- Por três
libras, pode fazê-lo.
Quatro legionários tiraram três libras da carteira de Hans.
- Saudações
ao comandante. Diga-me: neste campo têm alguns castelhanos ?
- Ò
homem, você nem me diga nada ! Então não sabe que esses
caramelos traziam na bagagem queijo de ovelha com febre aftosa ? São
prisioneiros de guerra e de delito comum, por crimes contra a saúde
pública da humanidade.
- Nada.
- Multa de
três libras por desacato à autoridade. Mais alguma questão
? Não quer visitar mais nenhuma parte do nosso forte ? Temos mais
algumas portas, a Este, Oeste e a Sul. Como já deve ter reparado,
o forte está inserido na muralha e é parte integrante dela.
Gostaria também de lhe chamar a atenção para a ponte
romana a Leste, muito pitoresca. Por fim, não posso deixar de mencionar
as nossas termas, das quais nos orgulhamos muito e
que estão
em excelentes condições de utilização, por
apenas três libras - Quatro legionários tiraram três
libras da carteira de Hans. Quatro legionários tiraram três
libras da carteira de Hans.
- Fica para
outro dia. Diga-me: conhece algum restaurante por aqui ?
- Ande 2
quilómetros para Oeste e procure o caminho de ferro. Vai encontrar
uma estalagem com restaurantes.
- Não
tem de quê - disse Hans, já de costas para o seu interlocutor,
os pés sobre a superfície esponjosa.
Passados dois quilómetros,
duas placas indicavam, na mesma direcção, a presença
de restaurantes. Hans resolveu seguir uma delas. A estrada passava pelo
meio do campo aberto, por vezes com árvores densas à sua
beira. Chegou a uma localidade e vislumbrou uma estalagem depois de um
cruzamento. Atravessou-o, passando por cima de um monte feno fedendo a
desinfectante. Aproximou-se da casa. Uma placa informava que se tratava
da estalagem-pub-restaurante "Caminho de ferro" ("Que nome tão estúpido"
pensou ele, até que ouviu passar um comboio e pensou "Que nome tão
apropriado"). Outra placa, informava que se tratava do restaurante "Franguinho
da Guia". Decidiu entrar. Atravessou uma sala escura e acastanhada,
dirigindo-se ao
que lhe pareceu ser uma esplanada. O sol voltou a queimar-lhe as mãos
sem ele o notar. As mesas e cadeiras de metal branquejavam junto à
roupa que secava nas cordas. Uma empregada atendia um grupo de pessoas
noutra mesa, tendo visto Hans entrar, ignorando-o. Hans sentou-se
numa mesa vazia e esperou que o atendessem. Três horas depois, uma
nova personagem entrou na sala, trazendo consigo uma pilha de bobinas cinematográficas.
Olhou para Hans e dirigiu-lhe a voz:
- Por acaso não quer ver os filmes de animação que trago comigo ? São boas fitas animadas de artistas polacos, romenos e outros ! - era V. Granja.
- Por acaso não, respondeu Hans.
Mas se insistir muito, posso aceder ao seu pedido, sob uma condição.
Mas antes de lhe revelar que condição é essa, terá
que me revelar o seu nome. Vejo pela sua camisola que o seu sobrenome é
Granja, mas o V pode ser muita coisa. Pode inclusivamente ser Vlad, uma
vez que me fala da Roménia. Sabe que agora na Transilvânia
têm um parque sobre o Drácula, não sabe.
- O nome, o primeiro dos meus, é
Vasco. E sou animador. Não animador no sentido de fazer animações,
mas apenas no sentido de animar a projecção televisiva de
animações. Não sei se me faço entender.
- Vou ignorar a sua última frase
e vou-lhe expor as minhas condições. O senhor terá
que convencer a moça que supostamente deveria estar a servir as
mesas a servir-nos. Pode ser?
- Pode. Menina, por favor. Queremos pedir.
E rapidamente, aproximou-se uma moça
com duas ementas na mão.
- Boa tarde. Os senhores já escolheram?
