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Mariolão era um alce que veio do Sul para conhecer outras florestas. Ele era muito grande, de pêlo claro (um pouco ralo na parte de trás da cabeça), com galhos enormes que inspiravam medo à primeira vista, e gostava de usar gravatas bem berrantes e ridículas. Tinha também um jeito engraçado de falar as palavras com seu sotaque do sul, contando para todo mundo piadas muito sem graça, que só ele ria. Mas ele era também muito simpático e simples.
O problema é que Mariolão era muito bobo e convencido. Ele até que era um alce bonitinho, mas se achava irresistível e paquerava todas as fêmeas da floresta. Ele gostava muito de ir para a farra à noite com os amigos e beber muita cerveja, mas no dia seguinte o seu bafo de alce quase velho era insuportável.
Mesmo assim ele arrumou várias namoradas com seu jeitinho de alce desamparado (sem contar as que ele deixou no Sul), e cada dia ele se encontrava com uma diferente.
A zebrinha Zoraide, que era sua namorada principal, começou a ficar desconfiada com as desculpas que Mariolão arranjava para poder se encontrar com as outras, e começou a segui-lo. Ela foi vendo Mariolão se encontrando cada dia com uma fêmea diferente e, quando ele ia embora, Zoraide ia falar com elas e contava o que ele andava aprontando.
Elas então resolveram que ele merecia uma lição e juntaram-se todas em uma noite de luar na praça da floresta aguardando Zoraide levar Mariolão até lá, com o pretexto de namorar um pouco no banco da pracinha.
Quando Zoraide e Mariolão se sentaram no banco, logo chegou Neuza, a girafa, falando:
- "Muito bonito, não é Mariolão ! Você está namorando as duas ? Ou eu ou ela!".
Mariolão levou um susto enorme e ficou sem fala. A seguir Berta, a capivara, apareceu também dizendo chorosa:
- "Você me enganou! Pensei que gostasse de mim...".
E continuaram surgindo todas as suas namoradas por trás das árvores e arbustos. Mariolão, com o susto, estava parado igual a uma estátua, sem conseguir se mexer ou falar.
Todas começaram a bater com suas bolsinhas em Mariolão e falando ao mesmo tempo que ele era um sem vergonha e que merecia uma boa surra. Quando finalmente elas ficaram bem cansadas de bater, resolveram ir embora, satisfeitas e vingadas.
Mariolão, semi-desmaiado, só pensava que a partir de agora ele não tinha mais ninguém para arrumar suas coisas, lavar e passar suas roupinhas de graça e ainda lhe fazer uns carinhos. Ele precisava trocar de floresta novamente.
É, amiguinhos ! Infelizmente ainda não foi desta vez que Mariolão aprendeu a lição. Pobre Mariolão !
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