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Órgão Cavaillé-Coll
Registros do 1º Manual: |
Registros
do 2º Manual: |
Bourdon 16' |
Flûte harmonique 8' |
REINAUGURAÇÃO
Sugestões
e Críticas
- advaldo@canal13.com.br
A cidade de Belém, capital do Estado do Pará, viveu dias esplendorosos de cultura, por ocasião da reinauguração do Grande Órgão de Tubos Cavaillé-Coll, o maior da América Latina e construído pelo maior organeiro do mundo do século passado. A iniciativa da compra do Rei dos Instrumentos deveu-se ao ínclito Bispo do Pará, D. Antônio de Macedo Costa, que fez apresentação solene ao público no ano de 1882. Na época, a Igreja era unida ao Estado. A Catedral tinha 60 funcionários, mantidos pela Coroa Imperial. Com a separação Igreja-Estado, houve declínio no que se refere a conservação. No ciclo da borracha ela permaneceu em equilíbrio, mas depois foi quase impossível mantê-la esplendorosa. O tempo por sua vez, a fez corroer e o Grande Órgão por quase cinco décadas permaneceu silencioso.
Sendo eu transferido de SantAna no ano de 1985, tomei o propósito de restaurá-lo, dentro do possível. Para tanto, convoquei de Porto Alegre o organista alemão Sildon Scherer. Ele falou-me da impossibilidade de restaurá-lo no Brasil. O tempo passou e ele começou a ameaçar e a desabar daquela altura do Côro. Fora carcomido por cupins, inseto terrível que prolifera sobretudo nos climas quente-úmidos da Amazônia. O cupim coroe na surdina e detesta a luz. Várias peças de madeira estavam ocos por dentro.
O antigo SPHAN foi claro quando expus o problema. Dele obtive a licença para a restauração, mas nenhum apoio financeiro. Tentativas várias foram lançadas sem surtirem efeito. Por ocasião do Advento do ano de 1995, resolvi lançar a campanha. O Banco Itaú, patrocinou o lançamento no Teatro da Paz. O concerto, sob minha regência foi todo natalino.
Sendo jornalista, convoquei os meios da comunicação da terra. Todo ele unânime, jornalistas seletos, comércio, conservatórios, benfeitores, o industrial Marcos Marcelino e o então Prefeito Dr. Hélio Gueiros, por sinal evangélico, deu apoio financeiro para o frete e mão-de-obra profundamente artesanal.
Não só gente da cidade colaborou, mas também do interior. Na Catedral encontra-se o Livro de Ouro, contendo as dádivas. Promoções de serestas, bingos, sorteios, jantares múltiplos aconteceram.
Lancei o álbum "Nova et Vetera" que se encontra à venda na Catedral. Meu propósito é lançar o segundo volume sobre a reinauguração do Grande Instrumento, acontecida no dia 14 de junho de 1996, Festa do Sagrado Coração de Jesus.
É de se lamentar, que Belém, porta da legendária Amazônia, seja profundamente esquecida no sul do país, por isto lá não houve repercussão. Da nossa terra, só publicam mazelas. Os grandes feitos ficam silenciosos...
O povo pobre, ofereceu migalhas para o feito. Eis os organistas da reinauguração: Hans Bönish (alemão) e Paulo José Campos de Melo (paraense) com especialização na Europa e Superintendente da Fundação Carlos Gomes em Belém/PA. A Schola Cantorum da Catedral e os Pequenos Cantores da Sé apresentaram números em gregoriano e polifonia. No coro da Catedral, placas estão fixadas. Três recitais se realizaram nos dias 14, 15 e 16 de junho. O grande Órgão foi restaurado em Boulay-França, pela Firma Theo Haerpfer. A indicação para encontrar-se o restaurador, partiu do organista de Notre Dame de Paris. A Firma Verbicaro Giestas e Cia. Ltda. restaurou o buffet.
Por último, vale ressaltar o esforço titânico do empreendimento, sobretudo quanto ao envio de divisas ao exterior. Belém é cidade pobre. A burocracia do Banco Central, Banco do Brasil e da Receita Federal, pela compreensão dos seus respectivos diretores, facilitaram o processo. Todas as taxas alfandegárias e bancárias foram pagas pela comunidade.
A hospedagem para o desmonte foi doação do Zoghbi Hotel. Dois técnicos vieram para o desmonte e 3 para a montagem. Causou alegria imensa quando o container 40 chegou à Praça Frei Caetano Brandão. Muitas palmas.
A cidade de Belém, o Estado do Pará e o Brasil, poderão orgulharem-se da reinauguração proclamada como a RESTAURAÇÃO DO SÉCULO.