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ROSÂNGELA SCHEITHAUER

OS MEUS MELHORES VOTOS

Durante todo o ano nós distribuimos votos para lá e para cá. Pensem nos votos que desejamos aos nossos entes queridos entra dia sai dia? Bom dia, boa tarde, boa noite. Desejamos aos amigos e parentes uma boa semana, um bom fim-de-semana, boas férias, feliz aniversário, felicidades no matrimônio, votos de saúde aos doentes.
Tantos votos para nós próprios e para as pessoas que nos circundam, nós lhes escrevemos cartões, mandamos faxes, e-mails, flores e presentes. Ou simplesmente falamos com essas pessoas ao telefone ou quando as encontramos pela rua, no supermercado, na escola, na igreja, no shopping.
A época mais cheia de votos é a do Natal quando todos querem ganhar ou receber alguma coisa. Naturalmente desejamos a todos um feliz Natal repleto de alegrias, muita paz e saúde. Depois vem os votos de ano novo, que ele seja repleto de realizações, sucesso e "muito dinheiro no bolso, saúde prá dar e vender". Muitas vezes tentamos até realizar os sonhos dos outros. Às crianças perguntamos o que querem que o Papai Noel lhes traga e estas escrevem listas com todos os detalhes sobre a mais moderna boneca, aquela que fala, dança, canta, faz xixi, ronca, faz tudo. Somos bombardeados com reclames pré-natalícios para já irmos pensando no que presentear os pais, os filhos, a esposa, a tia, os sobrinhos, a empregada, até o cachorro com certeza está na lista. Todo ano a novela se repete: o que dar para este ou para aquele? Mas será que isso eu já nao lhe dei no ano passado? Será que ela vai gostar do meu presente? E quando o receber será que nao pensará: "Nossa! Só isso?"
Nossas idéias para presentear estão se esgotando pois já presenteamos tudo o que podíamos e queríamos.
Não seria melhor começarmos a esquecer os valores materias? Será que não há outros presentes que não se compra com dinheiro? Sim, eles existem e para conseguí-los é necessário uma boa dose de trabalho, às vezes longo e penoso, dentro de nós próprios.
"Desejo tanto ser uma pessoa alegre, ter paz interior, ser amável, ser apenas uma boa pessoa". Já se desejaram isso?
Recentemente visitei uma escola para crianças com deficiência física aqui na Austria onde elas aprendem, através da ajuda de máquinas, a fazer as coisas básicas e mais simples para crianças normais. Aprendem a andar, pegar numa caneta, chutar uma bola, tomar refrigerante com canudinho. Na parede da escola notei um enorme girassol e em cada pétala estavam escritos os desejos dessas crianças para o menino Jesus (aqui eles não tem Papai Noel):
Quero ser capaz de subir o degrau da porta de casa sem ser ajudado por ninguem;
Quero aprender a comer com a colher;
Quero poder sentar-me e levantar-me da cadeira de rodas sózinho;
Quero brincar numa banheira cheia de água;
Quero ser capaz de levantar-me da cama sem a ajuda de minha mãe;
Quero aprender a correr.
O que voces desejam neste Natal?
Pensem bem, mobilizem todas as forças dos seus corações e façam-se votos de uma coisa que nenhum jornal irá anunciar: "desejo poder chegar ao coração das pessoas ".
Se toquei seus corações, este foi o meu voto para este Natal e eu estou feliz com esse presente!



ACHADOS E PERDIDOS

Cadê aquela minha camisa branca? Onde está o meu chaveiro? Meu livro de matemática sumiu! Estou procurando o jornal por toda parte! Quem tirou a minha boneca do armário? Cadê a minha gravata amarela? Onde estão meus patins? Onde? Onde? Onde?
Vocês já ouviram essas frases em suas casas?
Já se viram em situações em que estão concentrados em um trabalho e são interrompidos pelos gritos de alguém que não consegue encontrar aquela misteriosa coisa desaparecida? Comigo isso acontece com uma frequência ganhadora de record. Basta eu abrir um livro e estar totalmente envolvida na leitura quando sou brutalmente interrompida com o tradicional "Manhêee" porcurando alguma peça de roupa. Interessante notar que nunca chamam o "Paiêêê" quando procuram algo – é sempre a mãe ou esposa a "culpada" das coisas desaparecerem.
É ela quem guarda tudo, arruma as gavetas, guarda as roupas, limpa a escrivaninha, pendura as roupas nos devidos cabides, põe a tampa na pasta de dentes, coloca as meias sujas no cestinho, coloca tudo nos seus lugares. Será que os membros da família acham que quando saem para a escola ou trabalho a mãe ou esposa "esconde" seus pertences pela casa?
Será que esquecem que existe um armário onde estão todos os sapatos, um guarda-roupas para cada um onde estão suas roupas, um cesto onde estão todos os jornais e revistas, uma caixa onde estão todas as bonecas, cabides onde estão as camisas e gravatas – faz anos que isso é assim e nunca mudou.
E quem é que pensaria em colocar o sapato no cesto de jornais, a camiseta na escrivaninha ou a caneta no guarda-roupas?
Faz 17 anos que estou casada e durante todo este tempo o abridor de garrafas sempre foi guardado na primeira gaveta ao lado direito do armário da cozinha, porém toda vez que meu marido pega numa cerveja a primeira coisa que faz é perguntar onde está o abridor.
Será que é só a minha familia que não consegue aprender os devidos lugares das coisas após estas serem guardadas?
Tenho certeza que meu marido e filhos sabem exatamente onde elas estão, porém preferem acionar o "responde-automático" pois normalmente o que acontece é que a mãe aciona o seu "24-horas-por-dia serviçomático" e sai correndo pegar o procurado objeto que está bem alí onde sempre esteve.
Uma coisa me ocorreu neste instante: próxima vez vou tentar não reagir, vou ficar sentada na poltrona com o meu livro aberto e continuar com minha leitura para ver o que acontece. Estou certa que os meus queridos encontrarão seus "achados e perdidos" bem lá no lugarzinho onde sempre estiveram guardados.
Vamos apostar?


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