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Namo Buddhaya!
Eu me refugio no Buddha!
Eu me refugio no Dharma!
Eu me refugio na Sangha!
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Introdução |
Atualmente vivemos numa época cuja ciência
é considerada quase onipotente. O progresso no campo da medicina,
assim como no setor de informática, certamente está sendo
bastante útil.
A ciência, inegavelmente, está oferecendo
benefícios em quase todos os aspectos, e com isso as pessoas pensam
obter mais felicidade, cobiçando somente o conforto material, esquecendo
o mais importante: seu lado espiritual.
Por outro lado, por mais que a ciência evolua, as guerras, crimes de toda natureza, pessoas com problemas psicológicos como neuroses, estresse, fobias continuam a surgir. E, somente com o recurso da ciência, superar os quatro sofrimentos (nascimento, velhice, doença e morte, que o Buddha havia observado) e evitar os três venenos (avareza, raiva e estupidez) inerentes a todo ser humano, fica assim quase impossível.
Para livrarmo-nos de tudo isso, e também
para alcançarmos a felicidade plena, existe apenas um único
caminho: seguir os ensinamentos de Buddha e praticá-los corretamente.
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Conceitos gerais em que se baseia o Butsuryu-shu |
Budismo é a denominação dada aos ensinamentos do Buddha. Seus ensinamentos possibilitam às próprias pessoas a se tornarem Buddhas. Não existem distinções entre a divindade - o Buddha - e a humanidade, seres comuns.
Buddha representa o estado iluminado ou o Iluminado, isto é, a pessoa que descobriu o substrato básico e o aspecto real da vida e do universo que rege a humanidade e os demais seres vivos.
O Buddha, que intuitivamente reconheceu essa realidade básica dentro de sua vida, é a pessoa que verdadeiramente conhece a si própria. Através da história da filosofia, a máxima de Sócrates – "Conhece-te a ti mesmo" – manteve-se como um dos maiores temas carentes de solução.
O Budismo, que surgiu centenas de anos antes de Sócrates, já havia dado uma resposta concreta, mas infelizmente foi muito obscurecido pelas tendências das diversas escolas que existem.
O Budismo caracteriza-se pela forma prática com que releva os meios de fazer o manifestar o verdadeiro "deus" de uma pessoa, em lugar do "eu" fenomenal na busca da autoperfeição, que é atingir o chamado estado de Buddha.
Budismo mostra que a realidade da vida está contida eqüitativamente em todos os seres humanos. Assim que compreendermos este fato seremos automaticamente levados a respeitar a divindade em todas as pessoas e concomitantemente passaremos a dar mais atenção a suas próprias vidas.
Desta forma o Budismo incentiva-nos a uma prática altruísta, isto é, ensinar e auxiliar os outros a descobrirem a realidade que existe inata em suas próprias vidas, e que possa produzir uma vida verdadeiramente feliz. Esta prática que conduz nas pessoas a um estado de Buddha, e aqueles que assim procedem, são denominados Bodhisattvas.
A força motriz que desperta neles o desejo de auxiliar os outros é a Compaixão profunda, imparcial e infinita, característica do Buddha chamada em japonês Jihi.
Segue-se daí que os dois objetivos lançados pelo Budismo são a concretização do estado de Buddha e o comprimento da missão de Bodhisattva.
A visão budista da natureza humana ensina que o homem em sua essência não é nem bom nem mau, podendo tornar-se bom ou mau conforme sua conduta. O Mahayana tende a valorizar no homem as tendências inatas para o bem. Pelas elaboradas teorias da natureza búdica (Buddhata Buddhatva) e germe búdico (Tathagata-garbha).
Dentro do Mahayana, uma exceção é a escola da Terra Pura, que realça na natureza humana a ignorância, o egoísmo e outros fatores negativos para afirmar ser muito difícil, ou mesmo impossível, ao homem vencer esses obstáculos e se realizar pelo esforço próprio. Segundo essa escola, a salvação do homem depende um ato de fé incondicional na grande compaixão salvadora do Buddha Primordial e não simplesmente nas práticas do Budismo ortodoxo.
Algumas escolas Mahayanas, como a Tendai
e Nichiren, ensinam que, tanto no homem não realizado como
no iluminado, subsistem lado a lado fatores negativos e positivos.
Segundo essas escolas, o homem plenamente realizado
não é o que extirpou os seus elementos negativos mas, sim,
aquele que os desenvolveu de uma maneira positiva, que os transformou integrando-os
harmoniosamente com os positivos.
A Honmon Butsuryu-shu segue essa linha
aliado à fé no Myoho que o conduzirá a essa
condição.
Os ensinamentos da Honmon Butsuryu-shu
são os próprios ensinamentos de Buddha. Ele pregou
seus ensinamentos com a finalidade de libertar os seres de todos os tipos
de sofrimentos.
Assim como a Bíblia é sagrada para
os cristãos, o Sutra de Lótus é para os adeptos da
HonmonButsuryu-shu,
Nichiren e outras escolas, o livro sagrado, contendo 28 capítulos.
Buddha, após ter atingido a Iluminação,
durante cinqüenta anos pregou vários ensinamentos e o último
foi justamente o que está contido no Sutra de Lótus.
