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Namo Buddhaya!
Eu me refugio no Buddha!
Eu me refugio no Dharma!
Eu me refugio na Sangha!
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Dana |
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Ensinamentos Abertos do Budismo Tendai |
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Esshin Sozo |
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O Sutra de Lótus |
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Uma pequena história do Budismo Tendai |
No mundo de hoje é difícil encontrarmos o verdadeiro Buddha.
Embora
o Buddha Sakyamuni, na sua forma Nirmanakayaou
física, tenha entrado no Paranirvana ou passamento,
no ano de 487 a.C. – no ano 2013 será 2500 anos depois – as formas
Sambhogakaya
e Dharmakaya são sempre existentes, mas elas normalmente
estão sempre escondidas de nossos olhos físicos e não
são fáceis de serem atingidas ou descobertas. Ocasionalmente,
outras emanações do Nirmanakayaaparecem no
mundo, porém raramente. E mesmo assim só são vistas
por pouquíssimas pessoas.
De forma análoga, o verdadeiro Dharma é
difícil de se encontrar. No tempo em que o Buddha Sakyamuni
caminhava
pelo vale do Ganges, seus seguidores tinha diferentes opiniões -
corretas ou não - sobre o que constituía o Dharma,
e
Sakyamuni, ao escutá-las, as elogiava ou simplesmente
as corrigia; algumas vezes falando, às vezes permanecendo em total
silêncio.
Séculos após o seu Paranirvana ou passamento, as opiniões divergiam ao ponto de quase não haver condições de conciliação entre as escolas existentes. À medida que o Dharma continuamente crescia, ele se desenvolvia em miríades de linhagens sob a forma de escolas de pensamento e práticas. Algumas pessoas chegam a questionar se o Dharma genuíno poderia existir de fato 2500 anos depois. Além disso, as palavras de Sakyamuni, da forma como elas foram escritas, tiveram sutilmente alterados seus significados através do tempo, à medida que elas iam sendo traduzidas e incorporadas nas diversas culturas e línguas. De qualquer modo o verdadeiro Dharma é definitivamente difícil de se encontrar, e não tão aparente quanto se parece.
Contudo a verdadeira Sangha não é difícil de se encontrar. A Sangha do Buddha Sakyamuni consistia de monges e monges, mulheres leigas e homens leigos. Mesmo que seja possível ou não praticar como um monge ou como uma monja, a Sangha de mulheres e homens leigos certamente ainda existe e floresce. Sem dúvida alguma, um grande número de pessoas tomou o Tríplice Refúgio, escrupulosamente mantendo os cinco preceitos básicos e aceitando as práticas até o ponto em que elas possam regularmente entrar em Samadhi, assim encontrando-se face a face com os Buddhas em Sambhogakaya e experimentando as várias facetas do infinito Dharma.
A transmissão dos Ensinamentos do Buddha, pessoa
a pessoa, chegou até nossos dias de hoje sob a forma de incontáveis
linhagens e escolas, algumas mais próximas da realidade outras não.
Mas um número suficiente de linhagens puras e genuínas,
de forma que possamos de forma fácil e confiante buscar refúgio
na Sangha. Após esse refúgio, e estudarmos
e praticar diligente e sinceramente, e mantermos pelo menos os cinco preceitos
de uma pessoa leiga, então, inevitavelmente, com o tempo, o brilho
do Buddha interior e o maravilhoso Dharma,
ambos aparecerão para nós, e completarão com a Sangha
o Tríplice Refúgio, à medida que nós percorremos
o caminho, nos abrindo para o campo de Bodhisattvas.
O Sutra Gandavyuha contém as seguintes belas palavras do Bodhisattva Maitreya: "A Sabedoria transcendente é a mãe de todos os Bodhisattvas, os meios hábeis são o pai. E todos os outros Bodhisattvas são seus irmãos e irmãs, sendo a determinação para a iluminação a sua família, e a prática a regra de sua família".
Se você faz doações generosas a um grupo religioso
ou não, nos dizem que isto é um ato de mérito de sua
parte, especialmente se repetido uma vez após outra e acompanhado
pela Sabedoria, o que no final o levará a um estado de iluminação.