Hans produziu um sorriso sardónico
e ao mesmo tempo um pouco sarcástico, ao mesmo tempo que tentava
esclarecer a sua posição.
- Menina, sem a ementa, não podemos
escolher.
- Eu percebo essa parte, mas poderiam
já ter estado cá. Aqui têm as ementas.
Deu uma a Hans e outra a Granja. A de
Granja falava nas várias variantes de Frango da Guia, sem pimentos,
sem alho, sem limão, sem peixe, sem coentros, sem laranja, sem milho,
sem pedras, sem geada, sem relva, sem luz, sem tomilho, sem cenoura, sem
parede, sem cassete, sem rododendros, sem carvalho e sem castanhas.
- Hans, posso sugerir-lhe o Frango da
Guia sem milho? - perguntou Granja - É verdadeiro um petisco pitéu.
A moça escutava impassível,
com alguma impaciência.
- Eu, na minha ementa, não tenho
nada disso. Vejo mais as várias variantes gastronómicas britânicas
para as batatas assadas, com feijões com molho de tomate, natas
e afins. Mas se você me faz uma proposta tão sincera, não
tenho outro remédio senão aceitar. Aceito.
- Menina, traga-nos duas doses de Franguinho
da Guia sem tomilho, por favor. Mudei de ideias.
- Lamento, mas eu não sou empregada
do "Franguinho da Guia". Sou empregada do pub-restaurante "Caminho de Ferro",
que partilha instalações e não empregados com o "Franguinho
da Guia". Não recebo pedidos desses. Se quiserem pedir isso, têm
que o fazer à minha colega. Obrigado e boa tarde.
E, proferindo estas afirmações,
retirou as ementas aos esfomeados candidatos a comensais.
- Olhe lá, ò Granja, o que
é que você fez à moça para ela reagir assim?
- Não sei. Palavra que não
sei. Lá na Roménia, nos velhos tempos, as escolhas eram muito
mais fáceis.
- Percebo. Não conte comigo para
ver as suas fitas.
E com isto apareceu um actor de cinema,
oriundo daquelas paragens, declamando orgulhosamente declarações
bombásticas e inesperadas.
- Eu só regresso à Escócia
quando a Escócia for independente!
Granja, ofendido com as palavras do seu
interlocutor, retirou-se fragorosamente, entoando cânticos comunistas,
a fazer lembrar o hino na antiga União Soviética e foi-se
embora, esfomeado, em busca de um bom estabelecimento de comida romena.
Hans limitou-se a fazer uma pequena observação.
- Meu caro, você está na
Escócia.
- Sim, eu sei, mas só regresso
quando esta for independente. Percebeu? É assim tão complicado?
O facto de eu estar aqui não contradiz em nada a minha promessa,
se eu jamais de cá sair. Percebe? Ninguém pode regressar
a um sítio do qual jamais saiu, percebe? E eu nunca saí se
cá. O meu pensamento nunca saiu de cá. Nunca regressarei
à Escócia enquanto esta não for independente.
E durante longos minutos continuou a falar
nesta toada independentista de fervor nacionalista. Entretanto, a empregada
do "Franguinho da Guia". Trouxe um frango, perguntando a Hans:
- É frango, não é?
- Sim, mas era sem tomilho, por favor.
- Exacto, é mesmo este. E se quiser
sem cenoura ou sem milho, é só virar um pouco o prato. Esteja
à vontade. São incompetentes os empregados do "Caminho de
ferro", não acha ?
- Acho que são tão incompetentes
como vocês, se isso a esclarece. Porque é que andam de costas
voltadas?
- Se quer que lhe diga com franqueza,
acho que é porque sim.
- O frango está uma delícia,
com esta ausência de saborzinho a tomilho. Dê os meus parabéns
ao chefe.
Entretanto, passava um comboio a apitar.
Foi-se embora e não deixou gorjeta. Não valia a pena. Não
sabiam o que era servir. Ligou o motor do Ford Focus com volante à
direita e acelerou rumo a uma pastagem junto à muralha, onde vendiam
ovelhas com febre afetosa, para quem quisesse pedir uma indemnização
ao governo.
