Harry Potter e a Filha do Auror
by Talita Teixeira

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Capítulo 8 ~ A briga no Caldeirão Furado

Aquele dia que passaram no Beco Diagonal fora muito divertido. Harry, que sempre apreciava fazer compras ali - e, desde o seu terceiro ano em Hogwarts conhecia o Beco como a palma de sua mão - não se conteve e arrastou os amigos para muitos lugares. Estiveram na Floreios & Borrões comprando livros, numa botica cheia de coisas nojentas, onde abasteceram-se de produtos para Poções, na loja de Madame Malkin e, é claro, na Artigos de Qualidade para Quadribol (onde Harry e Rony demoraram-se tanto que Hermione os ameaçou com o feitiço das pernas presas).

_ Ufa! Acho que é só! - Rony carregava, além dos seus próprios livros, os de Fred e Jorge, uma vez que os gêmeos só chegariam na véspera de irem para Hogwarts.

_ Espero não ter esquecido de nada! - Hermione contava nos dedos as coisas que havia comprado.
_ É uma pena que não tenhamos encontrado ninguém conhecido! - Gina falava, balançando a cabeça - Gostaria que Lilá e Parvati estivessem conosco também!

_ Bem, eu fico feliz que não tenhamos encontrado Colin! - Harry disse, sorrindo para Gina - Vamos logo, temos apenas uma hora até os pais de Hermione virem nos buscar.

Iriam, agora, ao Caldeirão Furado, onde Harry pretendia brindar aquela tarde agradável comprando cervejas amanteigadas para os quatro.

Desde que descobrira que seus pais lhe deixaram uma pequena fortuna em galeões de ouro depositados no Gringotes, Harry sentia-se feliz e, ao mesmo tempo, constrangido. Sentia-se feliz porque podia comprar o que bem quisesse no mundo dos bruxos - embora vivesse sem um tostão no mundo dos trouxas - e sentia-se constrangido porque, quando fazia compras com os Weasley, estes sempre viviam apertados para poderem adquirir tudo de que precisavam. Harry sabia que os Weasley nunca aceitaram alguma ajuda sua - o que ele faria de boa vontade - , embora tenha doado os mil galeões que ganhara no Torneio Tribruxo para Fred e Jorge começarem sua loja de logros.

No Caldeirão Furado, o burburinho era geral: muitos bruxos e bruxas conversavam, rindo em rodinhas animadas, fumando longos cachimbos ou bebericando sentados ao balcão. Harry imaginou o quanto toda aquela gente sabia sobre o ressurgimento de Voldemort. Fechou os olhos, melancólico, por um instante e então Tom, o proprietário do local, acercou-se deles:

_ Oh, olá Sr. Potter! Como estão vocês também, meninos? - disse, sorrindo para todos - André, mesa para quatro!

Enquanto André fora ver uma mesa para eles, Harry pensou ter visto alguém conhecido entre as muitas pessoas que estavam naquele fim de tarde no Caldeirão Furado.

_ Quatro canecos de cerveja amanteigada, hum-hum....- Tom rabiscava num bloco de notas - e é por conta da casa, Sr. Potter.

Harry ainda ensaiou um pequeno protesto, mas Tom já dera-lhe as costas.

_ Droga! - disse Rony, batendo o punho na mesa - esqueci da gaiola de Pichi!

_ Mas Rony, Píchi não tem gaiola? - Harry lembrava-se de ter visto a coruja de Rony habitar uma velha gaiola na Toca.

_ Tinha, Harry, tinha....me esperem aqui, preciso ir até aquela loja de bichos de estimação. - Rony parecia um tanto desolado quando levantou-se da mesa no Caldeirão Furado e voltou para o Beco Diagonal, quase se chocando com Tom, que vinha de volta trazendo os canecos de cerveja amanteigada.

_ Ei, onde foi seu amigo? - perguntou a Harry, surpreso.

