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"S. Pedro", de Grão Vasco - pormenor

ANTOLOGIA - PROSA:

VOLFRÂMIO

            "O moço trazia Teodora dentro do peito e foi procurá-la (…) com o fim de afogar duma vez para sempre a sua paixão, ou pô-la a salvo de temporais. O pai acomodava as vacas, a velha entretinha-se com a ceia,  puderam ficar à vontade.

            ─ Teodora ─ disse ele no tom sentido, quase titubeante, de quem joga tudo na vaza ─ temos de falar com os coração nas mãos. Ou, ou…

            ─ Está bem, dize lá… ─ proferiu ela um pouco no seu modo arisco, para esconder o pesadume.

            ─ Rosna-se para aí que te viraste para o filho do Antoninho Fráguas. Uma pessoa disse-me: vou-o jurar…

            Falava com dificuldade, a escolher caminho. Como a pausa se dilatasse, ela picou:

            ─ E depois?

            ─ Devo acreditar que têm razão…?

            ─ Razão, quem?

            ─ As bocas do mundo.

            ─ E tu que julgas?

            Soltava as palavras no seu jeito despachado e tom escarnento, que tanto podia exprimir: sim, é verdade, como: não tem pés nem cabeça. Ele tornou, conhecendo-lhe o génio:

            ─ Não julgo nada. Vês, o sujeitinho agora não sai da tua beira. Perdido e achado é em vossa casa. Ele e o teu pai são como cabeçalho e chavelhão. Para onde for um, vai outro. Suponhamos que semelhante compadrio é devido ao negócio, suponhamos. O que não se compreende é a aceitação que tu lhe dás…

            ─ Não lhe dou aceitação nenhuma ─ replicou ela com sequidão.

            ─ Ora essa, não o bispei agarrado a ti a dançar…?! Não me vais dizer que trago cataratas nos olhos ou que andavas forçada…

            ─ Pois andava e andava mesmo! Não acreditas? Podes acreditar. Meteram-mo à cara. Eu não o chamei. Foi-me cometer para o baile, disse-lhe que não. Teimou. As raparigas em volta: vai, porque não hás-de ir? Meu pai teve ventos da minha má vontade e veio-me ralhar. Aí tens porque me viste a dançar com semelhante meijengro.

            O céu e a terra revestiam novo aspecto para o Aires. Entrava-lhe nos pulmões ar fresco, aquela espécie de ar fresco que não vem apenas da atmosfera e embebeda como o melhor vinho. Mesmo assim porfiou:

            ─ Pois sim, mas para ti não deve ser novidade o que corre a esse respeito. Era uma razão para te negares…

            ─ Já te disse e torno-te a repetir que não tenho nada com o que os outros pensam. Tenho com a minha palavra e o meu querer e basta.

            ─ E que palavra é essa, Teodora, que não estou bem lembrado…

            ─ Assim és esquecido?! ─ proferiu ela num trejeito que transitava repentinamente do sério para o jocoso e regressava logo ao tom primeiro. ─ Que homem és tu para guardar memória de coisas que bolem com a vida toda duma pessoa…?

            O Aires quedou um instante em suspensão, hesitante em ler-lhe nos olhos aquilo que tanto buscava. E tartamudo balbuciou:

            ─ Torna-me a dizer essa palavra, Teodora, que a cabeça não me governa bem. Torna-ma a dizer…

            Olhava para ela e como a visse calada, imóvel, de olhos em terra, a sua tortura era atroz. Mais uma razão para definirem suas vidas. E volveu:

            ─ Dize-ma. Se é o que eu suponho, abençoada seja a luz que nos alumia; se não, paciência; tudo tem fim, viver e sofrer.

            ─ Dá cá a tua mão… ─ disse ela em voz áspera, como se ditasse uma ordem a que fosse mau cumpridor. ─ Dá cá, que ta não corto…

            Pegou-lhe da mão; pô-la em cima dos seios sem aquele pudor com que as raparigas fogem ao toque atrevido dos rapazes; estreitou-a contra a apojadura das pomas, rija, quase tão pétrea como a massa da masseira a ponto de levedar; e numa voz em que latejava não sabia se amor se ira pronunciou:

            ─ Ouves bater o coração, ouves? Eu te digo o que já não devia ser novo para ti: tua ou de mais ninguém.”

 

 (    (Aquilino Ribeiro - "Volfrâmio", págs. 226-228, Bertrand Editora, 1985 -  primeira edição é de 1940)

       Selecção de A. N.                                                             Voltar para o topo...

 

      

MUSEU GRÃO VASCO

EXPOSIÇÃO: "GRÃO VASCO NA MISERICÓRDIA"

A colecção principal do Museu Grão Vasco, em virtude das obras de remodelação do edifício do Museu, expõe-se provisoriamente na ala Norte da Igreja da Misericórdia, em Viseu.