Hans parou nas proximidades
do curral de ovelhas.Tinha pensado em adquirir uma, pois uma indmenização
seria interessante para melhorar as suas finanças. A mão
direita doía-lhe, pois havia batido muitas vezes com ela na porta
direita. Como a mão não encontrou a alavanca das velocidades,
Hans concluiu que se tratava de um carro de mudanças automáticas.
Curiosamente, achou o carro muito lento e barulhento. Não achou
estranho um carro com mudanças automaticas ter embraiagem: pareceu-lhe
uma excelente inovação técnica, cuja utilidade ainda
não conseguira captar. O fumo saía pelas arestas laterais
do capô. Enquanto saía do carro, alguém se dirigiu
a ele. Era um polícia, fardado com a sua farda azul escura e colete
verde florescente com letras brancas, boné de polícia com
pala.
- Bom dia
- a continência - Ordeno-lhe que saiaa do carro,imediatamente.
- A que devo
a honra ?
- Suspeito
que o senhor está a incinerar ovelhas infectadas,ilegalmente, dentro
da sua viatura. Abra o capô, já !
Hans ficou um pouco
confuso com a acusação, pelo que demorou dois segundos a
começar a mexer a mão em direcção ao manípulo
de abertura. Subitamente, o polícia:
- Ponha as
mãos no ar e encoste-se ao carro. Repito: ponha as mãos no
ar e encoste-se ao carro !
Hans anuiu, confuso.
O metal frio das algemas arrefeceu-lhe os pulsos, que depois acabaram por
aquecer as algemas.
- Para o chão,
já !
A agente da lei,
após empurrar Hans para junto da erva, forçando-o a deitar-se,
dirigiu-se afoitamente ao manípulo de abertura e puxou-o. O fumo
começou também a jorrar pela parte da frente. Contornando
a porta e o resto da parte da frente do carro pelo lado direito, dirigiu-se
à nuvem de fumo e abriu o capô. Para seu grande espanto, não
havia nenhuma ovelha escondida no motor.
- Então,
sua espécie de palhaço com nariz de político ? Encontrou
alguma ovelha ? Palhaço ...
- Ahh, mm,
Ahh, mm, Ahh ... o seu carro não se encontra em condições
de circular, pelo que tenho que multá-lo.
- Mas por
acaso eu estou a circular ?
- Então
boa tarde, ã ? Adeusinho.
- Palhaço
!
Hans, no ardor da
discussão, não reparou que tinha ficado algemado. Dirigiu-se
então ao curral onde vendiam ovelhas infectadas. Um homem de cabelo
grisalho crespo e óculos, pediu-lhe amavelmente que parasse, apontando
para uma fita branca e vermelha que rodeava o local, amarrada em pequenos
finos postes de metal.
- Lamento
mas não pode passar amigo. O curral de venda de ovelhas infectadas
com febre afetosa encontra-se encerrado devido à febre afetosa.
- Importa-se
de repetir ?
- É
verdade amigo. Eu por mim deixava-o passar, pois isto é tudo uma
invenção do governo para ganhar votos. Mas o meu supervisor,
que esteve aqui ainda há bocado, acha que não e se visse
que eu o tinha deixado passar, chegava-me a roupa ao pêlo.
- Mas isso
é uma vergonha ! Assim como é que eu posso candidatar-me
a uma indmenização, se o próprio governo me priva
do meu meio de subsistência ?
- Concordo
consigo. É uma vergonha. Isto está entregue aos burocratas.
Preferia palhaços com nariz de político do que políticos
com
nariz de palhaço
!
Hans já se
tinha ido embora, dirigindo-se ao carro. Estava completamente convencido
que mudanças automáticas e embraiagem não combinavam
muito bem. Mesmo assim, pegou no carro e prosseguiu viagem.
Uma voz feminina, suave e algo doce, manifestou-se
no lugar da passageira. O lado esquerdo da parte da frente da viatura,
portanto.
