Terça Feira, 23 de Julho

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(Bhagavad Gita - Karma Yoga)

Para obter a liberação, mediante o trabalho,
é necessário empreendê-lo sem desejos,
sem ansiar pelos seus resultados.
Uma obra assim, leva ao conhecimento
o que, por sua vez, produz a emancipação.
Abandonar a obra antes de *conhecer*, conduz à desdita.
O trabalho feito para o EU, não ocasiona prisão.
Não desejem o prazer nem temam
a dor consequentes do trabalho.
São a mente e o corpo que atuam, não nós.
Digam isso, incessantemente, e alcançarão a realização.
Tratem de não saber que trabalham.
    Façam tudo como um sacrifício ou uma oferenda ao Senhor.
Estejam no mundo, porém não pertençam e ele;
imitem a flor do lotus, cujas raizes estão no lodo,
porém ela se mantém sempre  pura.
Distribuam seu amor a todos,
sem levar em conta como eles o tratam.
Um cego não pode ver a cor, como podemos nós ver o mal,
a não ser que o tenhamos dentro de nós mesmos ?
Comparamos o que vemos fora,
com o que temos dentro e, de acordo com isso,
emitimos um julgamento.
Se somos puros, não podemos ver impurezas.
Elas podem existir, mas não para nós.
Vejam somente Deus em cada homem, mulher
ou criança; vejam através de *antarjyotis*
(luz interna) dessa forma não poderão ver
nenhuma outra coisa, apenas Deus.
Não desejem esse mundo porque
aquilo que se deseja, se obtém.
Busquem o Senhor e o Senhor, apenas.
Quanto mais poder há,
maiores os elos que aprisionam e maior o temor.
Quanto mais covardes e infelizes somos do que a formiga.
Abandonemos tudo e entreguemos ao Senhor.
Busquem a ciência do fazedor e não a do feito.
    "Eu sou o agente e a ação".
"Aquele que pode dominar a corrente da luxúria
e da ira, é um grande yogi".


"Só pela prática e pelo desapego
podemos conquistar a mente".
Nossos antepassados hindus, se sentavam
e pensavam em Deus e na moralidade;
também nós, temos cérebros com os quais podemos
chegar aos mesmos fins;
porém em nossa corrida  para obter ganhos,
estamos expostos a perdê-los de novo.


    O corpo tem em si, certo poder de curar-se
e são muitas as coisas que podem despertar
e por em ação, esse poder curador, tal como
as condições mentais, as medicinas, o exercício, etc.
Enquanto estamos incomodados pelas condições
físicas, necessitamos do agente dos auxílios físicos.
Até nos livrarmos do cativeiro dos nervos,
temos que fazer caso deles.
    Existe a mente inconsciente, porém está abaixo
da consciência, que é uma parte do organismo humano.
A filosofia se compõe de conjecturas acerca da mente.
A religião se baseia no sentir e ver,
as únicas bases do conhecimento.
Chamamos de *fato* ao que entra em contacto
com a mente supraconsciente.
Aptos são aqueles que *sentiram* a religião.
A prova de que isso é verdade, consiste em seguir
um método; vocês constatarão por si mesmos.
Cada ciência requer seu próprio
método particular e seus instrumentos.
Um astrônomo não pode mostrar-nos
os anéis de Saturno, com a ajuda dos petrechos
de cozinha; precisa e um telescópio.
Do mesmo modo, para ver os grandes fatos da religião
deve ser seguido o método daqueles que o viram.
Quanto maior é uma ciência,
mais variados são os meios para estudá-la.
Antes de entrarmos no mundo, Deus nos havia dado
os meios para sair dele; por conseguinte,
a única coisa que devemos fazer, é encontrá-los.
Mas não discutam acerca dos métodos.
Busquem, apenas, a realização e elejam o método
que pareça mais propício para cada um de vocês.
Comam as mangas e deixem que os outros
discutam sobre os cestos.
Vejam o Cristo, então serão cristãos.
Tudo o mais são palavras
e quanto menos palavras, melhor.
    A mensagem faz o mensageiro.
O Senhor faz o templo e não o contrário.
    Aprendam até que a glória de Deus brilhe através
de seus rostos, como brilhou no rosto de Svetaketu.
(o discípulo do grande sábio Probahana).
    O choque de umas conjecturas contra outras,
constitui a luta; mas, falando do que se viu,
não haverá coração humano que resista.
Paulo foi convertido contra a sua vontade,
por sua realização.
 
 
 

Tarde

    A ilusão cria a ilusão.
A ilusão se cria por si mesma e, a si mesma
se destrói; assim é Maya. Tudo o que
chamamos de conhecimento,
está baseado em Maya, constitui um círculo vicioso
e, com o tempo, esse mesmo conhecimento destrói a si mesmo.
*Solta a corda*; a ilusão não atinge o Atman.
Quando nos mantemos presos à corda,
nos identificamoscom Maya e esta tem poder sobre nós.
Abandonen-na; sejam somente a Testemunha,
e poderão então admirar,
sem sofrimento, o panorama do universo.