Harry
Potter e a Filha do Auror
by
Talita Teixeira
Capítulo 9 ~ Hogwarts, enfim
Então,
as férias finalmente acabaram e chegou o dia deles voltarem a Hogwarts.
Haviam conferido todo o material na noite anterior e acordaram cedo para poderem
fazer tudo mais calmamente. O Sr. Granger chamara dois táxis para levá-los
a Londres e, às dez e meia da manhã, eles se encontraram com os
Weasley entre as plataformas nove e dez.
Rony
e Gina correram para abraçar os pais. Harry observou que os gêmeos
estavam bem menos animados que de costume.
_
Olá, Sr. e Sra. Granger! - dizia o Sr. Weasley, caminhando em direção
aos pais de Hermione. Vestia-se como um perfeito trouxa, exceto pelo casaco
de pijama - como estão? Os meninos deram muito trabalho?
Os
pais de Hermione pareciam estar aceitando bem melhor o modo de vestir do Sr.
Weasley, e conversaram normalmente com ele.
Harry
chegou-se aos gêmeos. Rony emburrara-se num canto.
_
E então, como foi lá na Romênia?
Os
gêmeos, que estavam tão emburrados quanto Rony, levantaram as mangas
das vestes:
_
Veja por você mesmo...- Fred falou.
_
....Carlinhos nos obrigou a ajudá-lo com aquelas feras.- Jorge continuou.
Harry
assustou-se quando viu as várias queimaduras que os gêmeos haviam
sofrido.
_
E nem pudemos continuar a pesquisar sobre os fogos...- Jorge falou, desapontado,
para Fred.
O
garoto paralisou-se por um instante. Harry conhecia aquela expressão.
Jorge olhou para o irmão e então compreendeu tudo:
_
Fred...e se nós....
_
...fizéssemos fogos no formato de dragões?
Harry
não surpreendeu-se quando os gêmeos abriram um largo sorriso de
orelha a orelha.
_
Harry! O que foi isso?
A
Sra. Weasley aproximava-se dele, um tanto assustada.
_
Não é nada, Sra. Weasley...eu sofri um acidente no telhado dos
Dursley...
_
Arthur! Venha ver isso já!
O
Sr. Weasley interrompeu a conversa com os Granger e aproximou-se, muito curioso,
do braço de Harry. O menino então teve que explicar toda a história
novamente - achou melhor não mencionar que fora atingido por um balaço
- , acrescentando, ainda, quais eram as propriedades curativas do gesso. O Sr.
Weasley parecia encantado. Nada nele transparecia sobre o ressurgimento de Voldemort.
E
então chegou a hora das despedidas e todos deveriam atravessar a parede
entre as plataformas nove e dez. Harry aprontava-se para sair correndo com seu
carrinho quando o Sr. Weasley lhe segurou pelo braço, falando baixinho:
_
Espere, Harry.
O
menino ouviu atento.
_
É sobre Vold...isto é, Você-sabe-quem?
_
Sim...quero que você saiba, antes de qualquer um, que o Ministério
da Magia se dissolveu.
Harry
boquiabriu-se. O Sr. Weasley continuou:
_
Uma parte do pessoal ficou com Fudge...ele, naturalmente, não acredita
que Você-sabe-quem tenha voltado....e
a outra parte...uma pequena parte...
Harry
prestava muita atenção. O Sr. Weasley continuou, respirando fundo:
_
...a outra parte...como eu...se demitiu....
Harry
abriu a boca e fechou-a rapidamente. Sabia o que significaria, para os Weasley,
a demissão do chefe da família.
_
Rony sabe disso?
O
Sr. Weasley tinha os olhos marejados de lágrimas.
_Não...apenas
Molly, Carlinhos e Gui sabem disso até agora....não conte nada
ao Rony, certo?
Harry
concordou com a cabeça. O Sr. Weasley prosseguiu:
_
Outra coisa, Harry...quero que você saiba que Hogwarts é o lugar
mais seguro para todos, agora....mas, mesmo assim, fique atento....
