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Pós-Caipira na Imprensa (Clipping)
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Correio
Popular, 15/09/2003
Longe
de ser Jeca
CARLOTA CAFIERO
De hoje até o dia 28, Campinas se transformará num centro
de manifestações e discussões acerca da cultura caipira e do
que vem sendo produzido ou mantido vivo por artistas da capital
e do interior. O projeto ganhou o nome de São Paulo Caipira,
que inclui o festival Caipira Groove e terá como palco o
Sesc-Campinas.
Por iniciativa de dois músicos da cidade – Otávio Luís
Augusto, da banda Sacicrioulo, e Carlos Abras, da Vô Varvito
–, nasceu o festival Caipira Groove, com debates e
apresentação de oito bandas que começa sexta-feira e pretende
um encontro entre a cultura pop e a popular. O projeto foi
abraçado pelo Sesc-Campinas e ampliado para São Paulo Caipira,
com abertura hoje, mais exposições, comidas típicas,
apresentação de danças populares e shows musicais com a
Oficina de Viola Caipira, os sambistas do Grupo Cupinzeiro, os
violeiros João Ormond e Fernando Degui e a dupla sertaneja Liu
& Léo.
São Paulo Caipira começa com exposições de desenhos, fotos,
figurinos e instrumentos a partir de hoje. Há os desenhos da
pesquisadora Raquel Trindade (fundadora do grupo Urucungos,
Puítas e Quijêngues) com o tema Danças Folclóricas do Estado
de São Paulo; a exposição fotográfica Retratos do Interior,
de Márcio Ricardo Sartorello, que registrou as celebrações,
festas e quermesses da região do Vale do Paraíba e da região
Sudeste; e ainda uma exposição de figurinos e instrumentos
usados em algumas das manifestações que farão parte do
projeto.
Ainda hoje, a partir das 20h, haverá apresentação gratuita da
Oficina de Viola Caipira, na lanchonete do Sesc-Campinas. Ivan
Vilela é quem encabeça o projeto que reúne cerca de 40
violeiros. No repertório, clássicos do cancioneiro popular com
arranjos inovadores.
Um dos idealizadores do Caipira Groove – do qual surgiu São
Paulo Caipira – o publicitário e percussionista Otávio Luís
Augusto resolveu criar um festival de cultura caipira a partir
da existência de bandas em São Paulo, Campinas e outras
cidades que misturam ritmos regionais a universais. "Essas
bandas, como a Mercado de Peixe, a Matuto Moderno, entre outras,
já tem um tempo considerável de estrada, mas de forma
solitária. Eu e o Carlos (Abras), decidimos, assim como o
Manguebeat, no Recife, unir esses músicos numa identidade em
comum, o caipira groove", conta.
O "groove" do nome faz referência aos ritmos
universais como o rock, o funk, o soul, o hip hop etc., que se
encontram com a catira, o jongo, o samba e a congada. Além da
Mercado de Peixe (Bauru) e da Matuto Moderno (São Paulo),
tocarão sábado e domingo, no Sesc-Campinas, as bandas
Sacicrioulo, Vô Varvito (ambas de Campinas), Dotô Jeka (Vale
do Paraíba), Fulanos de Tal (Rio Claro) e Ully Costa e Banda
Rebento (São Paulo).
"São Paulo tem sido plataforma para tantas bandas fazerem
sucesso, por que não para as bandas que valorizam suas origens
culturais? E Campinas terá um papel importante nesse
reconhecimento", acredita Otávio, que disse estar
divulgando o Caipira Groove na capital.
"Acho que o interesse dos jovens pelas origens culturais da
sua cidade e Estado se deve à estagnação dos modelos
culturais", diz o percussionista, ator, dançarino e
pesquisador da cultura afro-brasileira Alceu Estevam, que
também faz parte do Urucungos desde sua fundação, em 1988.
"As pessoas estão valorizando o que está mais próximo
delas. A cultura popular do Sudeste, apesar de abafada pelos
avanços tecnológicos, continua viva e está sendo descoberta
pelas novas gerações".
Para Alceu, não há novidade em se misturar os ritmos regionais
ao rock, pois essa tendência vem desde o movimento
tropicalista, passando pelo movimento manguebeat. "Mas é
importante que se continue essa mistura, pois assim os jovens
ficarão curiosos em conhecer sua cultura, via cultura
pop", diz.
Para embasar o festival Caipira Groove, dois nomes importantes
dentro da música brasileira – o antropólogo Hermano Viana e
o produtor da gravadora Trama Carlos Eduardo Miranda –
participam do Fórum de Discussão que se inicia às 18h desta
sexta-feira.
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