Você pode fazer contribuições monetárias
diretas, comprar bens e serviços, ou então prestar serviços,
ou você pode doar seu tempo e seu esforço.
A Sangha do Buddha Sakyamuni tem quatro
grupos: monges, monjas, mulheres leigas e homens leigos. Todos os pais
têm a capacidade de praticar o Dharma e atingir oNirvana,
mas somente os monges e as monjas recebem as doações ou donativos.
Os seguidores leigos, ou upasakas, por definição
são os fornecedores das doações, e não recebedores.
Um upasaka vive no mundo, sustenta a si mesmo e também dá suporte aos monges e às monjas. Alguns poucos monges verdadeiros vivem no mundo e as organizações budistas são dominadas pelos e estão cheias de upasakas. Se nós, como upasakas, solicitarmos doações ou oferecermos bens religiosos que servissem para venda, nós estaremos agindo de forma contrária aos desejos do Buddha, não acumulando nenhum mérito e não seguindo o caminho que conduz à Iluminação.
A intenção de Sakyamuni foi de que os seguidores leigos, muitos dos quais atingiram a Iluminação, trabalhem diligente e honestamente, de forma que a riqueza acumulada torne-se um meio de beneficiar a todos os seres viventes.
O grande conceito de Dana está interrelacionado com muitos outros aspectos do Dharma. Dana aliviará o sofrimento e trará a felicidade. Dana expressa amor e não-egoísmo. Está ligado com todas as Paramitas, ou virtudes, e a caminho do Bodhisattva, e às transferências de mérito.
Os quatro tipos de Dana são: primeiro, doação de coisas materiais tais como alimentos e roupas. Segundo: doação do Dharma. Terceiro: doação de palavras gentis e agradáveis. Quarto: a criação de uma vida em harmonia com o Dharma.
O arranjo tradicional das oito doações ou oito oferendas no altar é, primeiro, água para se lavar; segundo, água para se beber; terceiro, comida; quarto, velas, ou luz, ou lamparinas; cinco, incenso; seis, perfume; sete, flores; oito, música.
Repare que dinheiro não está na lista acima. Assim como doação, oferenda ou dar, Dana tem sido também traduzido como "concessão" e "liberalidade", "dar presentes", "alegrar-se com", ou "cuidar das necessidades das pessoas". Dana, obviamente, é a primeira das seis Paramitas ou Perfeições, como se seguem.
Primeiro temos Dana, ou doação, que já
foi abordada.
Segundo, temos Sila (ou Shila), ou moralidade:
são os cinco preceitos que os upasakas seguem, que
são:
Além disso, Sakyamuni compara o Dharmaa uma balsa que permite à pessoa cruzar o mar da ignorância e, uma vez lá, na margem da Iluminação, a balsa não mais tem finalidade e deve ser descartada.
A doação é uma das coisas mais essenciais no caminho do Bodhisattva. O Bodhisattva abandona tudo o que seja conforto próprio e oferece o todo de sua vida em benefício dos outros. Freqüentemente, ao final de toda prática, as pessoas fazem os votos ou transferem os méritos acumulados para todos os seres sencientes, para que todos juntos possam tornar-se Iluminados.
O capítulo XXII do Sutra de Lótus descreve
o Buddha Sakyamuni como o maior dos doadores.
Diz assim: "O Tathagata é o senhor da doação.
Todos os seres beneficiam-se Dele. Sigam o exemplo do Tathagata,
não sejam rudes, não usem palavras grosseiras. Se vocês
forem bons filhos e boas filhas nas idades que estão por vir e vierem
a acreditar na Sabedoria do Tathagata proclamem então as
palavras desse Sutra de Lótus para as pessoas. Se houver
pessoas que não acreditem nas palavras do sutra, então mostrem-nos,
ensinem-nos, para que todos possam se beneficiar e regozijar com as palavras
profundas que proclamam a lei do Tathagata".