- Talvez não fosse má ideia
usar a caixa de velocidades, amigo. Pelo seu estilo de condução,
presumo que tenha vindo dos estados unidos. Mas não quero que assim
seja. Quero acreditar que você é de cá, ou que pelo
menos vive cá. Pode ser? - e assim se apresentou a voz feminina,
que se insinuava qual doce melodia flutuando no ar impregnado de perfume
florido.
- Como diz?
- Tenho aqui uns cartões de crédito
para lhe vender. O senhor ainda não tem pois não?
- Lamento desapontá-a, mas sou
um orgulhoso possuidor de cartões de crédito há já
muitos anos, tanto na versão capitalista como na versão comunista.
- Ai sim? Então desculpe e boa
viagem.
E ao proferir estas palavras, enquanto
Hans experimentava a sensação de manejar a caixa de velocidades
com a mão direita, abriu a porta e saltou do carro, enquanto este
se deslocava a mais de 35 milhas por hora, em plena aceleração.
Hans esboçou um adeus e ficou ofendido por não obter resposta.
Para piorar a situação, a porta tinha ficado aberta. Por
sorte, havia uma área de serviço naquela auto-estrada e decidiu
parar. Walter Scott também estava lá e não se cansava
de recitar poemas e de narrar as aventuras das suas personagens mais queridas.
Hans dirigiu-se a ele, placidamente.
- Wally, tudo bem?
- A quem devo o prazer da apóstrofe?
- O meu nome é Hans, também
conhecido por Hans.
- Encantado. Veio ouvir as minhas obras?
Olhe que elas serão famosas um dia. Até farão filmes
a partir delas, com a mesma actriz, por exemplo, que quando jovem fazia
filmes com cães que mais tarde deram origem a uma marca de meias.
Ò patria escocesa que não me esquecerás. Aqui te deixo
um brinde que não ficará para trás.
- Você está inspirado hoje.
Quero lembrar-lhe que você já tem um monumento, na capital
da sua pátria. Só falta você ir até lá
e assumir o trono. E com um pouco de sorte, não muito longe do sítio
onde foi edificado esse esplêndido monumento, poderá adquirir
as suas próprias obras, por um preço muito acessível.
Antes que Hans pudesse terminar esta última
frase e não a anterior, já Walter tinha partido, no seu cavalo
alado. Hans pensou tratar-se de um unicórnio, mas não tinha
bem a certeza se efectivamente assim era. Decidiu alugar um cavalo alado,
no Burger King.
- Alugam cavalos alados?
- Sim, claro, obviamente que sim, aliás
nem sequer compreendo a sua pergunta, já que o nosso negócio
sempre foi centrado no aluguer de cavalos alados, seus apêndices
ornamentais e outras bugigangas análogas, sem desprimor de outros
negócios paralelos de somenos importância, como a venda de
sandes de carne picada. Já agora, conhece as ilhas sanduíches
e a história do governador jogador inveterado que queria tanto
jogar que não saía da mesa e aí comia pães
recheados que deram origem ao vulgar nome de hoje que dá pelo nome
de sanduíche?
- Claro que sim. Por quem me toma? Dê-me
o cavalo, que eu pago. Tenho cartão de crédito.
E assim lhe deram o cavalo, que Hans pagou
com o seu cartão de racionamento da URSS, ainda dentro do prazo,
assinado por Guenadi Ziuganove. E saiu da área de serviço
a voar. Encontrou Dali, no meio do voo, que lhe ofereceu um relógio
mole, para que a memória não se perdesse na bruma dos tempos
e das nuvens que estavam a atravessar. A certa altura, teve que se desviar
das múltiplas gaivotas que vinham ousadamente contra ele e não
teve outra solução senão abrir o guarda-chuva, tal
era a força com que as gaivotas deixavam cair presentes em cima
da sua cabeça, dos seus ombros e da sua roupa. Estava nas proximidades
de Aberdeen, no reino das gaivotas. Avistou um castelo, de seu nome Dunnottar.