Fotografia de Luís Filipe Cândido de Oliveira, in "Grão Vasco e a Pintura Europeia do Renascimento" - Catálogo, pág. 160, CNCDP, 1992)

Estas pinturas foram feitas para as capelas da Sé de Viseu, para o paço episcopal de Fontelo e para igrejas da região.

As pinturas em causa não são apenas o resultado do desempenho individual do célebre Grão Vasco (designação usada para o pintor Vasco Fernandes, que desenvolveu a sua actividade em Viseu, de 1501 a 1542), mas também da colaboração de outros pintores, nomeadamente do viseense Gaspar Vaz, activo de 1514 a 1569.

Trata-se de um núcleo que é de facto central à identificação de algumas características do processo criativo do mestre Grão Vasco, assumindo uma dimensão ilustrativa do que foram os horizontes geográficos, estéticos e iconográficos da pintura portuguesa no período que corresponde aos reinados de D. Manuel I e D. João III.

Horário

3ª Feira: 14.00 - 18.00h

4ª Feira a Domingo: 10.00 - 18.00h

Encerrado

2ª Feira, 3ª Feira de manhã e Feriados de 25 de Dezembro, Ano Novo, Domingo de Páscoa e 1º de Maio.

Entrada

1.5 €

Gratuita aos Domingos e Feriados até às 12h30m

Serviço Educativo

Visitas guiadas com marcação prévia

Contactos

Paço dos Três Escalões,

3500 - 195 Viseu

Tel. 351.232422049 / 351.232432249

Fax. 351.232421241

E-mail: mgv@ipmuseus.pt

F. Pais

ACTIVIDADES:

. Colecção de Almeida Moreira -

O capitão Almeida Moreira foi o responsável pela fundação do Museu Grão Vasco e um importante coleccionista de obras de arte.

Na exposição que se encontra no seu Museu Almeida Moreira privilegiam-se as colecções de pintura e de cerâmica.

A colecção de pintura inclui artistas seus amigos e outros: Columbano, Alfredo Keil (um dos 3 pequenos quadros deste artista, sem data e sem nome, parece representar a serra de Sintra com a silhueta do Palácio da Pena!...), António Carneiro, Silva Porto, José Malhoa, etc.

Eu preferia o Museu como ele se encontrava nos anos 70, quando o visitei pela primeira vez. De qualquer modo não deixe de o visitar. A entrada é gratuita.

A.N. (Agosto 2003)

 

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DESCUBRA O ARTISTA

Maria Keil

   O desenho que se segue é uma homenagem à mulher-mãe e ilustra um poema de Matilde Rosa Araújo intitulado "A Arca Maravilhosa".

   Sabes quem foi o(a) Artista que o desenhou?

    Foi Maria Keil.

   

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ACERT - Associação Cultural e Recreativa de Tondela

. ACTIVIDADE DA ACERT:

TOM de FESTA 2003 Festival de Músicas do Mundo - 24 a 28 de Julho
Trigo Limpo no Festival MINDELACT 2003 em Cabo Verde "Sexo? Sim, Obrigado! ou a arte de folgar!
O Labirinto dos Sonhos já estreou e anda por todo o país
noutros "Percursos" Decorre de 10 a 18 de Maio em Viseu, Tondela e Campo Benfeito e é uma ideia...

www.acert.pt

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TEATRO VIRIATO. É VOSSO. FAÇA-O SEU...

TEMPORADA 2003: Abril - Julho

                         www.teatroviriato.com                            

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CINE CLUBE DE VISEU

. O QUE É:  "O CINE CLUBE DE VISEU é, essencialmente, uma Associação Cultural que visa a divulgação e o estudo do Cinema, como arte e cultura, nos seus múltiplos aspectos, promovendo e desenvolvendo o gosto e a cultura cinematográficos no sentido de tornar o espectador consciente, e, portanto, capaz de apreciar um filme nos seus aspectos técnico, temático e estético" (in Quem somos - breve historial).

. PROJECTOS: Cinema para as Escolas - projecto no âmbito da formação nas áreas do cinema e audiovisual aplicado a vários níveis de ensino nas escolas do distrito de Viseu, e que se desenvolve através de dois tipos de actividades intituladas "Escolas Animadas" e "Aprender em Filmes"

. CICLOS: A próxima programação sairá em Setembro

        www.cineclubeviseu.pt

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NET - NAVEGÁMOS E PENSÁMOS EM SI

. COIMBRA - Capital da cultura: programa

. BLOGUES - Ver Blogosfera do Blogue de Vila Dianteira

 

. CRÓNICAS QUE EU GOSTAVA DE TER ESCRITO:

     -"Diário Interior" – por Nuno Amaral Jerónimo, Jornal O Interior, Guarda

     -Saliências – Diogo Cabrita, Jornal O Interior, Guarda

 

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