É causa de grande felicidade que, entre todos os seres viventes,
nós tenhamos escapado dos três reinos inferiores e tenhamos
renascido como seres humanos.
Embora o nosso estado de vida possa ser baixo no presente, ele não
é pior do que a existência de um animal. Embora estejamos
arruinados com a pobreza, isto não é nada parecido com o
reino dos espíritos famintos. Embora nós tenhamos experimentado
dor em nossos corações, nada disto se compara ao sofrimento
dos reinos infernais. Embora vivamos num mundo onde domina a raiva, o desejo
pela iluminação pode ainda surgir e nós podemos estar
gratos pela possibilidade de um renascimento favorável.
De fato, devido ao voto original e profundo do Buddha
Amida, todos aqueles que desejarem estão assegurados quanto ao renascimento
na Terra Pura.
Se uma pessoa for capaz de receber o Nenbutsu, ou pensar o nome de Buddha, e cantá-lo ou recitá-lo, com a aspiração de encontrar o Buddha na Terra Pura (Jodo), isto é um ato de uma grande virtude e acúmulo de mérito. Para tal pessoa, encontrar em contato com o Voto Original do Buddha é uma ocasião verdadeiramente alegre.
Sabemos que a distração, ou a dispersão, é parte da nossa vida diária. De fato não existe nada a não ser estes pensamentos desregrados em nossa vida diária. Mas, se por um só momento, na hora da morte o homem comum é capaz de lembrar em seu coração do nome do Buddha, do Buddha Amithaba, que é representado sentado no trono de lótus, ele virá para encontrar a pessoa, e isto transformará todos os pensamentos dispersantes em Terra Pura do Buddha.
Lembrar-se do Buddha no meio dos pensamentos dispersantes
é análogo ao lótus que cresce a partir da lama mas
não se conspurca nem se suja com a sujeira do ambiente ao seu redor.
Portanto, nós devemos deixar de lado toda dúvida e tomar
a firme decisão de renascermos na Terra Pura.
Embora estejamos atribulados pelas distrações e lamentações de nossos fracos corações, nós devemos continuamente pensar e recitar o nome dos Buddhas ou do Buddha profundamente, a partir de nossos corações.
O fundador das escola Tendai, do século IX, é conhecido como Dengyo Daishi. Um título póstumo que significa "Grande Mestre e Transmissor do Dharma".
Dengyo, após tornar-se um monge no período do budista de Nara no Japão, separou-se do grupo existente e estabeleceu um pequeno templo próximo ao topo do então pouco povoado Monte Hiei, onde permaneceu confinado por doze anos de prática auto-impostas.
Quando o imperador transferiu a capital da cidade de Nara para Kyoto, ele veio a conhecer Dengyo Daishi, que na época chamava-se Saichô, pedindo-lhe conselhos e que lhe ensinasse o Dharma.
Naquela época a dinastia T'ang estava no seu auge na China. O interesse de Dengyo Daishi no sutra de lótus levou-o a receber a transmissão do Dharma na China em uma escola ou templo localizado no Monte Tien-t'ai. Assim ele também teve sucesso em trazer de volta para o Japão os ensinamentos e práticas de mestres Zen ou Ch'an, de mestres de escolas esotéricas e outros.
Retornando ao Japão, ele fundou uma nova e vibrante forma de um estudo e prática do Budismo baseada no Mahayana e no ideal do Bodhisattva, separando-se definitivamente do estilo Hinayana do Budismo da época japonesa de Nara, e enfatizando vários tipos de meditação Vipássanae Shamatha, isto é, vigilância e tranqüilização.
Pessoalmente, caracterizou-se pela sua sinceridade, humildade e inteligência, assim como pela sua profunda devoção aos ensinamentos do Buddha, que o levaram diretamente à iluminação.
Em trinta anos de atividades, Dengyo Daishi trabalhou diligentemente, treinando discípulos para que pudessem aprender, praticar, preservar e passar adiante os conhecimentos benéficos dos ensinamentos do Buddha.