Ele próprio diz que o Sutra de Lótus é a conclusão
de todos os ensinamentos pregados até então, sendo os outros
pregados anteriormente simples degraus ou ensinamentos "provisórios".
O Sutra de Lótus é dividido em duas partes: Shakumon e Honmon. Cada parte com 14 capítulos. A essência dessa doutrina, entretanto, está contida nos primeiros oito capítulos da parte Honmon.
No Sutra de Lótus é elucidada a verdade essencial de que os seres são absolutamente iguais perante os ensinamentos, na própria capacidade de atingir a iluminação e que o verdadeiro Buddha (Hombutsu) já havia alcançado a iluminação num passado muito, muito remoto.
Representar o verdadeiro Buddha (Hombutsu) em uma forma de modo pleno é impossível. Na Honmon Butsuryu-shu, entretanto, a real imagem do verdadeiro Buddha - Kuon No Hombutsu -, está representada na imagem sagrada que em japonês chama-se Gohonzon ("Verdadeiro Objeto de Adoração"). No centro dessa representação sagrada ou Gohonzon está escrito o mantra Namyohôrenguêkyô que, em japonês, é conhecido como Odaimoku, o grande mantra, que resume a essência do Sutra de Lótus. Ou seja, esse mantra é a própria vida e alma do verdadeiro Buddha. Por isso, para venerarmos o Gohonzon pronunciamos o mantra Namyohôrenguêkyô ("União com a Verdadeira Lei Maravilhosa") e oferecemos luzes, incenso, flores etc em frente ao altar. Em tempo, Myoho significa em japonês a "Lei Maravilhosa", a "Lei Universal", isto é, o Dharma, o maravilhoso Dharma.
O mantra das escolas Honmon Butsuryu-shu e Nichiren, e outras baseadas no Sutra de Lótus, está expresso no Namyohôrenguêkyô, a unidade ou união de praticantes (Namu) com as verdades contidas no Sutra de Lótus (Renguêkyô). Myoho significa, então, a lei maravilhosa. Namyohôrenguêkyô, a união com o Sutra de Lótus da Lei Maravilhosa, ou União, Unidade com a Lei Universal, que é o que este sutra descreve.
A escola Honmon Butsuryu-shu, a partir
de Sakyamuni Buddha, considera quatro mestres.
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Uma pequena história da Butsuryo-Shu. |
O significado da denominação Honmon Butsuryu-shu é "Honmon" porque tem como principal fundamento os ensinamentos do Honmon Happon ou Sutra de Lótus; "Butsu" quer dizer Buddha; "ryu" quer dizer estabelecer ou fundar; e "shu" religião ou sistema religioso ou escola religiosa. Então significa: "É a religião estabelecida pelo próprio Buddha para criar o estado de Buddha no mundo".
Estes ensinamentos, entretanto, foram difundidos até hoje através de três grandes mestres ou patriarcas. Para a Butsuryo-Shu, o Buddha histórico é considerado da seguinte forma: conforme está elucidado na segunda parte do Sutra de Lótus, o Buddha histórico é o ressurgimento de um Buddha Primordial, isto é, do primeiro Buddha.
A grande preocupação de Buddha não era apenas salvar as pessoas durante a sua existência, mas também de salvá-las após a sua morte. Por isso Buddha convoca o seu discípulo chamado Jyougyou Bosatsu e lhe concede a essência do Sutra de Lótus, o mantra Odaimoku ou Namyohôrenguêkyô para cumprir a missão de salvar as vidas humanas futuras.
O primeiro patriarca é Nichiren [1222 até 1282 d.C.]. Ele nasceu na era Kamakura do Japão e é a reencarnação do Bodhisattva Joyougyou Bosatsu para pregar a veracidade do Sutra de Lótus e a supremacia dos ensinamentos do Happon.
Mestre Nichiren foi preso vários vezes, foi exilado na ilha de Sado e sofreu inúmeras perseguições das autoridades japonesas. Apesar dessas dificuldades, além de encontrar resistência de outras facções budistas, mestre Nichiren combateu e persistiu sempre na sua divulgação.
O patriarca seguinte é mestre Nitiryu. Ele nasceu na era Muramati da história japonesa, aproximadamente 100 anos após o falecimento de Nichiren. Foi um grande reformador dos ensinamentos dessa escola.
O outro patriarca é mestre Nissen [1817-1890]. Ele foi o fundador da escola Honmon Butsuryu-shu. É também chamado mestre Kaido, pois na época foi considerado como um grande reformista. Após as restaurações feitas pelo mestre Nitiryu, em função da rígida política religiosa adotada pelo governo de Shogunato, da era Tokugawa, as escolas budistas de um modo geral estavam enfraquecidas, sofrendo controle estatal, e os templos deixaram de ser um local de pregação religiosa, passando também principalmente a ser um local de administração do governo.
Por conseqüência desse sistema, as religiões se acomodaram, esquecendo o principal objetivo de seus grandes mestres, que é a pregação do Dharma. Mestre Nissen, insatisfeito com tudo isso, em 1857 funda a Honmon Butsuryu-kô, posteriormente chamada Butsuryu-shu, tendo como proposta primordial reformular os ensinamentos do mestre Nichiren, isto é, restabelecer o sistema de expansão, constituindo assim a base da prática fé da religião Honmon Butsuryu de hoje.