_ Ele já vai voltar, Tom. Pode deixar o caneco dele aqui.

_ Bem, Gina...- disse Hermione, bebericando um gole de cerveja - o que houve com a gaiola de Pichi?

Gina sacudiu a cabeça negativamente, ao mesmo tempo em que fazia uma cara de consternação:

_ Rony ficou muito chateado com o que aconteceu...

_ E o que houve? - Harry sabia que, quando Rony se aborrecia, era para valer.

_ Bem...- Gina continuou - ...Fred e Jorge passaram as férias todas tentando inventar uma nova espécie de fogos de artifício, e acharam interessante utilizar o alumínio enferrujado da gaiola de Pichi na experiência. Tiveram uma...ahn...pequena briga com Rony por causa disso. Os fogos não funcionaram como eles esperavam, e eles queriam desmontar um brinquedo trouxa que papai deu a Rony, uma cificleta, sei lá....

_ Bicicleta. - Hermione corrigiu.

_ ...isso....Mamãe, é claro, desaprovou a idéia, e, antes que Fred e Jorge pudessem desmontar o resto das coisas, ela os arrastou para a România. Ela disse que eles a estavam enlouquecendo, mas que ainda queria encontrar a casa de pé quando voltasse.

_ A casa de pé?! Francamente, Weasley, desde quando a sua casa para em pé?

Uma voz arrastada e muito deles conhecida se fez ouvir.

_ Como vai, Malfoy...que bom que você conseguiu desfazer o feitiço!

Harry referia-se aos feitiços que ele, Fred, Jorge, Hermione e Rony puseram em Draco, Crabbe e Goyle. Draco olhou-os com desdém, seus olhos cinzentos apertados como fendas:

_ Se eu fosse você, Potter, eu guardava muito bem a língua dentro da boca....quero ver você continuar falando assim depois que....que.... - ele olhou um pouco desconfiado para Gina - ...que os sangue-ruins forem varridos do mapa!

Harry sabia que Malfoy iria dizer "...depois que o Lord das Trevas voltar":

_ Porque você não vai em frente e diz o que queria dizer, hein Malfoy?

_ Não sei se o famoso Harry Potter e seus amiguinhos iriam agüentar! - Draco parecia muito ofendido ao falar isso.

_ Olhe Draco...- Hermione falou, decidida -....porque você não dá o fora daqui, hein?!

Draco olhou-a de cima a baixo:

_ Você é que deveria sair daqui, sujeitinha ruim! Esse não é o seu lugar! Logo, logo, você também vai ter o que merece....lembra daqueles trouxas no Campeonato Mundial de Quadribol? Sabe, eu acho que os Comensais da Morte poderiam fazer bem pior com você! - e, baixando a voz, falou alguma coisa muito terrível no ouvido de Hermione, porque a garota ficou tão vermelha quanto um pimentão.

_ Agora chega, Malfoy - disse Harry, levantando-se - saia daqui!

Draco encarou-o por instantes, depois, apontou para o outro lado do salão.

_ Você vai tentar acabar comigo aqui, Potter? Veja, meu pai está logo ali!

Harry olhou para onde Draco apontara e viu o Sr. Malfoy conversando com outro homem. O Sr. Malfoy estava de costas e não via o que Draco estava fazendo; enquanto isso, o outro homem - de frente para o pai de Draco - não parava de concordar com a cabeça com tudo o que o Sr. Malfoy lhe dizia. Harry puxou pela memória e só então reconheceu quem era.

Era Avery, o comensal da morte que se prostrara aos pés de Voldemort pedindo perdão.

Harry virou-se para encarar Draco. Não sabia até que ponto o menino conhecia sobre os Comensais da Morte.

_ Quem é aquele conversando com seu pai, Malfoy?

_ Não é da sua conta, Potter! - e, dizendo isso, reparou no braço engessado de Harry - o que é isso no seu braço, alguma ridícula moda trouxa?

