Teste:
Encordoamento Giannini GESVAH
O que me levou a testar este encordoamento foi um problema
específico. Minha viola, feita pelo luthier Van Franco, é
pequena, daquelas cinturadas, cujo comprimento da corda vibrante
(medida que vai da pestana ao cavalete) é de 550 mm, 30mm menor
do que o padrão utilizado nas violas maiores, clássicas. Esta
diferença faz com que qualquer encordoamento, independentemente
da tensão, fique "frouxo" na minha viola quando uso a
popular afinação Cebolão em Ré (A, D, F#, A, D). Testei
várias marcas e bitolas, mas acabava sempre tendo que afinar um
tom acima para que a tensão ficasse adequada. O problema era
mais acentuado nos dois primeiros pares e na corda fina do
terceiro par (a "contra turina"), o que me levou a
crer que um encordoamento mais pesado nestas cordas melhoraria a
pegada e a entonação.
Este GESVAH é um encordoamento de níquel e
possui medidas bem interessantes:
1º par 2º par 3º par 4º par
5º par
A - 0.011 0.014
0.010 0.011 0.014
B - 0.011 0.014 0.022 0.023
0.024
Notem que as cordas finas são pesadas, mas os bordões são
proporcionalmente mais leves. Como base de comparação, o
encordoamento COBRA GESVNP da própria Giannini, que é
considerado como de tensão alta, tem primas mais leves (0.011, 0.012
e 0.009 nos três primeiros pares) e bordões mais pesados (0.025
e 0.036 nos pares 4 e 5). O resultado deste híbrido é um
equilíbrio entre as tensões das cordas mais grossas e as mais
finas, agindo de modo mais uniforme no braço do instrumento. O
teste
O encordoamento veio embalado num invólucro plástico e sem
qualquer sinal de corrosão. Coloquei as cordas em 1º de
dezembro e elas assentaram quase imediatamente, bastando apenas
uma reafinação poucos minutos mais tarde, depois que o braço
se adaptou a elas e estabilizou.
A primeira e grata surpresa se deu em
relação à tensão. Afinada com Cebolão em Ré, os dois
primeiros pares não estavam frouxos como de costume,
apresentando a mesma sensação ao toque que os bordões. A
entonação estava boa como nunca.
O som do GESVAH é bem definido, mas sem
brilho demais. Esta parece ser uma característica de todas as
cordas da fábrica e eu gosto - você ouve as notas e as cordas
não "estalam" nos trastes.
Os bordões mais leves fazem toda diferença
no som da viola. Ao tocar, o som das primas fica em destaque,
apenas colorido pelo grave discreto que sai das cordas mais
grossas. Esta predominância de médios e agudos é excelente
para solos e ponteios, embora o som para simples acompanhamento
com acordes seja bastante satisfatório.
Para avaliar a interação deste timbre com
menos graves em relação a outros instrumentos, toquei a viola
em cima de uma base pré-gravada de baixo e percussão e gostei
bastante do resultado. Toquei também juntamente com um violão
de cordas de aço (um Martin Sigma DM-4B), e não houve briga de
harmônicos e frequências: os acordes do violão fizeram uma
boa "cama" para os ponteios da viola.
O site da Giannini diz que as cordas de
níquel oferecem uma resposta melhor quando a viola é
amplificada através de captadores. Pluguei a danada e fiquei
muito satisfeito com seu som eletrificado. Normalmente, com
outras cordas, ela ressalta agudos e brilho em excesso, mas com
o GESVAH o mesmo equilíbrio que ela apresenta acusticamente se
repetiu quando ouvida através de um amplificador.
Depois de um mês usando constantemente as
cordas, elas ainda conservavam o timbre, a entonação e o
brilho do primeiro dia, o que demonstra boa durabilidade. Conclusão
O GESVAH da Giannini oferece bom timbre e uma relação
equilibrada entre as primas e os bordões, apresentando tensão
ideal para violas de escala curta e destaque para as
frequências médias e agudas. Não há, no mercado brasileiro,
outra marca que apresente as medidas deste híbrido que pode ser
a solução na sua busca pelo timbre ideal. |