Sabia que lá havia um curral e resolveu parar, para que o cavalo
pudesse descansar.
Hans estava cansado.
Viajava há muitas horas e precisava de repouso. Procurou uma sombra
e encostou-se a uma pedra fria e dura, bastante confortável. Quase
a fechar as pálpebras saltou à sua frente um palhaço
com cabeça de cenoura ávido de captar atenções.
Empunhava a bandeira portuguesa. Hans percebeu por instinto que não
se livraria dele com facilidade: o seu revólver tinha caído
à água nas proximidades de Aberdeen, o seu bastão
de cricket fora desintegrado por fungos mexicanos. Enquanto procurava solução
o palhaço fixava-o à espera de aplausos. "Isto não
vai acabar bem... Se não podes usar a violência, usa a diplomacia".
- Quem és
e o que queres? Não tenho dinheiro para mandar cantar um cego.
O palhaço
ficou confuso.
- Mas sou um membro
em serviço do governo deste país...
- Qual país?
- Que espécie
de estrangeiro não ouviu ainda falar deste país com oito
séculos de história? Quem não sabe o que foi o império
lusitano? Descobrimos o caminho marítimo para a Índia, o
Brasil, a América, a Amália. Temos um poeta que põe
Virgílio, Homero e Shakespeare no mesmo bacio. "Ó belas musas
de bel..." Como era mesmo? "Que por ela se esqueçam os humanos,
de Assírios, Persas, Gregos e Romanos".
- Ela, portanto,
a gente lusitana.
- Não me
recordo.
Hans sentiu-se intrigado
pela personalidade do palhaço. O seu instinto dizia-lhe que havia
algo mais para além de um nariz ridículo.
- Explique-me como
é que um palhaço pode subir ao governo de um país
de guerreiros.
- Ouça. Vou-lhe
contar uma história tão incrível como os feitos dos
nossos avós.
- Fala muito bem
para um funâmbulo. Que seja boa.
- "Era um país
cheio de cor onde vivia um enxame de abelhas. Viveu. Há muito tempo
atrás o governo era uma variante lúdica da democracia onde
os melhores retóricos se podiam confrontar publicamente. A actividade
política consistia em fazer obras em mau estado, ou nenhumas, para
convencer virtuosisticamente os outros do contrário. Alguns teóricos
sonhavam com a possibilidade da Palavra substituir a própria Obra
e assim provado substituir todas as faculdades de Engenharia por uma mistura
ponderada de Letras, Direito e Psicologia orientada à persuasão,
abrindo novos horizontes ao espírito humano na construção
de uma sociedade mais simples e dialogante.
Depois o próprio povo, subjugado economicamente por países vizinhos e revoltado principalmente contra a hipocrisia dos governantes, acabou por achar sozinho a solução votando num circo profissional. A partir daí as coisas melhoraram. Algumas. A economia melhorou um pouco mas não atingiu os níveis desejados, embora esses níveis estivessem escritos numa folha de papel tão bem arquivada que jamais alguém a encontrou, dizendo alguns que foi comida pelos elefantes, outros pelos rodovalhos amestrados, outros pela domadora. Como a imprensa, escrita por trapezistas de fato brilhante colado ao corpo, perdeu toda a credibilidade, o caso acabou por ser esquecido.
O sistema resultou tão bem que alguns sonhadores pensaram em criar a oitava maravilha do mundo cobrindo Portugal com uma tenda de circo gigante. O plano foi chumbado por um macaco.
A Assembleia continuou, contudo, a funcionar, embora com regras diferentes. A palavra oral tinha sido proibida, embora se pudessem apresentar moções escritas com tinta invisível. Para se dirigir à Assembleia era necessário captar primeiro a atenção com uma buzina de futebol e depois usar mímica para comunicar. Também era permitido o código morse com luzes de discoteca, assim como sinais de fumo e bandeiras. Para indicar que acabara o tempo de discurso o Presidente da Assembleia acendia bombinhas chinesas.
