20/09/1999

NOTA: Este texto foi redigido antes da exibição do primeiro capítulo da novela.

 

TERRA NOSTRA: JÁ NÃO VIMOS ESTA NOVELA ANTES?

 

Estréia hoje, na Rede Globo, a nova novela das oito, 'Terra Nostra', que, como toda nova novela da Globo, tem a "missão de alavancar a audiência" de seu horário. A novela é um grande épico, abrangendo todo o século, girando em torno da imigração italiana no Brasil. Em meio a tudo isso, uma lacrimejante história de amor, envolvendo as personagens de Ana Paula Arósio e de um certo jovem ator que atende por Thiago Lacerda.

O texto é assinado por Benedito Ruy Barbosa - um quase setentão com fama de "manteiga derretida", visceral e sentimental, egresso da turma de Vianinha e Augusto Boal no teatro, e que, na televisão, criou sucessos como 'O Rei do Gado', 'Renascer', 'Pantanal', 'Sinhá Moça' e 'Os Imigrantes', e novelas não tão bem sucedidas como 'Vida Nova', 'De Quina pra Lua' e 'Voltei pra Você'.

Benedito, sem dúvida, é um grande - e ótimo - autor. Simples, generoso, talentoso, emocional e bem humorado, ele é considerado pela emissora uma "garantia de audiência fácil". Mas é bom lembrar que Aguinaldo Silva - autor de sucessos como 'A Indomada', 'Pedra Sobre Pedra' e 'Tieta' - também era considerado uma "garantia de audiência fácil", até sua recente 'Suave Veneno' se revelar um enorme fracasso de público e crítica, talvez até o maior fracasso de todos os tempos no horário das oito.

Aliás, quando a Globo lançou 'Força de um Desejo' - igualmente uma superprodução rural e de época, repleta de bons atores e transbordando romance, com a assinatura dos talentosíssimos Gilberto Braga e Alcides Nogueira -, todos tinham uma grande certeza: "Esta novela vai recuperar a audiência do horário das seis, após o fracasso do remake de 'Pecado Capital', e vai ser um enorme sucesso". Como sabemos, hoje, não foi isso o que aconteceu. 'Força de um Desejo', apesar de excelente em todos os sentidos, não atingiu boa audiência - pelo menos até agora.

A direção geral de 'Terra Nostra' é assinada por Jayme Monjardim, com direção dele, de Marcelo Travesso - aprendiz esperto do grande Jorge Fernando, com quem trabalhou em 'Era uma Vez...', 'Zazá', 'Vira-Lata', 'A Próxima Vítima' e 'Deus Nos Acuda', e filho do diretor de programação da Bandeirantes, Nilton Travesso -, e de Carlos Magalhães - parceiro de Monjardim desde os tempos de 'Pantanal', e que, na Rede Globo, dirigiu o programa de Angélica por um bom tempo.

Monjardim é um bom diretor. Detalhista e bastante preocupado com a qualidade final de seus trabalhos, é garantia de belas imagens na telinha. Mas, como ele mesmo reconhece, seu ritmo de direção é lento, lentíssimo. 'Chiquinha Gonzaga', dirigida por ele, pecou neste sentido: tudo era tão lento que chegava a ser entediante. E sabemos que os telespectadores de hoje, munidos do controle remoto, não têm mais paciência para tal ritmo. Aliás, boa parte do fracasso de 'Suave Veneno' se deveu às longas e entediantes cenas criadas por Aguinaldo Silva nos primeiros capítulos da trama - se é que aquela novela, um emaranhado de invencioninhes confusas, tinha "trama".

E falando em trama, não há como negar que a de 'Terra Nostra', de certa maneira, parece um remake condensado de 'O Rei do Gado', 'Vida Nova' e 'Os Imigrantes', do mesmo autor. Mas isso não chega a ser um problema. Quando a fórmula é boa, ela pode ser repetida inúmeras vezes, e, só para citar um exemplo, os sucessos rurais de Aguinaldo Silva, todos praticamente iguais, provaram isso.

Com certeza, 'Terra Nostra' tem tudo para ser uma bela e memorável novela. Mas é muito precipitado dizer que ela será um "sucesso".

 


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