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a ostra e o vento
Leandra Leal
Brasil, 1997
Direção e roteiro: Walter Lima Jr.
Produção e colaboração no roteiro: Flávio R. Tambellini
Baseado no romance homônimo de Moacir C. Lopes
Fotografia: Pedro Farkas
Edição de imagens: Sérgio Mekler
Direção de arte: Clóvis Bueno
Figurinos: Rita Murtinho
Cenografia: Vera Hamburger
Música: Wagner Tiso
Canção-tema: Chico Buarque, interpretada por Branca Lima
Som direto: Márcio Câmara
Edição de som: Tom Paul
Duração: 112 minutos
Cor   35 mm

Elenco: Lima Duarte (José), Fernando Torres (Daniel), Leandra Leal (Marcela), Floriano Peixoto (Roberto), Castrinho (Pepe), Débora Bloch (Mãe), Arduíno Colasanti (Magati), Ricardo Marecos (Pedro), Márcio Vito (Carrera), Hannah Brauer (Marcela aos 6 anos), Amanda Fontes Freire (Marcela aos 3 anos), Rodrigo Moreira (amante), Charles Paraventi (voz de Saulo).
 
Prêmio Cinema d’Avennire no Festival de Veneza 1997; Melhor filme e direção dos Festivais de Recife e Natal 1997; Prêmio Estação Botafogo de melhor filme, direção e atriz revelação (Leandra Leal) de 1997; Melhor filme brasileiro de 1997 para a Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro.
De volta à ilha onde viveu há algum tempo, um velho auxiliar de faroleiro busca vestígios da menina Marcela, sua confidente, agora desaparecida. Da memória de um diário surgem, aos poucos, os sinais de um passado que se entrelaça com o presente. Tiranizada pelo amor do pai, o faroleiro da ilha, Marcela anseia por conhecer o mundo à medida que se torna mulher. No seu isolamento, cria fantasias de amor com o vento. Mas esse anjo também saberá ser diabólico na sua procura de liberdade.  

Exemplar adaptação de um texto profundamente literário, o filme cria um diálogo temporal sofisticado através da luz e dos movimentos de câmera, além de uma vigorosa atmosfera audiovisual, para falar de intempéries da natureza humana. Nutre-se de um lirismo áspero como as escarpas batidas pelo mar, carregado de presságios e sexualidade represada.

O chamado “efeito ilha” ecoa em muitas instâncias do filme: na solidão e nos delírios de Marcela, a menina-ilha; no distanciamento do filme em relação a qualquer quadro social; e mesmo na sua singularidade dentro do cinema brasileiro dos anos 90. Uma obra de arte encerrada em si mesma, como uma ostra indiferente ao vento que zune fora da concha.
“Não só o vento, mas o tempo também é um personagem. É um personagem no sentido da vida que passa sobre a gente, da vida que passou, que está passando e que poderia ter passado. Tudo isso simultaneamente, como se fosse uma única emoção de uma pessoa”.  Walter Lima Jr.
                                             Leia texto de Arnaldo Jabor sobre o filme
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