Alguns partidos mais pequenos adaptaram-se facilmente a este modus operandi, muito semelhante ao seu, e tudo resultou tão perfeitamente que foi criado um canal especial para as transmissões das sessões, difundido para todo o mundo. Mais tarde o Presidente da Assembleia foi substituido por um apresentador. Portugal rejubilou e o mundo aplaudiu."
- Permita-me interromper.
- Ã?
- E você,
como é que subiu ao governo? Já pertencia ao circo?
- Claro não.
Por quem me toma? Eu era o Presidente na altura em que a velha democracia
sucumbiu mas dada a minha educação inglesa e os meus poderosos
contactos consegui um tach... (tosse) adaptar-me com natural facilidade
à nova realidade.
- Então você
é o...
- Precisamente.
- respondeu, colocando-se em posiç&aatilde;o solene para buzinar
o Hino Português.
Um vulto aproximou-se
de Hans e do palhaço com cabeça de cenoura ávido de
captar atenções, quando este se preparava para premir o botão
da sua buzina. Não foi discreto:
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
- gritou Rambo, com um esgar de irrita&cceddil;ão e ira, enquanto
simultaneamente, empunhava a sua potente M-25 para céu e disparava
ininterruptamente, impiedosamente. Prosseguiu neste esforço durante
cerca de cinco minutos, quatro e meio dos
quais já
sem munições, mas continuando sempre a disparar. Quando achou
que já chegava:
- Vocês
não pagaram a entrada para o castelo, seus pulhas ! Passem para
cá o meu ! São 3 libras por cabeça !
- As cabeças
de cenoura têm desconto ? - indagou Hans.
- Ahhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh
- gritou Rambo, com um esgar de irrita&cceddil;ão e ira, enquanto
simultaneamente, empunhava a sua potente M-25 para céu e disparava
(?) ininterruptamente, impiedosamente. - Não me tentem enganar !
Eu sou um segurança muito competente ! Como não me quiseram
nem na minha avenida nem no Barain, resolvi retirar-me para viver com as
gaivotas. Como as gaivotas não gostaram de mim, encontrei este biscate
como segurança na parte fora do castelo e não vão
ser vocês, dois caramelos que chegam aqui de cavalo alado, que me
vão fazer tremer o lugar, só por não terem entrado
pela porta !
- Eu entrei
pela porta, eu entrei pela porta, nha-nha-nha, nha ! - proferiu em jeito
de troça o palhaço com cabeça de cenoura ávido
de captar
atenções,
saltitando.
Subitamente uma
gaivota aproximou-se com grande velocidade de Rambo, deixando cair uma
prenda em cima dele.
- Que nojo
! - exclamou.
Gavoitas e mais
gaivotas fizeram pontaria a Rambo. Um enxame confuso de aves rodopiava
em cima dele, deixando cair substâncias das mais variadas cores e
tamanhos. Rambo fugia para a entrada do castelo, enquando a sua metralhadora
sucumbia à corrosão provocada pelo ácido dos excrementos
das gaivotas:
- Bem, hoje
estou bem disposto, por isso não precisam de pagar - disse num tom
que esmorecia, à medida que se afastava dos interlocutores,
devido à
distância e ao efeito Doppler. Hans pensou que seria uma boa altura
para tentar dissuadir o palhaço de
tocar a sua buzina,
pois isso certamentamente atrairia a ira das gaivotas.
Aproveitaria ainda
para livrar o novo regime da sua presença. Sabia que teria que lhe
falar no seu dialecto próprio.
- Eh pá,
tenho uma revelação para lhe fazer.
- A sério
?
- Você,
pá, caiu nas boas graças de Vlad, o príncipe dos Vampiros,
devido a um conjunto de circunstâncias, entre as quais a forma como
se
livrou dos seus
adversários políticos.
- E então
? O que é que eu ganho com isso, pá ?
- Vlad tem
confiança política em si, para o cargo de Presidente do Reino
dos Pombos do Castelo de Dunnotar (PRPCD). Tenho aqui um protocolo
assinado entre os
Vampiros e a Sociedade Columbófila de Aberdeen, que lhe confere
plenos poderes para governar este reino pequeno (em tamanho) mas grande
(em significado), em articulação directa com Vlad.
