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Nasce
em Montevidéu (a primeira de "suas cidades") em 11 de março
de 1941.
Deixa o Uruguai (belo e longínquo país) em 1968 (um ano para não
esquecer) e se muda para Madrid (lugar sem mar) onde vive três anos, aproveitando
a bolsa de estudos concedida pelo Ministério de Cultura de seu país.
Em
1971, fixa sua residência na Catalunha (banhada pelo Mediterrâneo)na
região do Maresme. Em 1976, muda-se para Barcelona (outra das "suas
cidades").
Em 1984, viaja para o Brasil, se estabelecendo em Fortaleza (agrega uma mais a "suas cidades"), no nordeste, em uma região indígena, e viva intensamente (como costuma viver) nessa localidade, durante doze curtos e longos anos. Nesse período, viaja por todo o Brasil e por vários países de América do Sul.
Volta a Barcelona em 1996, onde atualmente (2003) mora, dedicando-se plenamente
à pintura e à literatura.
Possui nacionalidade uruguaia e espanhola, e é brasileira de coração.
- Lendo os poemas de Margarita, lembro-me do admirável poeta português Antero de Quental, quando ia em busca daquele "Palácio encantado da felicidade".
José Ma. Moreira Campos
Escritor e poeta. Brasil, 1985.
- A poesía de Margarita Solari é mordaz, incisiva e possui em sua construção verbal o dom do imediato.
Os sentimentos expressados nela jamais se subordinam à convicção poética; é tão surpreendente como irónica, tão espontânea como ágil em seu desenvolvimento.
Estamos ante uma poesía não sujeita a escolas, capaz de converter, com extranha facilidade, o cotidiano num estado de fantasía.
Ramón Andrés
Escritor e poeta. Barcelona, 2002.
CURRICULUM-VITAE
A Gestaçâo - 1º Capítulo, de um total de dez, da narração "Curriculum-vitae" de Margarita Solari. Barcelona,2003. (Texto revisado por Neusa Ximenez, escritora.)
Fui concebida nos finais de outono, em uma madrugada fría e chuvosa, num quarto amplo, decorado harmoniosamente com cores vivas, onde o cheiro predominante era o de terra molhada. O ranger dos lençóis de cetim, o vento que balançava as cortinas e o vôo de um pássaro sulcando a janela à procura de um lugar seco onde se abrigar, misturavam-se com os sons ininteligíveis que se proferíam meus futuros pais.
O
quarto era tenuamente iluminado pela luz natural que chegava da grande janela
de onde se entrevía um amplo jardim nos fundos da casa. Vermelhos, rosas,
lilases, e algum verde musgo que apaziguava as cores cálidas.
Mais adiante, estalos de branco e prata provenientes dos reluzentes catizais
de prata que repousavam sobre uma das mesas e, quase tocando a porta que dava
ao corredor, uma sombra pronunciada, formando um triângulo alongado por
cima do mármore da cômoda, como um detalhe de um quadro de Vermeer.
Vinha correndo o espermatozóide de meu pai - ele sempre adorou a velocidade. Era, o espermatozóide, um exemplar esquisito, carregado de coisas incomprensíveis, inclusive para mim, atualmente. Tanto o óvulo como o espermatozóide produzíam cargas de grande energía. A tempestade se intensificou, um relâmpago iluminou o quarto sem que eles o percebessem, ou talvez sim - suspeito que para minha mãe não passou despercebido.
Na metade da corrida, o espermatozóide freiou, cheio de dúvidas - uma vez mais a ambigüidade do meu pai se fazia notar - mas o óvulo o atraía com tal ânsia, que quando o teve ao alcance, chupou-o na hora, vigorosamente - sempre certeira e impulsiva, minha mãe.
Em poucos minutos, a tormenta tinha se acalmado e caía uma chuva fina
e suave.
Desta maneira, empreendí o caminho à vida, dentro da bela e jovem
barriga de minha mãe. Agora era uma questão entre mim e ela.
Outros dados:
Fundou o Grupo Poesía Plural, em Fortaleza, Brasil, 1985 - 1996.
Recital de poesía "Um discurso sem método", na Casa Elizalde, Barcelona, 2000.
Recital de poesía no Palau Robert de Barcelona. Tres poetas uruguaias: Teresa Shaw, Margarita Solari, e Cristina Peri-Rossi, apresentadas por Neus Aguado e Carles Duarte, poeta e Secrétario da Presidência da Generalitat de Catalunya, em Barcelona, 2002.
Recital de poesía no Teatre Neu de Barcelona, organizado pela Editora Alternarrativa, Barcelona, 2003.