_ Não, mas é duro o suficiente para acertar a sua cabeça!

_ Ha, ha ...pensei que os trouxas lutassem com os punhos, como macacos enfurecidos....

Antes que Harry pudesse fazer qualquer coisa, Hermione deu um forte empurrão em Draco, que só não caiu no chão porque esbarrou nas costas de André, o jovem empregado de Tom:

_ Ei, olhe por onde anda!

Draco olhou enfurecido para Hermione:

_ Nunca mais me toque, sua nojenta sangue-ruim!

Gina não se conteve e, agarrando o caneco de cerveja amanteigada que Tom trouxera para Rony, virou-o de borco na cabeça de Draco. O garoto, completamente encharcado, voltou-se enfurecido para Gina. Harry então saltou na frente da garota.

_ Uh-uh, Potter...vai defender a sua namorada? - mas antes que Draco pudesse se dar conta, Harry acertou-o com o braço engessado. O menino caiu no chão segurando com força o nariz.

_ Eu disse que era duro! - Harry falou enquanto contemplava Draco tentar impedir o nariz de sangrar.

As pessoas no Caldeirão Furado pararam para ver a briga. Harry viu o Sr. Malfoy se aproximar a passos rápidos. Avery se fora:

_ Vamos, Draco! - ordenou, olhando Harry, Hermione e Gina como se estes fossem latas de lixo.

Harry encarou o pai de Draco: o que estaria tramando com Avery? O Sr. Malfoy sustentou o olhar apenas por alguns segundos. Draco ergueu-se desajeitado, o sangue do nariz escorrendo pelas vestes:

_ Você vai ver lá em Hogwarts, Potter! - e, dizendo isso, saiu rapidamente atrás do pai.

Lentamente, o burburinho do Caldeirão Furado recomeçou, e Harry, Hermione e Gina viram Rony voltar momentos depois com um embrulho nas mãos:

_ O que houve? Onde está minha cerveja? Harry, de quem é esse sangue no seu braço?

Harry pediu outra cerveja a Tom e explicou tudo para o amigo. Naturalmente, não mencionou Avery. Não faria isso na frente a Gina:

_ ...aquele Malfoy....-Rony disse, entre os dentes -...eu o odeio....e você, Gina, você queria encontrar alguém de Hogwarts...e fomos encontrar logo Malfoy!

Gina pareceu um tanto decepcionada:

_ Não qualquer um! Eu queria ter encontrado Lilá Brown ou Parvati Patil....

O semblante de Rony abriu-se num grande sorriso:

_ Isso! Vocês não sabem quem e o quê eu acabei de ver!

_ Quem? - disse Harry, levando o caneco de cerveja aos lábios - quem foi que você viu?

Primeiro Rony teve um ataque de riso e até lágrimas saíram de seus olhos. Hermione olhava para Gina e Harry sem entender nada. Depois, com dificuldade, falou:

_ Eu estava...- começou ele, esfregando os olhos - ...eu estava saindo da loja de animais de estimação quando vi Simas Finnigan caminhando com dois sorvetes...pensei em segui-lo para poder falar com ele e....

Um novo acesso de risos interrompeu Rony. Harry, Hermione e Gina não perdiam suas palavras:

_ ...bem....eu o segui até uma ruazinha lateral e então....e então....vi ele entregando o sorvete a Parvati Patil e depois...e depois....

Gina e Hermione nem piscavam:

_ Ele a beijou na boca!

Rony desabou em risadas, segurando a barriga. Gina tapou a boca com a mão e olhou desolada para Hermione:

_ Mas eu pensei que ele gostasse de Lilá Brown!

_ O mais engraçado disso tudo - continuou Rony - foi que, quando ele me viu, se assustou tanto que virou o sorvete nas vestes de Parvati!

Harry e Rony riram estrepitosamente, enquanto Gina e Hermione olhavam para eles com ar de censura.


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