- É
uma honra ! Não vejo outra solução senão aceitar
!
- Venha comigo
! Vou-lhe mostrar as suas novas instalações.
A névoa cobria
o céu, que se apresentava cinzento. Os sons das gaivotas ouviam-se
ao longe, e ao perto quando elas se aproximavam, perigosas. Hans e o palhaço
com cabeça de cenoura ávido de captar atenções
dirigiram-se então a uma das edificações, passando
por cima da camada verdejante que cobria o solo. A névoa cobria
o céu. Tornava ainda mais misteriosos os edifícios em ruínas
espalhados pelo interior do castelo. O edifício que Hans escolhera,
não estava menos em ruínas que os outros, mas tinha a particularidade
de ter mais que um andar. Convidou o palhaço com cabeça de
cenoura ávido de captar atenções a subir. Subiram.
A humidade, a escuridão parcial e os sons emitidos pelos pombos
que ainda não vislumbravam, misturavam-se criando uma atmosfera
de mistério e ansiedade. Chegaram a um andar já sem telhado.
Atravessaram uma ombreira e viram de novo a cor do céu. O ruído
dos pombos aumentava. O soalho estava coberto de esterco de pombo e gaivota.
Um pombo gordo olhava agressivamente para ambos.
- Bem vindo
ao seu novo reino ! Receberá mais instruções via pombo
correio.
Hans não
lhe deu hipótese de responder, tendo partido apressadamente no seu
cavalo.
O cavalo rumou a
sul. Hans sentia-se inspirado pela herança dos cavaleiros mongóis
e também um pouco pelos cavaleiros teutónicos.
Ordenou ao cavalo
que se dirigisse para sul e que não se detivesse perante nenhum
obstáculo. O cavalo assentiu com a cabeça. Era um
nobre cavalo islandês,
de pura raça, que sabia qual era o seu rumo. Sabia que o seu novo
amo queria visitar a terra onde a herança destas
duas raças
de cavaleiros, os mongóis e os teutónicos, aparentemente
sem relação, se perpetua em manifestações culturais
díspares, mas ao
mesmo tempo unas
e perenes. Saltou o canal da mancha. Foi um salto bonito, ainda que sem
testemunhas, para além do próprio Hans, que
adormecera. Só
pela manhã, quando se aproximavam já da fronteira com a sua
pátria alemã, acordou. E acordou esfomeado. Pediu ao cavalo
que parasse na bomba de gasolina, que era da Galp. À sua frente,
encontrava-se um veículo do povo, de matrícula lituana, o
que não era muito comum nas bombas da Galp. Dois lituanos, ou melhor,
dois indivíduos que pareciam ser lituanos e talvez até o
fossem de facto,
saíram do
carro e abriraram o porta-malas. Revelaram-se três bidões
azuis (o carro era branco), que o condutor começou a encher de
gasolina. E neste
processo demoraram-se alguns minutos. Hans observava, placidamente, como
se encontrasse em êxtase místico-
bucólico.
Depois dos bidões, encheram o depósito do carro. Findo o
serviço, entraram no veículo, ligaram o motor e foram-se
embora, sem
dar satisfações
aos verdadeiros donos da bomba. Não pagaram, em suma.
- E isto
é uma história verídica! - gritou Hans, incrédulo.
Achou que não
deveria permanecer mais tempo ali e decidiu ir buscar o pequeno-almoço
a outro lado. Pensou no cavalo, à boa maneira mongol. Este relinchou
fragorosamente, tolhendo todas e quaisquer intenções que
Hans pudesse ainda ter de satisfazer o seu apetite por bife
tártaro.