No livro de John Stevens, Os Monges do Monte Hiei que Fazem Maratona,
Dengyo
Daishi é mencionado dizendo as seguintes palavras:
"Este inútil Saichô, cansado de uma vida de trabalhos,
exauriu a sua vida. Em breve irei-me, e fiz somente duas coisas de mérito:
nunca deixei que palavras duras saíssem de minha boca e nunca permiti
que minhas mãos prejudicassem ou injuriassem qualquer ser vivo".
O terceiro patriarca da escola Tendai foi Jikaku Daishi, que trouxe os completos ensinamentos esotéricos para a escola Tendai após passar nove anos de aventuras na China, durante o período de uma grande guerra civil.
Um dos seus discípulos inaugurou a tradição Kaihogyo, que é uma das tradições dentro da escola Tendai.
Um dos quatro votos do Bodhisattva é dominar todos os Dharmas, e a escola Tendai parece que adotou este ímpeto por preservar tal variedade de atividades dentro de uma mesma escola, com o intento de oferecer práticas que possam beneficiar pessoas de Karmas marcadamente diferentes, de aspirações e atitudes bastantes distintas na sua lida, na sua batalha pessoal pela iluminação.
A seguir, damos alguns exemplos das práticas da escola Tendai.
Uma das características marcantes dos monges dessa escola é a prática da peregrinação pelos diversos templos espalhados pelo Japão, e que dura anos e anos. Recentemente o monge Utsumi Shunsho foi a oitava pessoa, desde 1945, e a quadragésima quinta, desde o início, a completar os mil dias de treinamento que se espalham num período de seis anos e meio, combinados com outras disciplinas constantes. Ao todo ele andou em peregrinação pelos templos 40.000 km aproximadamente, o que é uma distância equivalente a alguém percorrer a Terra pela Linha do Equador, completando um círculo.
O Monte Hiei é um lugar sagrado para a maioria das escolas do Budismo japonês existentes no Japão moderno, pois para lá foram e saíram todas as escolas budistas, incluindo a Jodo-shu, a Jodo-Shinshu, a Zene a Nichiren.
Assim como a Bíblia é sagrada para os cristãos,
o Sutra de Lótus é para os adeptos da Honmon
Butsuryu-shu, Nichiren e outras escolas, o livro sagrado, contendo
28 capítulos.
Buddha, após ter atingido a Iluminação,
durante cinqüenta anos pregou vários ensinamentos e o último
foi justamente o que está contido no Sutra de Lótus.
Ele próprio diz que o Sutra de Lótus é
a conclusão de todos os ensinamentos pregados até então,
sendo os outros pregados anteriormente simples degraus ou ensinamentos
"provisórios".
O Sutra de Lótus é dividido em duas partes: Shakumon e Honmon. Cada parte com 14 capítulos. A essência dessa doutrina, entretanto, está contida nos primeiros oito capítulos da parte Honmon.
No Sutra de Lótus é elucidada a verdade essencial de que os seres são absolutamente iguais perante os ensinamentos, na própria capacidade de atingir a iluminação e que o verdadeiro Buddha (Hombutsu) já havia alcançado a iluminação num passado muito, muito remoto.
Representar o verdadeiro Buddha (Hombutsu) em uma forma de modo pleno é impossível. Na Honmon Butsuryu-shu, entretanto, a real imagem do verdadeiro Buddha - Kuon No Hombutsu -, está representada na imagem sagrada que em japonês chama-se Gohonzon (Verdadeiro Objeto de Adoração). No centro dessa representação sagrada ou Gohonzon está escrito o mantra Namyohôrenguêkyô que, em japonês, é conhecido como Odaimoku, o grande mantra, que resume a essência do Sutra de Lótus. Ou seja, esse mantra é a própria vida e alma do verdadeiro Buddha. Por isso, para venerarmos o Gohonzon pronunciamos o mantra Namyohôrenguêkyô (União com a Verdadeira Lei Maravilhosa) e oferecemos luzes, incenso, flores etc em frente ao altar. Em tempo, Myoho significa em japonês a "Lei Maravilhosa", a "Lei Universal", isto é, oDharma, o maravilhoso Dharma.