Matuto
Moderno
- Bojo Elétrico (2000)
Boa
parte das bandas que fazem uma releitura da música caipira
tradicional partem do rock e do pop e adicionam pitadas de
caipiragem aqui e ali. O Matuto Moderno faz diferente. O ponto
de partida de suas composições é justamente a música
regional, à qual eles juntam as estéticas do pop e do rock. E
isto faz toda a diferença. Em vez das músicas em 4/4 que
caracterizam o pop mundial, o CD vem recheado das marcações
regionalistas dos cateretês, pagodes de viola, guarânias e
forrós.
Longe de ser homogêneo, Bojo Elétrico
oferece sabores urbanos e caipiras, que pesam mais ou menos
conforme a faixa. "Falando com o povo", por exemplo,
é uma guarânia tranquila sem uma guitarra sequer. Já
"Contramão", com sua guitarra slide distorcida
pontuando a marcação da bateria e do berimbau, é caipira e é
rock, numa mistura perfeita. Esta pegada roqueira, aliás, é o
que dá ao Matuto uma certa distinção em relação a outras
bandas regionais. A viola dá o tom tanto quanto a guitarra em várias
faixas.
Duas versões para clássicos caipiras
("De papo pro á" e "Rio de Lágrimas") e um
causo engraçado ("Mané de mané mesmo", nos
moldes do que faziam Alvarenga e Ranchinho, que misturavam música
e piadas em seus LPs) mostram uma banda que reverencia a tradição.
"Rio de Lágrimas", em particular, é muito boa. Já a
produção excelente e os efeitos típicos de rock
colocados nos instrumentos (flanger nas violas, fuzz no baixo,
tem pra todo gosto) mostram que o Jeca não ficou na beira da
estrada esperando a civilização passar e que não poderia
haver nome mais adequado a esta banda que é matuta e é
moderna.
Este é o primeiro CD da banda. Festeiro,
que gravaram em seguida, tem mais viola do que guitarra e mostra
um aprofundamento da linguagem musical do grupo.
O site do Matuto tem alguns MP3 pra
baixar, cifras em PDF e outros quitutes. Faça uma visita: http://www.matutomoderno.com.br |