Harry
sorriu. Deu um abraço forte no Sr. Weasley e então lembrou-se
de perguntar uma coisa:
_
Sr. Weasley...o senhor sabe sobre...sobre - Harry não sabia se deveria
continuar.
_
Sirius? Sim....é um grande homem, o seu padrinho...
Para
Harry, o Sr. Weasley não precisava dizer mais nada. Harry sorriu e, com
um aceno, mergulhou na parede entre as plataformas nove e dez, saindo em frente
a grande placa que dizia, em letras bem entalhadas: plataforma nove e meia.
Harry, Rony e Hermione dividiram uma cabine no trem que ia para Hogwarts. Gina
fora procurar Parvati Patil para tirar a história de Simas Finnigan a
limpo.
Já haviam viajado algum tempo e se abastecido com os docinhos da bruxa
gorda que empurrava um carrinho quando Rony olhou seriamente para Harry:
_
Harry... - começou Rony - ...o que meu pai queria com você?
Harry
repetiu a história do ministério ter se dissolvido, mas não
disse que o Sr. Weasley havia sido demitido. Contou, também, sobre Sirius.
_
É ótimo que saibam que Sirius é inocente; - falou Hermione,
preocupada - aliás, Harry, você tem dado notícias suas a
ele?
Harry
pensou por instantes e então lembrou-se de que não contara a Sirius
sobre o incidente no telhado dos Dursley.
_
Não...achei melhor não preocupá-lo...
Hermione
prosseguiu:
_
Você deveria ter contado! Lembra quando sua cicatriz doeu e você
não queria contar?
_
Mas isso é bem diferente, Hermione - Harry agora se defendia - além
disso, eu não sinto minha cicatriz doer há tempos!
Nesse
instante, a porta da cabine se abriu e por ela entraram Neville Longbotton e
Dino Thomas. Dino parecia mais alto e magro, enquanto Neville....
_
Meu Deus, Neville! O que houve com seu rosto?! - Rony apontava, horrorizado,
para o rosto de Neville.
Neville
tinha o rosto totalmente coberto por pequenos curativos. Olhava timidamente
para o chão quando falou, numa voz que, para Harry, não era a
do Neville que eles conheciam (sua voz estava mudando, Harry pensou):
_
É que eu...eu....me cortei fazendo a barba.
E
então Harry engoliu em seco e levou, instantaneamente, a mão boa
em direção ao seu próprio rosto.
Para o seu horror, sentiu vários outros pêlos duros e espetados
como aquele que Hermione lhe apontara, três semanas atrás.
Sua
mente começou a funcionar desesperadamente e ele se viu coberto por uma
barba tão densa quanto a de Hagrid. O que faria caso Cho o visse assim?
Então,
a porta da cabine se abriu novamente e por ela entraram Malfoy, Crabbe e Goyle.
_
Ora, ora, ora....- disse Draco, olhando divertido para Neville - ...dormiu com
trasgos, Longbotton?
Neville
olhou para os próprios sapatos. Dino Thomas adiantou-se:
_
Caia fora, Malfoy!
A
um movimento de Draco, Crabbe e Goyle agarraram Dino e o atiraram pelo corredor:
_
Próximo? - Draco ria, divertido - quem sabe a sangue ruim? Não,
acho melhor jogá-la pela janela!
Rony
levantou-se, muito vermelho, enquanto Neville segurava seu braço. Hermione
puxou a varinha mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa...
_
O que é que está havendo aqui?
Todos
olharam para a porta. Draco parecia desnorteado.
Uma
jovem mulher, trajando vestes azuis, estava parada à porta. Seus longos
cabelos escuros estavam trançados com um fio dourado e sua pele era levemente
morena. Segurava os ombros de Dino Thomas:
_ Porque esse garoto foi atirado ao corredor, Sr. Malfoy?
Harry
estranhou que ela soubesse o sobrenome de Draco, mas reparou que ela falava
com um sotaque estranho. Draco gaguejou um pouco para responder e parecia bastante
ofendido:
_
Acho que...que ele caiu so...sozinho.
