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ENREDADA
Por que diabo, quando vou me suicidar
lhe ocorre a idéia desse voar charmoso
na frente da minha janela?
Bate
as asas olhando para mim
perguntando alguma coisa.
Eu sei o que é.
Mas
você é um pássaro, só isso.
Estende um fio de ouro
e fico enredada nele.
Não
lhe farei caso
pedacinho de carne com penas
que em um instante se transforma em comida.
Gosto
de pensar que estou dentro de um caldeirão
num antigo filme de Tarzan
olhando a cara de desejo dos canibais.
Uma cabeça fervida não faz poemas.
PLENA DE AMORES
Amores passageiros
de umas horas, de uns días.
Amores
que não crescem
que não se transformam
que são só amores.
Amores,
que quando se vão
vêm outros.
Amores
que não ferem
que nos enchem de amor
para outros amores.
Amores
eternos amores
em minha solidão estou
plena de amores.
CALARAM AS VOZES
Calaram as vozes
ouviram-se rangidos e gemidos.
Vieram os vôos
o canto ferino dos pássaros.
O
homem, a formiga
o homem, os pássaros
o homem não entende
nem de cantos nem de grunhidos.
O
homem, o homem
o homem não entende
a linguagem do homem.
O homem está só.