Teria que esperar pelo aeroporto de Varsóvia. Como estava cansado,
resolveu parar num daqueles cinemas para cavalos, do mesmo
estilo que os de
carros, mas em que os espectadores assistem a filmes sentados nos seus
cavalos. São muito populares na Pomerânia
ocidental. O filme
chamava-se "Regresso ao paraíso" e misturava cenas nova-iorquinas,
com cenas alegadamente malaias. Hans suspeitou que algo estava podre naquele
filme, assim que viu um Táxi que se parecia com os de Portugal e
principalmente com os de Macau. As suas
suspeitas aumentaram
quando viu uma calçada portuguesa. Ficou com uma pulga ainda maior
atrás da orelha quando viu um Táxi com matrícula de
Macau, junto a um aeroporto com um sinal da ANA (Associação
Nacional de Aeroportos). E o cúmulo foi um avião da Air Macau,
a voar da Malásia, para Nova Iorque. Que absurdo.
- Outra história
verídica! - gritou novamente Hans, mais uma vez incrédulo.
E a galope foi-se
embora, indignado, rumo à verdadeira Pomerânia.
Hans parou então,
mais adiante, à porta de uma estação dos correios.
Ocorreu-lhe, que talvez pudesse passar por ali uma carroça para
turistas, à qual pudesse vender o seu cavalo. Como não viu
nenhuma, disse ao cavalo para ir à procura dela, e que se não
a encontrasse, não voltasse. O cavalo anuiu com a cabeça
e partiu.
Hans voltou-se,
observando o marco vermelho do correio. A sua curiosidade natural obrigou-o
a entrar. Uma sala de luz amarelada apresentou-se-lhe perante os seus olhos,
dominada por duas portas grandes, brancas e amareladas, na extremidade
oposta, que deixavam adivinhar uma luz amarelada do outro lado. Avançou
em direcção a essas portas, ignorando por completo as moças
de olhos azuis claríssimos que caminhavam na direcção
oposta. Abriu-as. A luz amarelada inundava a sala e a parte da frente do
balcão, dividido em várias partes iguais por paredes falsas,
as fachadas superiores preenchidas com vidros, excepto num pequeno semi-círculo
na parte inferior, encostada ao topo do balcão.
- É
o Sr. Vlad ? - perguntou uma voz abafada do outro lado do vidro.
- Quem é
que quer saber ? - exclamou Hans, algo confuso.
- A funcionária
dos correios - disse a voz.
- Como soube
que era eu ? Aaaa, quero dizer, porque acha que que posso ser eu ?
- Não
sabia. Simplesmente pergunto isto a todas as pessoas que aqui vêm.
- Porquê
?
- É
a minha função. Desde que entrei para aqui, que existe uma
carta para um certo Sr.Vlad Príncipe dos Vampiros, remetida para
"Cracóvia, Posta Restante, Futuro". A minha função
actual é zelar para que a carta seja entregue.
- Perguntou
também àquelas meninas que iam a sair ?
- Não
seja parvo. Claro que perguntei. Agora prove-me que é o Sr.Vlad,
Sr.Vlad !
- Não
provo coisa nenhuma ! Já disse que não me chamo Vlad !
- Aqui tem
a sua carta, Sr.Vlad. Só o Sr.Vlad negaria ser o Sr. Vlad, tal como
o Sr. Nostradamus indicou no verso da carta.
- Nostradamus
? Mas o que é que esse charlatão quer ?
Hans pegou na carta.
A área do remetente, no verso do envelope, indicava que havia sido
enviada por "Nostradamus, Vladivostoque, Século XVI". "Como é
queeles conseguem transportar cartas de Vladivostoque para Cracóvia
?" - pensou Hans pensativo e intrigado - "Ainda devem ser uns bons dez
mil quilómetros". Abriu-a lentamente, descolando com suavidade e
violência a extremidade triangular de papel. Lia-se:
Estou a ficar sem material para o meu livro. Peço que me envie mais informações sobre o fim do seu século pois, 'Os que vierem depois de mim, perceberão os meus escritos melhor que eu'. Um abraço reverente deste seu, Nostradamus " |
Subitamente, ouviu-se
o relinchar do cavalo.
....continua
Nils Holgerson (contacte-me)