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ele, o boto
Carlos Alberto Riccelli
Brasil, 1987
Direção, roteiro e diálogos: Walter Lima Jr.
Argumento: Lima Barreto, baseado em idéia de Vanja Orico
Texto do narrador: Affonso Romano de Sant’Anna e Walter Lima Jr.
Colaborador no roteiro: Tairone Feitosa
Produção: Flávio R. Tabellini para Lucy e Luiz Carlos Barreto
Fotografia: Pedro Farkas
Fotografia submarina: Roberto Faissal Jr.
Montagem: Mair Tavares
Cenografia: Ana Schlee
Figurinos: Sérgio Silveira
Direção de arte: Paulo Flaksman
Música: Wagner Tiso
Canções adicionais: “Foi Boto Sinhá”, de Waldemar Henriques e Antonio Tavernar; “Olha pro Céu”, de Luiz Gonzaga e Peterpan
Letra da “Canção do Boto”: Alice Andrade e Walter Lima Jr.
Som direto: Marc Van Der Willingen
Edição de som: Virginia Flores
Consultoria de expressão corporal: Rainer Viana
Duração: 108 minutos
Cor    35 mm


Elenco: Carlos Alberto Riccelli (O Boto), Cassia Kiss (Tereza), Ney Latorraca (Rufino), Dira Paes (Corina), Paulo Vinícius (Luciano), Rui Polanah (Zé Amaro), Maria Sílvia (Tia), Tonico Pereira, Lutero Luiz, Bebeto Bahia, Airton Vieira, Marcos Palmeira, Sandro Solviati (pescadores), Vanja Orico (vidente) e a voz de Rolando Boldrin (narrador).


Melhor filme, direção, ator, atriz-coadjuvante (Dira Paes), fotografia e cenografia no Festival de Natal 1987; Melhor filme do público no Prêmio SESC 1987.1983.
Menina-moça mal vigiada acaba caindo nas lábias do boto e vira coisa ruim, diz a lenda popular tipicamente brasileira. Para acabar com o peixe-homem sedutor, só o arpão atirado por um filho de boto. Numa aldeia de pescadores, duas mulheres estão na mira do sereio. Uma delas tenta fugir à maldita tentação casando-se com um comerciante de combustível. A outra apaixona-se por um jovem misterioso na noite de São João. Enquanto a comunidade enlouquecida caça o boto, o amor e a desgraça abraçam-se sob a lua cheia.     

Do roteiro original de Lima Barreto, o diretor conservou a estrutura básica mas enfatizou no personagem do boto a sua natureza de puro instinto, projeção do desejo humano que assume formas diversas e não respira psicologia. Contada a partir de fragmentos de conversas de pescadores, a história preserva seu caráter de “causo”, misto de observação, exagero, invenção e mito. O mágico e o maravilhoso entram aqui com força inédita na obra de Walter Lima Jr., levando à plena concretização o elo sensual entre seus personagens e a natureza, o desejo e os elementos.   

Ao dedicar o filme a Mário Peixoto, Walter declara sua admiração por Limite, um “filme-filme” que não se passa neste ou naquele lugar, mas na tela. Aqui o litoral e o interior se unificam numa representação calorosa do universo caipira. A ambientação minuciosa, contudo, se presta a uma fabulação que é puro cinema.
“O filme do Lima não tinha ideologia, o meu tem. Ele fala da ruptura do homem com sua própria natureza, da expectativa contínua de uma harmonia rompida com a natureza, que configura uma idéia de perda. Porque o homem é extremamente violento com o meio em que vive. Ele destrói tudo ao seu redor e com isso destrói a si mesmo”.
Walter Lima Jr.
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