A
desconhecida prosseguiu:
_
Pois eu não acho que ele tenha caído sozinho -disse ela, olhando
duramente para Crabbe e Goyle. Saiam imediatamente desta cabine. - e, dizendo
isso, retirou-se altivamente pelo corredor.
_
Uau, quem é ela? - disse Rony, quando Malfoy, Crabbe e Goyle se afastavam
- puxa...que mulher!
Hermione
parecia um tanto aborrecida:
_
Eu estava dando conta muito bem da situação até ela chegar,
e não vi nada de tão especial assim! Com licença, vou procurar
Gina!
Harry
assistiu Hermione sair, fechando a porta da cabine com violência.
_
Quem é ela, Dino? - Neville perguntou.
Dino
olhou para todos e deu de ombros:
_
Eu não sei! Ela estava passando no corredor quando Crabbe e Goyle me
atiraram no chão.... ajudou-me a levantar e perguntou com aquele sotaque
estranho em que cabine eu estava...
_
E então...- Rony acompanhava cada palavra de Dino Thomas com muita atenção.
_
... então ela veio aqui e foi só.
Harry
estranhou. Lembrava-se claramente de que apenas um adulto viajara com eles no
trem de Hogwarts, fora Lupin, e isso havia sido dois anos antes. Será
que a estranha seria professora em Hogwarts? Harry duvidou: ao que ele se lembrasse,
haviam professores para todas as matérias, inclusive Defesa Contra as
Artes das Trevas (teriam aula com o verdadeiro Olho-Tonto Moody).
Nada
de mais extraordinário aconteceu na viagem para Hogwarts, e Hermione
só voltou para a cabine quando estavam quase chegando:
_
Se aprontem - disse ela, num tom perigoso - chegaremos em dez minutos... - (já
vestia o uniforme de Hogwarts com o brasão da Grifinória)...a
propósito....- e olhou para Rony e Harry muito séria - Simas Finnigan
e Parvati Patil estão de fato namorando.
Harry e Rony se entreolharam e caíram na gargalhada, incrédulos.
Como
fora em todos os anos, o trem chegou na estação de Hogsmeade e
as centenas de alunos da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts se acotovelaram
sobre a plataforma. Harry divisou, lá na frente, seu imenso amigo Hagrid,
que conduzia os assustados alunos do primeiro ano para a travessia do lago:
_
Harry - gritou-lhe lá da frente - olá! Vejo você mais tarde!
Harry
acenou alegremente para o amigo e dirigiu-se às carruagens mágicas
que levariam o restante dos alunos para Hogwarts. Não viu nem sinal da
mulher que haviam visto no trem. Hermione continuava de mau humor.
Em pouco tempo fizeram o caminho que os separava de Hogwarts, e então
o imenso castelo, com suas torrinhas e torreões, apareceu diante deles.
Era uma visão que Harry prezava muito. Logo subiam a imponente escada
que dava acesso ao interior do castelo, e a profª. Minerva McGonagall veio
encontrá-los no corredor:
_
Muito bem...sejam todos bem-vindos para mais um ano em Hogwarts. A cerimônia
de seleção terá início em poucos minutos, portanto,
dirijam-se para as mesas das suas casas em silêncio - falou, contemplando
um a um com olhos muito vivos e, demorando-se em Harry, falou:
_
Potter! Sofreu algum acidente nas férias? - completou, levemente surpresa.
Naturalmente,
a profª. percebera que o menino, com seu braço engessado, destoava
dos demais. Harry ouviu algumas risadas quando respondeu:
_
Sim...isto é....não foi nada de mais....
Mas
a professora agora o encarava com olhos muito inquisidores que pareciam dizer
tem certeza disso? Hermione olhava para ele com o canto dos olhos.
_
Eu fraturei o braço em dois lugares.... - Harry não iria falar
que um balaço o atingira - ....pensei que Madame Pomfrey poderia consertar...
_ É claro que pode consertar, Potter. Mas eu quero saber direitinho como isso foi acontecer. Agora - disse ela batendo palmas - todos para o salão!
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